segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Novo lema de vida

Entro na parte de auto-atendimento do Banco do Brasil com o escudo anti-humanos ligado: fones de ouvido. Termino uma ligação assim que entro no banco, e sigo ouvindo música. De repente sinto um vulto ao meu lado esperneando e gesticulando, olho pro lado, é uma véia loka (trade mark pending) gritando comigo. Tiro um fone, olho com cara de Odete Roittman, e ela diz que estou usando celular, é proibido por lei, estou colocando a vida dela em risco.
- Minha senhora, menos loucura, por favor, estou ouvindo música.
- Mas o celular está ligado! Você está falando!
Ela dirige-se à segurança e começa a gritar com a moça também.
- ELA ESTÁ QUEBRANDO A LEI, ESTÁ USANDO CELULAR.
A segurança faz o seguinte: nada.
A véia loka (TM) volta pro meu lado e fica bufando. Eu apenas saco o celular da bolsa, mostro a tela pra ela e falo pra ela respirar fundo, que o surto vai passar.
Vou até a segurança apenas pra esclarecer que eu estava ouvindo música. Ela olha pra mim com cara de sono e diz:
- Moça, eu não falei nada, nem abri minha boca, nem vi nada, e o que mais tem aqui é gente descompensada.
Saí do banco com duas certezas.
A primeira é que o mundo está cheio de gente descompensada.
A segunda é que tudo o que eu quero na vida é essa paz de espírito da segurança do banco. Novo objetivo. Novo lema pra tudo:
"Eu não falei nada, nem abri minha boca, nem vi nada, e o que mais tem aqui é gente descompensada"
OOOHMMMMM

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Eu quero ler. Mas também quero assistir "The Good Wife" porque estou apaixonada pelo Will Gardner. Mas não tenho tempo de tudo. Também quero escrever uns textos. E também quero ler. Ah, também quero assistir "The Good Wife" porque estou apaixonada pelo Will Gardner. Queria escrever uns textos. E também colocar todas as notas fiscais da semana na planilha. Mentira, isso eu não quero, mas tenho que fazer. Aí penso que quero ler. E assistir. E escrever. E ler. E assistir. E escrever. Ler. Assistir. Escrever.

E essa é a minha vida.

A ala geriátrica

Hoje, pra variar, fui ao Mercado de Pinheiros. Chegando ao meu box favorito (Entreposto da Feijoada ♥), o espaço diminuto estava lotado de hipsters. Em 5 segundos eu resmunguei uma ladainha inteira na minha cabeça. "Esse pessoal metido a moderno, vai hipsterizar "meu" mercado, afff, gente uó, VAZA, SAI DAQUIII".
Nem vou me desculpar por todo esse resmungo porque, vejam bem, ele aconteceu na minha cabeça, ninguém ouviu, e eu nenhum hipster foi machucado nesse processo. Vocês só estão acessando meus pensamentos porque eu estou contando eles aqui.
Pois bem. Tô lá poderosíssima comprando tapioca granulada e queijo coalho, quando um hispstey DE COQUE chega pra mim e fala:
- Nossa, moça, me fala o que você vai fazer com esses ingredientes? Fiquei curioso. Que receita é essa?
E aí, nos mesmos 5 segundos em que resmunguei mentalmente xingando a grande, porém jamais mainstream, nação hipster, imediatamente parei de achar ruim aquelas presenças e comecei a explicar detalhadamente pro moço como fazer dadinhos de tapioca com queijo coalho. No fim, tinham uns 3 em volta, ouvindo a explicação.
Foi aí que caiu a minha ficha de que eu estou lentamente adentrando a ala da geriatria, e aos poucos estou me tornando aquela tiazinha que passa receita aos jovens, não sem antes ter amaldiçoado a todos eles mentalmente, porque o que esses jovens estão fazendo aqui no *meu* mercadinho do bairro?
Será que aos poucos eu me tornarei a minha avó?

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Concorrência desleal

Acabo de ver um curso de inglês online que cobra 59 reais por mês. 59 FUCKING reais por mês. Isso é menos do que a hora/aula que eu cobro. Esse curso é um "braço" de uma editora gigantesca, que investiu e criou um sistema de ensino todo automatizado.

Como concorrer com isso?

59 reais, meu povo. É o valor de um jantar, é o valor de umas biritinhas. 59 reais é dinheiro de pinga. Não tenho como competir com isso.

Tá foda, Brasil.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Tem horas em que você para e reflete. E se auto-analisa. E vê que putz, tá bom não. Tá legal não. Tu não tá fazendo nem 1/10 do que deveria, e, embora parte disso seja compreensível, há uma parte que não é porque ela se resume a: você perde tempo com coisas bobas. E o Triângulo das Bermudas da falta de produtividade, para mim, é o Facebook.

