quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Reencontrar, pra quê?

Eu gosto de reencontrar amigos e amigas, pessoas que foram próximas de mim. Mas não sou a favor de reencontro de colégio, por exemplo. Já tive a minha fase de ir a reencontros só pra tombar com a gente horrorosa que me tratava mal, mas isso passou. Ótima fase em que me achei muito bonita e fiz a Tieta retornando ao sertão, de echarpe ao vento, várias vezes. Agora, pra mim, isso não faz mais sentido. Digam que é frieza, e pode até ser um pouco, mesmo. Mas pra que eu vou agitar reencontro com as loucas que estudaram comigo há mais de 15 anos? Qual é a necessidade disso? Marquei um reencontro há dez anos, e as pessoas reclamaram que marquei em "lugar gay". Me desculpe, kiridinha, mas reencontro no Habib's é coisa de gente uó, e eu sou apenas maravilhosa.

Tive a fase da dança de salão e eu tinha uma turma grande lá. Sempre soube que daquelas 20 pessoas, só umas 3 ficariam em minha vida, se muito. Foi exatamente isso, ficaram três, um é um irmão pra mim, mas aquele montão de gente a vida levou. A vida leva mesmo. E as afinidades vão se tornando cada vez menores. Era um grupo bem heterogêneo e cheio de coisinhas que me incomodavam, mas era divertido estar com as pessoas. Mais que isso, eu precisava estar com pessoas naquela época. Aí comecei a namorar, casei, e tudo seguiu. Eis que sei lá por que caralhos o grupo da dança está querendo voltar aos velhos tempo. Thanks, but no thanks. Meu amor pela dança será eterno, mas já passei da idade de ter turma grande seja onde for.

Não tem como resgatar uma fase que passou há tanto tempo. Simplesmente não tem. Pessoal do colégio fica lá no Facebook delirando falando pra marcar reencontro e eu só penso "kenhe voseeeeeeeee kiridinha?". Não lembro de metade das pessoas de lá. E quando mandam "saudade"? Sério, galerinha? Saudade de que, exatamente? Eu sinto saudade das minhas amigas próximas da época, e só. De resto, não foi um tempo bom pra mim. Saudade meu cu de azul. E as doidas do grupo da dança mandando que têm saudade de todos? Brother, nem, hein. Tô de boas disso aí que vocês tão sentindo.

Podem me chamar de azeda. Mas acho que seria bem melhor pra todos se as pessoas vissem que grupos grandes não evoluem juntos. Que são poucos os que ficam - então vamos gastar energia com quem vale a pena? Nem tô a fim de ir e fazer cara de quem está se importando?

Vamos desapegar desse passado aí, mores. Vamos deixar passar.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A saga dos exercícios físicos

Mentira, se fosse uma saga eu estaria ao menos feliz com a aventura e ainda poderia contar minha história cantando, e com a barriga sarada. Mas não é saga, nem aventura, nem epopéia, é só tristeza mesmo. A tristeza de sempre achar que ficar em casa vale muito mais do que sair pra fazer exercícios. Couch beats gym, sempre. Eu tentei, hein. 3 meses de academia em 5 anos, 4 aulas de yoga, zumba em casa, Focus T25 em casa. Se tivessem me mandado estudar matemática talvez eu tivesse melhores resultados.

Academia é a coisa mais chata da face da terra. Fico irritada com a música, com a galera que se olha no espelho o tempo todo, com os caras que levantam peso e fazem barulhos que levemente me lembram o de atores pornôs na hora do orgasmo. Eu fico morrendo de vontade de rir. Sem contar as fias que vão pra academia com umas roupas que deixam os peitos quase todos de fora, calças atochadas e etcs. Numa muito boa, se for pra ver pata de camelo marcada na calça, peitos quase de fora e homens fazendo barulho de orgasmo eu prefiro ver pornô em casa, o que nos leva à minha afirmação do parágrafo anterior: sofá 1 x 0 academia.

A yoga eu realmente achei que fosse rolar. Pffffffffff, brinks, não achei, mas o importante é acreditar, já dizia a Xuxa. Na quarta aula eu percebi que a yoga despertava o pior em mim, e que toda aquela calma e aquele monte de respiração e paz interior tinham o efeito inverso. Fiquei com medo de me tornar psicopata. Minha vontade era falar "vamos agitar esse treco, bota uma Beyoncé aí, um Bollywood, vamos fazer uma dança indiana, chega dessa merda toda de ficar nessa posição duas horas morrendo de dor". Desisti, claro.

Exercícios em casa são legais, e foi o que mais gostei até o momento. Mas com o hipotiroidismo nas alturas, quando estou em casa eu só quero me sentar e ficar contemplativa, olhando pro infinito, sem mexer nem no controle remoto.

