domingo, 30 de maio de 2010

Difícil

Eu sempre fui a metade da relação que lida melhor com a distância. Sempre estive lá, forte, falando que logo essa distância toda vai se resumir à distância entre quarto e sala de nosso futuro lar. Aí, de uns tempos pra cá, comecei a dar defeito. E tem sido tão, tão difícil estar longe. Nos fins-de-semana em que não nos vemos e eu tento manter uma rotina de socialização saudável com outros seres humanos, tem horas em que eu só consigo pensar "que saco, ele tinha que estar aqui comigo". Sair com amigos não tem sido a mesma coisa, porque eu sempre fico pensando que com ele tudo estaria mais divertido. Os domingos são um suplício. Nesses finais-de-semana eu só levanto depois do meio-dia porque penso "o que vou ficar fazendo?". Eu deveria levantar cedo e trabalhar, colocar coisas em ordem, mas não. Fico de pau molescência sofrendo na cama. Há três anos eu prometi a mim mesma que não teria relacionamento com ninguém que morasse acima de 30 quilômetros de distância de minha casa. No ano seguinte a essa promessa eu o conheci e me parecia que Rio-São Paulo nem eram tão distantes assim. Eu sabia que seria difícil mas nunca pensei que agora, a essa altura do campeonato, eu começaria a surtar. E o que eu posso fazer? Usar comigo mesma os argumentos que venho usando há um ano e meio para deixá-lo tranquilo? Esse tipo de auto-auto-ajuda funciona? E quando tudo que você mais quer é passar a tarde de domingo abraçada com ele, você faz o quê?

Então é assim, amigos: se eu começar a preferir ficar em casa ao invés de sair, não é nada pessoal. Eu só acho que esse tipo de bichice eu devo curtir sozinha, no conforto do meu lar.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mamãe, mamãe

Quando eu tinha meus 20, 21 anos, lembro de ter uma visão de minha mãe quase semelhante à de uma heroína. Achava que ela era a mulher mais forte e batalhadora do mundo. Achava que ela fazia, e muito bem, o papel de mãe e pai. E, apesar de enxergar defeitos, achava que eles se restringiam ao fato dela ser uma pessoa de gênio forte.

Quando comecei meus questionamentos internos a respeito do meu pai, comecei a enxergar que talvez as coisas não fossem tão belas quanto eu achava. E aí meus conflitos com minha mãe começaram a crescer e cresceram muito. Era difícil para mim enxergar os defeitos do ser humano mãe. E, para ela, era difícil ver que eu estava me tornando uma pessoa diferente dela. E que questionava a postura dela. Era difícil para ela aceitar minhas escolhas, minhas roupas, minha vida. E seguimos alguns anos enfrentando uma a outra. Houve a fase em que eu quase me tornei mãe da minha mãe, e isso foi bem incômodo, mas nem entrarei nessa parte da história.

Aí, há dois anos, toda a história da revelação sobre minha paternidade começou. E foi ali que minha mãe se desnudou para mim. Foi ali que eu comecei a enxergar minha mãe de verdade. É muito, muito difícil ter que enxergar cruamente que aquela pessoa que devia zelar por você sempre teve atitudes egoístas, atitudes onde ela não estava pensando somente em você, belo rebento. É dolorido enxergar, em vez da mãe, o ser humano falível e cheio de inseguranças e segredos e atitudes incompreensíveis. Eu passei muitos maus bocados com toda essa história e esses maus bocados não se referiram somente à descoberta de que meu pai biológico era aquele homem que eu conhecia e detestava. Os maus bocados também se referiram a essa descoberta de que minha mãe tinha cometido erros que interferiram de maneira gritante no rumo da minha vida, da minha personalidade, da minha auto-estima.

