Junte uma senhora acima do peso com piercing no nariz, muitas tatuagens (uma delas em um dos peitos) e nenhuma noção e, a isso, acrescentem uma boina de oncinha, uma blusa muito justa e uma legging cor da pele. Tão cor da pele que parecia que não estava vestindo nada. Mas estava, porque quando ela virava de costas era possível ver a calcinha - preta e pequena - através da calça cor-da-pele-quase-transparente. Eu sei, a junção de tudo isso não é aprazível à imaginação, me desculpem por fazê-los visualizar tal tchutchuca. Agora, se a imagem não agrada à mente, imaginem aos olhos. Porque essa senhoura ousadjeenha, pessoal, EXCISTE. Eu a vi no meio da aula de segunda, aquela da qual, teoricamente, eu participo para ajudar. Quando eu a vi minhas entranhas se contorceram num misto de susto e vergonha alheia. E PIOR, não havia nenhum amigo por perto para que eu desabafasse minha dor. Foi só chegar o momento do intervalo para que eu corresse - quase que literalmente - até o amigo mais próximo dizendo: "Fulano, PELAMOR ME SOCORRE, eu tenho que desabafar. O que é aquela senhora..."... Nem precisei acabar de falar. Ele já sabia de quem eu estava falando. E chamou outro amigo. De repente estávamos numa rodinha de 4 pessoas indignadas com a falta de senso estético da pessoa. Porque, gente, é sério: as pernas da mulher tinham gominhos de gordura. Visíveis através da calça justa e quase transparente. Eu e meu espírito de porco apelidaram-na carinhosamente de Michelin.
E é aqui que entra minha culpa cristã. Porque depois eu fiquei me sentindo mal - mesmo - por ter tirado sarro da senhora. Mesmo que eu seja assim, ligeiramente escrota. Mesmo que ela realmente não tivesse noção nenhuma. Eu fiquei pensando que pôxa, se ela é feliz assim, deixa ela, blablabla. Mas, ao mesmo tempo, eu pensava "só que ninguém é obrigado a ver a calcinha de ninguém, credo". No meio dessa pataquada mental toda, o que eu sei é que OBVIAMENTE o apelido que eu dei, pegou. Só entre meus amigos, mas pegou. Eu não me orgulho disso, mas não consigo não rir toda vez que alguém chega e fala "a Michelin tá gata hoje, você viu?". He. Cheek-to-Cheek que se cuide.
A culpa cristã não durou muito, devo confessar. Porque eu logo fiquei sabendo de uns pormenores sobre Michelin que a desabonaram mais ainda. O primeiro deles é que ela vai sem sutiã. PANIC IN THE STREETS OF LONDON. Eu acho que só tem direito de não usar sutiã quem tem os peitos perfeitos. E perfeição peital é difícil de achar, hein. Nem aquelas que têm só duas azeitoninhas devem abdicar do uso de sutiãs porque ficam aqueles biquinhos pavorosos aparecendo pela blusa. Sério, eu acho horrível. E aí dona Michelin faz o quê? Decide deixar a peitança solta - e usar blusa de alcinha. Aí Dona Mimi (para os íntimos) vai de alcinha e sua muito embaixo dos braços. Só que ela é baixinha como eu, o que significa que os rapazes ficam com o braço bem embaixo da sovaqueira molhada. Quando meu amigo me contou isso eu fiquei com dó dele, de verdade. Porque não basta ter peitcholas à solta com tatuagem, também tem suor nojento escorrendo pelo braço. Além disso, ela dança de olhos fechados e pede que o rapaz a conduza pela sala porque ela tem "facilidade de aprender os passos".
Pausa: Eu tenho siricoticos toda vez que ouço isso. "Tenho facilidade de aprender passos". Porque sempre quem fala isso ou não tem facilidade nenhuma ou então pode até ter, mas é metido. E gente que se acha é um saco. Tem um cara lá, apelidado carinhosamente de Esmalte (conto a história outro dia), que dança bem. E é bonito. Não ajeitado, é bonito mesmo. Não chega a ser Apolo encarnado, longe disso, mas em comparação com os panguás de lá, ele tá bem. Mas ele seee-eeee-eeempre me fala que tem facilidade com os passos. Em tom de "eu sou foda". Toda vez eu olho pra ele e falo "Fulano, não me torra. Dança aí que é melhor".
Então, Dona Mimi diz que tem facilidade. Mas, na verdade, não tem tanta. Normal: dança de salão não chega a ser a coisa mais simples do mundo. Alguns estilos musicais são dificílimos, todo mundo se embanana num passo ou outro. Mas não ela. Ela dança de olhos fechados. E, se algo dá errado, ela se vê no direito de culpar o cara e dar bronca. "Por que você não me conduziu direito?", "Você não me deu o comando e eu errei". Resumindo: a pessoa usa roupas de periguete, não usa sutiã, sua a ponto de deixar os braços dos caras molhados, dança de olhos fechados e ainda briga porque ELA errou o passo.
Depois desse apanhadão sobre Dona Mimi, só me resta dizer que culpa cristã uma ova. Tô virando muito bicha, isso sim. Eu fico convivendo com aquela fauna variada que é o curso de dança e acho que, por conviver com tanta gente diferente não devo comentar a respeito e blablabla whiskas sachê, meu cu. Comento sim. Falta de noção tá aí pra isso.
Nos próximos capítulos, Esmalte, as Creepy Olsen Twins e as pessoas monotemáticas.
ps: meus amigos da dança que lêem esse blog, por favor, continuem me amando depois desse post, sim?! Hahahaha!
7 comentários:
Caramba, até me fez escrever um post confessional (eu não ia escrever, juro, mas li o seu e escrevi, prontofalei).
Cara, na academia que eu ia tinha uma tia que fazia jazz(???) parecidíssima com o Dee Snyder. Muito medo nessa vida.
Olha, tem uma mulher no trabalho que todo dia vai pro trabalho com aquelas blusas de viscose, bermuda, meia calça e um sapato fechado meio nada a ver. No início eu achei que era falta de noção na casual friday, mas depois ficou claro que ela vai trabalhar assim todo dia. Bizarro. E celular é tudo na vida então um dia uma mulher tava num caixa eletrônico que fica dentro do prédio com uma blusa com um ombro nu e era mezzo amarela mezzo oncinha. Ninguém se apieda da minha retina.
Ah sim, eu tirei fodo do outfit bizarro oncinha com o celular.
FOTO! HAHAHA
Nossa! Visão do inferno essa Michelin, hein? Tb fiquei com dó dos moços que dançam com ela =[
Bom, no quesito moda, a Michelin se equipara aos estágiarios non-sense na Puc-Mg... são um monte de adolescente de baixa renda, se vestem daquele jeito todo peculiar, com direito a tenis de 350$, e aquelas blusas ao estilo outdoor com o nome da marca. Pior de tudo, é que eles ainda nos olham com aquela cara de "Como esses universitários riquinhos filhinhos de papai são frescos!" E olha que eu nem sou riquinha, muito menos filhinha de papai, e nem fresca... Dai-me paciencia!!
Muito bom! Ri muito...continue assim, porque comentários sobre a sem-nocisse alheia é bálsamo...abraços...
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