Eu acabo escrevendo muitas coisas lá, coisas que eu poderia escrever aqui. Eu percebi que eu realmente não consigo ficar sem escrever, seja onde for. E lá é fácil, as pessoas estão lá, e eu não divulgo esse blog porque é tão pessoal que chega a ser vergonhoso. E lá vai um texto, um textão, uma semi-crônica, uma reflexão. Um comentário no grupo de professores de inglês, um começo de discussão por conta desse comentário. Aquele texto sobre a Dilma, aquele texto sobre depressão, aquele texto sobre vícios, aquele texto. Vídeos de gente engraçada, comentários, mais vídeos, e quando eu vi eu estava soterrada num mundo que não é o meu.

Recentemente um amigo falou "amor, você está gastando energia demais com coisas desnecessárias". Eu não desprezo o mundano, sabem. O mundano faz parte, as frivolidades idem. Mas quando isso está te atrapalhando e fazendo que seus níveis de procrastinação estejam tão altos quanto a poluição em Pequim, é porque chegou a hora de admitir: você tem um vício.

E resolvi gritar um SÓ POR HOJE, e desativei minha conta de lá, temporariamente.

Não acredito em dieta detox mas estou num detox do Facebook. Primeiro dia: fiz em 4 horas o que não fazia há dias. Segundo dia: nada de mais porque fiquei muito ocupada, mas li. Livro. Algo que eu não fazia há muito tempo. Terceiro dia: pretendo ir passear no Centrão porque tirei o dia de folga. Quarto dia: pretendo trabalhar e render no meu trabalho.

E assim por diante.

Uma vez fiz isso com o Twitter e funcionou. Nunca mais eu tive o mesmo hábito doentio de ler tweets compulsivamente. Vamos ver se agora conseguirei ser resgatada do Triângulo das Bermudas da Produtividade e começar a colocar minhas ideias de dominação mundial em prática.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Eu não vou dizer adeus

Eu ainda não sei como me despedir. Adeus me parece muito definitivo, e até logo me parece fatalista demais - eu ainda quero passar um tempo nesse planeta, ainda que eu ache que a humanidade não vale tanto a pena assim. A verdade é que religião nenhuma prepara a gente de verdade para a morte. Ou eu é que não aprendi a lição direito. Anos e anos de centro espírita me ensinaram sobre reencarnação, sobre karma, sobre ninguém partir sem ser a hora certa, sobre as escolhas que os espíritos fazem antes de reencarnar - e, acima de tudo, que a morte não é um fim. Isso tudo com certeza ajuda, mas ninguém me ensinou a lidar com a partida em si. Com olhar para um caixão e pensar que ali dentro está o corpo de um amigo. Não aprendi a confortar quem fica com palavras, porque não sei nem o que pensar, quem dirá o que dizer. Não me ensinaram a lidar com os primeiros dias de ausência, de pensar que aquele amigo não está mais ali.

Há um mês mais ou menos, eu só consigo pensar no quanto a vida é frágil. É um sopro, apenas, um momento breve no meio de toda a história do universo. A fragilidade da vida parece apenas nos mostrar que ela é insignificante. Mas não é. Não é para quem sofre, não é para quem se vai, não é para quem fica. Anos e anos de religião e realmente não sabemos como lidar com a morte. Anos e anos de medicina e ainda não sabem como lidar com o câncer.

Sei que tudo é um ciclo, e o seu, infelizmente para quem fica, terminou. Eu lamento as viagens que pensamos em fazer e não fizemos. Lamento não ter visto mais você, nem te dado um abraço ainda mais apertado da última vez em que nos vimos. Lamento não ter estado mais próxima, ainda que você não quisesse muita proximidade nesses últimos tempos. Eu lamento o tempo perdido, as ligações não feitas, mas você partiu sabendo o quanto nós todos te amamos. Nessas horas parece que bate todo um arrependimento pelo que não foi, pelo que nunca vai ser, pelo tempo que não volta; mas a verdade é que nosso coração esteve contigo o tempo todo.