Hoje em dia acho que a minha relação com minha mãe está madura. Acredito que foi preciso tudo aquilo para que se chegasse ao que temos hoje: eu não tenho raiva e nem mágoa. Eu me esforço muito para que tenhamos uma relação harmoniosa. E sei que ela faz o mesmo. Eu sei que ela errou e eu não caio na frase mais idiota do mundo que diz "não devemos julgar". Essa frase me dá engulhos. Viver é julgar, minha gente. A questão é o que você fará com o seu julgamento. Você vai levar a sério? Ou vai ponderar? Eu optei pela segunda opção. Porque eu sei que ela cometeu erros, eu cometi erros, e aquela consciência de que antes de mãe, ela é um ser humano falível só me ajudou ainda mais nesse processo de aceitação. Hoje em dia, onde estou cada vez mais próxima de ser mãe (estou longe de estar grávida, mas vou me casar (ohhhh!) e filhos estão nos planos num futuro ainda distante), sempre penso no quanto deve ser difícil ser mãe. O quanto deve ser difícil pensar sempre no filho e em você mesmo e chegar a uma solução boa para ambas as partes. Eu acho que tudo deve ter sido muito difícil para a minha mãe. E agora eu só quero que ela tenha paz. E que ela possa curtir a meia-idade, a velhice e os futuros netos sem culpa alguma. Ela continua sendo a batalhadora de 10 anos atrás. Mas é bom que eu não tenha mais aquela visão romantizada da minha mãe. Nem a visão dos tempos difíceis. Acho que hoje nos enxergamos como realmente somos.

Uma vez me disseram que amar é saber conviver com os defeitos do outro. Eu acho que essa é uma das grandes verdades universais.

sábado, 1 de maio de 2010

A saga por professores

Eu imaginava que encontrar um professor de inglês bom seria difícil. O que eu não imaginava é que seria difícil encontrar um professor de inglês que falasse inglês. Pensem no que é entrevistar um professor cujo inglês se assemelha ao do Borat. Assustador. Como alguém assim está dando aulas, meu deus? E a pessoa se formou em Letras. Licenciatura em inglês. Eu fico incrível com isso: muitas faculdades no Brasil dão licenciatura plena em inglês a pessoas que não falam a língua. Faz sentido? Nenhum. Depois desse fiasco, comecei a pré-entrevistar candidatos por telefone. Não conseguiu manter uma conversação decente por telefone? Nem chamo pra entrevista.

Um outro show de horrores são os curriculuns (curricula? curriculi? Não sei o plural, sorry) que recebo. Uma estava começando a faculdade de Letras mas não tinha experiência alguma com aulas. Na verdade a experiência anterior dela era como atendente de loja. E ela tinha inglês intermediário. Claro, você deve arriscar e tentar fazer aquilo que gosta, dou o maior apoio. Mas as pessoas não focam. Se você não tem experiência, tem que procurar alguma escola grande, dessas de franquia, que oferecem treinamento extensivo. Recebi um outro curriculum com o seguinte objetivo: "professora de inglês, vendedora, atendente de telemarketing". MAS HEIN? Foco, tão te chamando ali! Mas a cereja do bolo foi a moça que disse que era "instrutura de inglês e recepicionista". Pra quê revisar o que se escreve, não é mesmo?

E pra matar a saudade de meu querido Borat, aí vai um vídeo. Agora pensem como a entrevista com a professora foi complicada.

Não é crise criativa

É falta de tempo mesmo. Ando bem, bem ocupada com trabalho. Isso é excelente, claro! Mas não me sobra mais tempo para blog, academia, cozinhar... Ontem tentei produzir um bolo de banana em tempo recorde, menos de 30 minutos (era bolo caramelizado, tinha que fazer calda, cortar bananas, etc etc). Eu tinha uns 20 minutos pra fazer a massa e ela assaria nos 40 minutos que eu teria para tomar banho, me vestir, passar maquiagem e secar os cabelos - tinha que sair pruma reunião. Na pressa nada dá certo, ainda mais que gastei parte dos minutos dedicados à massa para ir ao supermercado trocar o leite desnatado por leite integral e a banana verde por banana madura - isso é que dá pedir ao irmão preguiçoso para ir ao mercado, só ingredientes errados. O resultado dessa correria foi um bolo solado. SO-LA-DO. Há anos eu não sabia o que era fazer um bolo solado. Aprendam, colegas: está com pressa, faça bolo de caneca de microondas. Ou bolo de caixa!