quinta-feira, 25 de julho de 2013

O atraso

Tenho esse aluno muito coxinha que trabalha ali na Faria Lima. Pra quem não conhece, essa avenida é um inferno. Ela tem mais prédios comerciais que consegue suportar e o trânsito ali muitas vezes é impossível. Pra eu chegar na aula desse aluno pego a Faria Lima quase de ponta a ponta. Por causa do trânsito, às vezes não adianta sair de casa com antecedência: invariavelmente eu vou chegar em cima da hora.

Ontem eu cheguei atrasada. Tipo vinte minutos. O trânsito não andava desde a esquina de casa. Comecei a me desesperar. O aluno me mandando mensagens "vai conseguir chegar?"
Eu me desesperei ainda mais. Mandei mensagem avisando que descontaria esse tempo da mensalidade, pedi mil desculpas, disse que compensaria esse tempo depois. Ele é super certinho, devia estar emputecido.

Cheguei na aula, o aluno entra na sala sorrindo e fala "Calma, teacher, calma que seu atraso não tem problema algum, eu entendo!"

Ele quase ganhou um abraço. :)

É bom quando as pessoas são compreensivas. Empatia é quase amor.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Brevíssima retrospectiva

Sou uma das últimas 20 pessoas na internet que ainda tem blog diarinho? E que ainda atualiza o blog (não posto regularmente, mas posto)? Acho que isso mostra o quanto eu sou anacrônica com algumas coisas. As pessoas têm tumblr, usam o Vine, fazem videologs e usam o Twitter loucamente. Eu uso o Facebook, de maneira moderada. Uso o Twitter de uma maneira super bipolar. E escrevo aqui. Ontem eu me encontrei com duas moças queridas que conheci por causa do meu blog - isso ainda existe. Lá em 2007, quando comecei a escrever aqui, elas liam meu blog e eu lia o blog delas. Hoje em dia elas não têm mais blog, nem ligam pra isso, eu acho. Uma tem tumblr, a outra nem isso. E eu aqui, ainda registrando pensamentos aleatórios para minha meia dúzia de leitores. Será que parei no tempo?

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Desde 2007 eu vivi poucos amores. Mas bem frutíferos. Um que me fez mudar minha maneira de ver a vida, outro que me ajudou num momento muito difícil, e meu marido, amor da minha vida, que está comigo até hoje (e que continue assim amém). Meus amigos são os mesmos, com a benção de Nosso Senhor das Amizades Verdadeiras. Fiz amigos novos, é claro. Mas aqueles de anos, aqueles que uma vez me disseram que iam sair da minha vida (ah, aquela fase da stalker maravilhosa), eles continuam aqui. Sou feliz com as amizades que conquistei na minha vida. Cada uma delas. Sou feliz porque conquistei essas amizades e porque soube mantê-las - mesmo com tudo o que já me aconteceu. Acho isso uma coisa linda, mesmo. Amizades que sabem passar pelas dificuldades junto. De 2007 para cá eu soube quem é meu pai, eu fiz exame de DNA, eu conheci a família que não é minha de sangue, mas que me adotou - mesmo depois de velha. Eu perdi contato com muitas pessoas. Ainda não aprendi a "let go". Estou aprendendo, é uma luta diária. Ainda questiono todos os por quês do mundo. Das minhas relações. Ainda sou uma pessoa que pensa demais. Que analisa demais. E vejo que essas são características minhas - que não têm nada a ver com maturidade. Em 2007 eu tinha uma mãe meio ausente e muito brava, hoje em dia tenho a mãe mais doce do mundo. E presente. Perdoar é bom, viu, gente. Perdoem. E apesar d'eu saber que o perdão é bom, ainda não soube perdoar meu pai biológico. Um dia, quem sabe. Ainda não resolvi minhas questões com meus irmãos por parte de pai. Um dia, quem sabe. Mas superei câncer. Superei problemas sérios. Superei uma fase horrorosa no ano passado. Desde 2007 eu digo que minha palavra é resiliência. E continua sendo.