Você viverá pra sempre em nossas lembranças, amigo. Não tem como esquecer da sua alegria, das suas danças, da sua voz, da sua presença tão solar - o amor da sua vida te definiu assim, e não há realmente melhor definição. Seu tempo foi curto, mas a marca que você deixou é eterna. Eu não vou dizer adeus pois vamos nos reencontrar. Eu não vou dizer adeus porque você deixou um pouco de ti em cada um de nós. Eu não vou dizer adeus porque sei que sua ausência física não será para sempre. E nossos corações estarão sempre com um pouco de você ali. Uma hora a gente se vê de novo, amigo. Bom descanso, e te amamos muito.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Três semanas de um curso duas vezes por semana, um recente vício em Gossip Girl, e eu me vi sem tempo para nada. Isso de estudar, mesmo que seja duas vezes por semana, é muito cansativo. Fico pensando como pessoas da minha idade fazem faculdade, porque olha, gente, que canseira. Claro que aí entra a minha rotina insana, em que eu ando a cidade toda pra dar aulas, administro minha empresa, coordeno professores, preparo aulas, cuido da casa, e por aí vai. Claro que adicionar mais um compromisso vai me deixar zureta. Mas valeu a pena! Foi um curso para professores de inglês, com um dos meus ex tutores do CELTA. Ele é muito, muito competente e deu pra aprender e refletir muito. Sexta vou a uma palestra do outro ex tutor, que é meu amigo, e é um dos profissionais mais reconhecidos na minha área - e assim, com curso e palestra bacana, posso dizer que maio está sendo excelente. A nerd em mim está satisfeitíssima.

Gossip Girl, obviamente, não tem nada com isso. Eu comecei a assistir porque uma amiga que assistiu umas temporadas de Pretty Little Liars - PLL para os íntimos, e disse que GG é ótimo porque é cheio de romance e intrigas. Resolvi dar uma chance, tinha um pouco de preconceito. E amei. Já estou na terceira temporada - descobri que o Netflix funciona bem na internet do meu celular, então eu sou aquela pessoa que está almoçando no quilão com o celular encostado no vidro de azeite, fones de ouvido, e atenção todinha voltada pra vidinha riquíssima do pessoal do Upper East Side. Ajuda o fato de ser em NY, e ajuda o fato dos personagens serem muito bem construídos. Eu amo/sou Rufus, o pai do Dan e da Jenny. E amo/sou ele com a Lilly. Infelizmente já estou naquele ponto da vida em que me identifico mais com os casais mais velhos, dos pais. O legal é ver que não importa a idade, não importa quantos milhões na conta, pessoas serão sempre pessoas. Romances serão sempre romances, as inseguranças sempre existirão, as dúvidas e poucas certezas idem, e as intrigas idem. Embora as intrigas em GG estejam num nível muito mais alto.

Podemos concluir que minha onda são esses seriadinhos de adolescentes. Adoro mesmo. Justamente porque, no fundo, muda o cenário, muda a idade, muda o tanto de dinheiro que pode ser gasto, mas os conflitos, ah, os conflitos. Eles sempre estarão lá.

Vou ali terminar meu episódio de GG, terminar as obrigações de trabalho, e outro dia eu falo mais sobre GG e PLL.


terça-feira, 28 de abril de 2015

Ocitocina e o aconchego

Usei esse TED talk em umas duas aulas, e cada vez que assisto a ele mais uma vez, fico mais encantada com o funcionamento do nosso cérebro e do nosso corpo.
Basicamente ela fala que o estresse é prejudicial só se você acreditar que ele é prejudicial, e mesmo que isso pareça balela de auto-ajuda, há uma pesquisa científica que prova isso.
Mas a parte mais fascinante é como a ocitocina é fundamental para lidarmos com o stress. A ocitocina é um neuro-hormônio produzido pela glândula pituitária, no hipotálamo, e é conhecida como o "hormônio do amor", porque ela é liberada quando abraçamos alguém, por exemplo.
No entanto, a ocitocina é também um hormônio liberado em situações de stress. Ela faz você querer contato físico. Sabe quando você está loko loko loko do koo, a vida está ruim, e você procura pessoas que você ama pra desabafar, procura um abraço, um colinho, um ombro amigo? Isso é um mecanismo do corpo, é a ocitocina agindo pra que você reaja de alguma maneira e se acalme.
O coração tem receptores para esse neuro-hormônio, então quando a gente está lá, lokona com rímel borrado escorregando pela parede e com o coração aceleradão por causa do stress, a ocitocina vai lá, fala pro coração que tudo vai ficar bem, e ajuda células a se regenerarem e se curarem de qualquer dano que o stress possa ter causado. A ocitocina é responsável por nos tornar empáticos, e preocupados com os outros.
Então podemos dizer que um abraço naquela hora de tristeza ou de stress realmente acalma o coração. Cientificamente acalma o coração. O chamego num momento difícil, o ombro amigo silencioso e presente, o colo naquela hora de desespero - tudo o que procuramos nesses momentos, e que achávamos que era algo social, não é somente. É o nosso cérebro querendo nos ajudar, é a ocitocina querendo ir acalmar o coração.
Se isso não é bonito pra caralho, não sei mais o que pode ser.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Paga baratinho, paga!

