terça-feira, 30 de abril de 2013

Beber vinho em casa

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ser possuída pelo ritmo ragatanga e querer sair dançando pela sala toda e qualquer música minimamente "sedutante".

Na última vez em que bebi sozinha, quando percebi estava assistindo vídeo-aula de como fazer todos os passos de "Love on Top". Por razões meramente alcoólicas isso não deu certo, aí fiquei cantando "Irreplaceable" incessantemente. Essa música está no meu top 5 Beyonça, e se você discorda, to the left, to the left.

Mas sempre termino essas maravilhosas sessões à base do néctar dos deuses (vinho, geite) com QUALQUER COISA do Justin Timberlake. Pode ser Justin de cueca tocando piano, sério, tá valendo. Justin, parabéns por ess saúde maravilhosa.

No momento estou na parte de Irreplaceable. É um ciclo importante. Beijos.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Herança materna

Minha mãe me ensinou a arrumar a casa quando eu tinha uns 8 ou 9 anos. A cozinhar acho que foi antes, porque eu queria aprender a fazer bolo. Comecei com bolos de caixinha, depois pros tradicionais mesmo. Quando eu tinha 11 anos, meu irmão nasceu. E, aos 12, eu sabia não só fazer de tudo dentro de casa - faxina, comida, passar (inclusive camisa social) - como também sabia cuidar do meu irmão, que era bebê. Aprendi tudo por necessidade, mas minha mãe dizia que eu tinha "que saber me virar" sozinha. Que tinha que ser independente. Que tinha que saber cozinhar pra não ficar com fome e tinha que saber arrumar e limpar a casa porque casa bagunçada demais é coisa de gente porca.

Durante muitos anos eu não dei valor ao fato de saber cozinhar. As pessoas sabiam dos meus talentos domésticos e de faxina porque eu sempre reclamava de ter que passar os meus sábados limpando a casa junto com minha mãe, mas eu não comentava sobre cozinhar porque não cozinhar era meu ato de rebeldia numa fase de relacionamento difícil entre mim e minha mãe. Eu tinha tantas obrigações em casa, inclusive financeiras, não ia ter mais uma. De jeito nenhum. Além disso, comida de mamãe é coisa linda, né. Eu não cozinhava por rebeldia mas também porque mamis sempre, sempre cozinhava. E a comida era sempre boa.

Anos se passaram, eu cresci agora sou mulher tenho que encarar com muita fé, e comecei a namorar meu marido. Quando ele vinha pra São Paulo, eu cozinhava. Porque minha mãe não tem obrigação alguma de cozinhar pro casal apaixonado, né? Aí, vez ou outra, eu ia e cozinhava. E uma chama foi se reacendendo. Eu sempre achei cozinhar muito legal, quando era criança passava horas vendo livros de receitas com figuras lindas e apetitosas. Comecei a cozinhar, timidamente, pros amigos. Um risoto pra minha prima, uma torta de limão pra amiga de coração partido. Ah, vai ter almoço na casa da Renata? Eu levo a sobremesa. Pavê. Mousse. Torta.

Quando me casei, cozinhar se tornou necessidade. Mas também prazer. Eu cozinho porque comer é necessidade básica do ser humano e sair pra comer sempre é inviável - engorda e empobrece. E como eu realmente gosto de cozinhar, como a chama se reacendeu e virou uma fogueira, eu procuro arriscar, tentar muitas coisas diferentes. Eu gosto de saber sobre a culinária de outros países e gosto de experimentar coisas fora do trivial. Meu marido também. Então, por que não tentar? E nisso a coisa vai evoluindo. E você vê que como cozinha desde criança, como cresceu vendo a mãe cozinhar, como vem de uma família em que o avô cozinhava bem, os tios cozinham bem, as tias idem, algumas primas também e até o irmão preguiçoso se arrisca na cozinha; cozinhar não tem aquela pecha de "oooooohhhhh, que difícil". Você lê a receita, vai lá e faz. Se der errado, paciência. Se der certo, maravilha.

As pessoas falam pra mim "uau, tá cozinhando muito, aprendeu agora?". Não, eu sei cozinhar desde pequena, por isso, talvez, seja algo simples pra mim. Também falam "fica exibindo seus pratos em fotos, né?". Fico mesmo. Tenho orgulho do que faço, geralmente fica gostoso, por que não tirar foto? Não é pra fazer inveja, porque não tenho 12 anos, e nem pra mostrar como eu cozinho bem e sou independente e etc, porque não tenho 12 anos. É só porque sinto orgulho de saber usar as mãos pra fazer comidas gostosas. É porque cozinhar me deixa mais próxima à minha família, me faz lembrar da minha avó e do meu avô, é porque eu acho que existe uma bagagem sentimental enorme no MEU ato de cozinhar. Quando eu cozinho pros amigos, pra família, pro meu marido, pra mim, é um ato de entrega, um ato de amor. Se eu falar que vou cozinhar pra você, tenha certeza de que eu gosto de você e que farei algo de coração mesmo. Então por que não mostrar as fotos de coisas que fiz com tanto amor?

Além de tudo isso, eu acho que saber se virar na cozinha é importante. É necessário. Já vi pessoas se orgulhando de não saber fazer nada na cozinha, e eu acho que essas pessoas são meio burras, na verdade. Porque não tem orgulho nenhum em ter que gastar horrores em restaurantes. Nossa cidade está absurda de cara. Saber fazer uma omelete, um macarrãozinho alho e óleo podem salvar. É só tentar, começar, e saber que todo mundo erra.

No fim, agradeço minha mãe por me fazer ser independente em casa. Por ter me ensinado como lavar, passar, limpar e cozinhar. Porque ela NUNCA me falou que seria importante pra quando eu me casasse. Ela SEMPRE me falou que era importante pra eu ser independente em casa. Essa é uma herança que levarei comigo pra sempre. Ser independente na vida é o máximo, mas dentro da sua casa é tão bom quanto.