Aí na semana passada eu fui fazer uma aula de crossfit. Uma excelente ideia para quem é sedentária, realmente eu me superei nessa empreitada. Acabou a aula, eu não terminei o treino, e minha vontade era de me deixar cair no chão feito maria mole, espatifada, e aí chorar de boca aberta. Aquilo não é coisa de quem tem mãe, gente. É coisa de quem foi criado por um militar. É sofrimento. Tem gente que vomita. Como querer, de livre e espontânea vontade, ir num lugar onde algumas pessoas vomitam por causa do treino, outras têm vertigem, e outras querem chorar jogadas no chão, enquanto chamam pela mãe? Sandra de Sá ensinou a todos nós e devemos levar a sério: EU NÃO TÔ AQUI PRA SOFRER.

Ainda não desisti do projeto crossfit, porque entre academia e crossfit, fico com o último. Mas hoje eu me lembrei de dois tipos de exercícios que dão um excelente condicionamento: tecido acrobático e pole dance. Podem rir. Sei que amigas minhas vão achar absurdo eu pensar em pole dance. Mas eu só penso que é um tipo de dança, que vai me permitir treinar força e equilíbrio e vai me dar tônus. É só isso.

Vou testar as duas coisas essa semana. A vantagem de qualquer um dos dois é: se tudo der errado, ou eu fujo com o circo, ou viro stripper. E na vida, não há nada melhor do que ter opções de futuro.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Lista de livros

Na semana passada rolou um meme no Facebook, onde um amigo marcava seu nome e você deveria fazer um post com os 10 livros que mais marcaram sua vida. Ninguém me marcou pra eu fazer minha lista, mas em vez de fazer a *magoada* lá no Facebook, vou é colocar minha lista aqui - com mais de 10 livros, porque yo soy rebelde.

1. Reinações de Narizinho, Monteiro Lobato. Foi o primeiro livro muito grande que eu li, eu devia ter uns 8 anos. Eu retirava livros na biblioteca com regularidade, e embora isso seja visto como coisa de criança nerd, na minha escola isso era normal. Eu amava a turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo, muito!

2. Alta fidelidade, Nick Hornby. Foi o primeiro livro mais pop que eu li. Quem me falou sobre o Nick Hornby pela primeira vez foi o Marco Aurélio, com toda a delicadeza do mundo ele disse algo como "lê esse autor que você vai amar, caralho". Verdade, eu li e amei e li muitos outros dele. Alta fidelidade ficou marcado por ser o primeiro e por ter frases geniais como "você ouvia música pop porque estava triste, ou estava triste porque ouvia música pop?". Esse livro também me fez parar para refletir sobre preconceitos musicais e literários, e toda vez que eu começava a pensar em "nossa, mas fulano gosta DISSO?" eu pensava em Rob Fleming e como ele foi pedante em vários momentos do livro.

3. A insustentável leveza do ser, Milan Kundera. Virou meu mundo amoroso de cabeça pra baixo e nunca mais eu olhei para homens e encontros com os mesmos olhos. Valeu, Tomas, pela sua teoria dos 3 encontros ou 3 semanas. Valeu mesmo.

4. As Brumas de Avalon, Marion Zimmer Bradley. Li os 4 livros umas 3 vezes. Minha tia falava muito da Morgana quando eu era criança e eu ficava super curiosa pra ler. Mas ela dizia que era livro de adulto. Aí com uns 19 anos, me achando muito adulta, eu li. E não consigo nem descrever o fascínio que essa saga despertou em mim. Eu vivia Rei Arthur, eu respirava Lancelot, eu amava Morgana, eu desprezava Gwenwyfar (Guinevere, aquela desenxabida). Por anos meu ideal masculino foi o Lancelot. Eu chorava porque queria ir pra Inglaterra, tentar descobrir onde era Avalon, e não tinha como por motivos de não tinha dinheiro.

5. As crônicas de Artur, Bernard Cornwell. Bernard é um historiador que retratou a história de Artur de maneira mais direta, menos mística, mais real, mais suja e fedida. Porque naquela época, geral era fedido mesmo. Mas Bernard, esse danado, escreve tão bem, mas tão bem, que só ele fez meu amor por Lancelot acabar. Larguei de mão. Bernard abriu meus olhos pra verdade: Lancelot era um bundão, um manipulador mesquinho. Bom mesma era sabe quem? Artur. Artur era um homem de honra. Um homem de verdade. E, ainda por cima, escovava os dentes e era limpinho. Até hoje acho que Artur era O cara.