É cada uma que eu vejo. Professor começa a dar aula sem fazer teste de nível nenhum. E aí, escolhe material como? Escolhe material errado, né. E isso por que? Porque pessoal quer pagar 20 reais a hora pro professor particular ir até a empresa e dar aulas personalizadas.

Alunos compram material, o mesmo é inadequado ao nível, as aulas começam e não rendem nada. Param as aulas, me procuram pois fui bem indicada. E eu não consigo esconder a cara de horror ao saber que não houve nenhuma nivelação.

Resultado: estão usando material para Upper Intermediate quase Advanced quando deviam estar usando para Intermediate.

Isso mesmo, gente, continuem contratando aventureiros, native speakers sem nenhum tipo de treinamento, gente que cobra super barato. Continuem assim, que aí as aulas vão pro vinagre e eu ganho alunos novos.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Being Camila

Uma aluna ia passar um ano no Canadá e queria se acostumar um pouco com o sotaque de lá. Eu expliquei que não havia necessidade, pois sotaque canadense está longe de ser o escocês, irlandês ou - valha-me - australiano (no meu ranking de sotaques o australiano é o último. Não perguntem). Ela insistiu, disse que queria se sentir mais segura, e lá fui eu procurar coisas além de Alanis Morissette e Mandy Patinkin. Encontrei um seriado que se passa em Toronto chamado "Being Erica".

A premissa do seriado é simples: mulher nos seus trinta e pouquinhos, toda fodida, demitida, pé na bunda, família querendo que ela case; conhece um terapeuta que diz que pode ajudá-la. É isso, mas não só isso. O terapeuta é meio estranho (pleonasmo?) e oferece a ela uma oportunidade única: Erica pode listar todos os momentos-chave de sua vida, momentos em que ela fez merdinha, e ela poderá voltar no tempo e mudar aquela situação. Ela só não pode alterar a morte.

E lá vai Erica listar todos os seus grandes arrependimentos, desde os tempos de escola, até os mais recentes. E os episódios vão rolando com um retorno ao passado por vez, onde ela tem a chance de agir diferente e, é claro, enxergar as situações de maneira diferente também. É um sci-fi meio chick flick meio sem noção mas é um bom divertimento.

Passei todos os episódios da primeira temporada refletindo sobre meu passado. Olha, se tem uma coisa que eu realmente faço é refletir sobre o passado, e não é porque não superei algumas coisas, mas porque eu curto mesmo relembrar. Minha cabeça é uma timeline, eu lembro de datas, roupas, situações. Se eu pudesse voltar no tempo, talvez eu mudasse algumas pequenas situações na adolescência porque eu era tão esquista e tão tonta que me irrito só de lembrar. Mas tirando essas situações bobas em que eu daria um fora em quem me tratasse mal, eu não mudaria mais nada.

Minha vida está longe de ser perfeita, mas quem tem uma vida perfeita? Mesmo quem tem uma vida que consideraríamos perfeita acha motivos para achar coisas ruins. Somos todos imperfeitos e assim são nossas vidas. E mesmo com toda essa imperfeição, eu não mudaria nada. Qualquer alteração mínima certamente alteraria tudo, e eu não estaria aqui, hoje, escrevendo esse post.

Talvez eu não desistisse da faculdade, mas e se eu continuasse, e fizesse amigos, e não conhecesse os amigos que tenho hoje? E se eu fizesse aquele intercâmbio, e morasse pra sempre no exterior, e não conhecesse meu marido? E por aí vai. O bullying que sofri, o cyberbullying que sofri, os abandonos, as vitórias, os acertos, os tropeços, os muitos erros me fizeram ser exatamente quem eu sou e me colocaram exatamente onde estou.

Logo mais vou fazer sopa, meu marido vai me ajudar, e vamos assistir "Game of Thrones". Hoje paguei minhas contas todas e ainda sobraram uns caraminguás. Falei de Martin Scorcese pra minha aluna de 14 anos e ela ficou super interessada em assistir alguns filmes dele. Pra uma quarta-feira chuvosa, pós feriado, acho que tá muito bom. Eu podia estar rica, numa ilha paradisíaca, tomando piña colada? Podia. Mas queria estar numa ilha incrível sendo o meu eu de agora, com as pessoas que me cercam agora.

Tá tudo bem, mas não tá perfeito. Tá tudo mais ou menos legal. E pode melhorar. Eu gosto de quem eu sou hoje em dia.