6. A hora das bruxas, Anne Rice. É, pessoal, eu curto um misticismo, uma bruxaria, uns espiritinhos dominando a parada. Não vou negar. A saga das bruxas Mayfair também me deixou loucona, eu pensei até em me mudar pra New Orleans. Cheguei a ver programa de bolsa da faculdade e coisa e tal (ainda bem que não levei adiante, pois uns anos depois rolou o Katrina). As bruxas, o espírito maligno Lasher, que dominou as bruxas por séculos, gentê. Morri mil vezes por essa trilogia maravilhosa. A Anne Rice pirou o cabeção, eu sei. Mas acho que ela nunca foi boa das ideias, é só pensar nos livros que ela escreveu. De qualquer maneira, Anne mora em meu coraçãozinho.

7. Capitães da Areia, Jorge Amado. Chorei, como chorei com esse livro. De soluçar. Foi o livro que me fez ter vontade de ir pra Salvador.

8. Cem anos de solidão, Gabriel García Marquez. Por que eu li esse livro a primeira vez? Porque minha mãe me disse que chegou a pensar em me chamar de Amaranta, de tanto que gostou desse livro. Atiçou minha curiosidade. Quem seria Amaranta? Uma grande heroína? Foi uma decepção descobrir que ela era a personagem que ficou pra titia, e ficou tão pra titia que sentia desejo pelo sobrinho. Aí foi lá e queimou as próprias mãos. Amaranta era amargurada. Apesar de não entender o que leva uma mãe a querer esse nome pra filha (mas gente, não pensou que o nome podia trazer pra filha toda a vibração amarga da personagem? Não? Eu que sou doida? Eu jamais chamaria minha filha de uma personagem que morreu com o útero seco sem nunca ter trepado). A verdade é que eu fiquei tão fascinada pelos Buendía, inclusive pela Amaranta, que li e reli esse livro já umas 3 vezes. Que livro lindo, que história linda, Gabo, eu te amo.

9. O amor nos tempos do cólera, Gabriel García Marquez. Essa história. Esse livro. Florentino dizendo que todos os amores vão pro caralho e eu chorando e pensando "é verdade, Florentino, é verdade". Li na pior época amorosa da minha vida - na verdade, época não amorosa. Foi um sofrimento enorme, mas eu precisava ler tudo e expurgar meu desamor, eu precisava concluir que jamais queria esperar por alguém por mais de 50 anos. Eu chorei de doer o corpo com esse livro, mas foi uma das leituras mais importantes da minha vida. Ninguém merece ser Florentino Ariza.

10. Crônica de uma morte anunciada, Gabriel García Marquez. TALVEZ eu goste muito do Gabo, só talvez. Esse livro é GENIAL. Tipo, de verdade, e não o genial super usado de hoje em dia, em que café de coador é genial. Tô falando aqui de uma história que começa pelo fim e te prende e você quer investigar e ufa! Livro maravilhoso, faça um favor a você mesmo e leia esse livro.

11. Incrivelmente alto, extremamente perto, Jonathan Safran Foer. Que.livro.lindo.puta.merda. Eu não sei se eu chorei mais pelo menino ou pela mãe do menino, só sei que chorei muito, e quando vi o filme chorei mais. Talvez seja um dos filmes em que chorei mais. Meu marido disse que esse é campeão junto com "Não me abandone jamais".

12. Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis. Outro livro que achei genial, mas genial de gênio mesmo, d'eu parar pra refletir sobre o livro, durante a leitura, e pensar que o Machadão era tipo fodido de maravilhoso. A narrativa é incrível, e a ironia, ah, a ironia. Por que coxa, se bonita; por que bonita, se coxa?

13. Stardust, Neil Gaiman. Fábula liiiiinda, com uma personagem principal desbocada e impaciente. Eu me identifiquei muito com Yvaine. S2

14. O guia do mochileiro das galáxias, Douglas Adams. É tipo Monty Python, em livro. E tem frases memoráveis. E tem golfinhos que são mais inteligente que os homens. So long and thanks for all the fish. Tem a resposta para o sentido da vida, do universo, e tudo mais. E a resposta é 42 e ninguém sabe por que. Eu só odeio porque eu emprestei meu livro prum amigo, aí ele casou, se mudou e nunca devolveu meu livro.


Certeza que tem mais. Eu sempre li muito, mas de uns anos para cá, eu deixei de ler. Tenho lido bem pouco. Não dou conta de trabalho, casa, comida, trabalho, vida pessoal, seriados. Mas não estou feliz com isso, sinto que estou emburrecendo. Será que estou emburrecendo? Por um tempo eu cheguei a achar que não conseguia mais ler livros. Eu me distraía com tudo, tudo mesmo. Aí um amigo meu me disse que eu não devia me cobrar, porque se é algo que eu realmente amo, uma hora eu voltaria a ler muito. Porque tudo são fases, e não adianta me forçar a nada. Ele tem razão. Mas eu sinto falta de me apaixonar por uma história. Por um personagem. De enlouquecer e querer ir pro lugar onde a história se passa.

E vocês, têm uma lista de livros marcantes?