terça-feira, 29 de maio de 2012

Glee com spoilers

Em esclarecimento:

Sim, eu ainda assisto Glee.

Depois desse longo esclarecimento, um aviso:

Post com spoilers.

Glee é aquela coisa: roteiros sem sentido e sem coesão que só estão lá pra apoiar causas como direitos dos gays (apoiado!), não à violência feminina (apoiado!), direito das pessoas em serem diferentes (apoiado!) e direito da Sue Sylvester em ser escrota (apoiada!) e direito da Rachel em ser insuportável e ter um destaque desnecessário (não apoiada!).

Ryan Murphy tá cagando pra coesão. E ele simplesmente se esquece de alguns personagens. Tipo a Tina, que tá lá desde o comecinho mas tem quase tanta fala quanto o pianista mudo. Achei que a fia fosse compensar a passividade no episódio em que ela se revolta, mas a cremosa deu cinco minutos de show de perereca e logo depois estava puxando o saco da Rachel. Não serve nem pra dar chilique, merece bem o papel de elenco de apoio, junto com as cheerleaders que aparecem do nada sabendo toda a coreografia e depois são esquecidas.

O drama da Quinn foi patético. O Bob Marley de Cristo foi lá dar uma força na fisioterapia e eles ficaram lá, de gracejos. Aí ela voltou a andar e se levantou da cadeira no meio do show de formatura. Reação das pessoas: UAU. Só! Gente, a nega tava sem andar há meses, como assim vocês não invadem o palco, jogam ela pro alto, fazem uma ciranda em volta dela? Gente sem graça. Pois bem. Ela ficou lá de teretetê com o Bob em Cristo mas no último episódio vai dar mole pro Puck porque, segundo a lógica Ryanmurphyniana, basta ela dar uns beijinho no moço pra ele ganhar auto-confiança e fazer a prova final e passar. Ryan, provando que entende tanto de mulher quanto entende de periquita, ou seja: nada. A fia vai lá, dá uma bitoca no Puck e no dia seguinte ele vai todo pimpão fazer a prova e passa. Mas e o Bob de Jesus? Coitado...

Mas o que me tirou do sério foi Rachel e Finn. TRÊS temporadas no chove não molha do amor da vida inteiro. Eu te amo, você me ama, bla bla bla. Ele pede ela em casamento, ela aceita. O casamento não rola porque Quinn sofre o acidente. Aí tem todo aquele drama dela passar pra escola da Broadway e o Finn não saber nem o que quer pedir pra janta. Ele decide que quer ser ator. AHAHAHAH! Ela passa, ele não. ORLY? Ela tem que ir pra NY, e ele começa a amarelar: não pode ir, não tem como, ai, ninguém honrou meu pai herói, meu cu de azul.

O resultado: ele leva ela pra estação de trem, quando ela acha que eles estão indo casar. E tá a trupe toda lá, pra dar tchau pra Rachel e se livrar daquela chatice. E aí eles têm aquele papo babaca de "eu te amo tanto que estou deixando vocë ir". Ah, mas eu te amo. Estamos terminando? Não acredito! Então Finn revela que se alistou! Sem a moça saber! E ela parte, com todos dando adeus na plataforma, e termina o seriado com a nega andando por NY com aquela cara de coxinha deslumbrada.

Cara, eu acompanhei a série toda. Achei ridículo. Como assim, um correu atrás do outro por anos, e agora vem essa de "siga seu sonho, você é uma estrela"? Como assim o cara se alista no fucking exército e não conta pra ela? Como ela vai embora mesmo assim, sendo que Finn era o amor da vida dela? Deem um jeito, ele vai pra NY, lava pratos, arruma emprego, tenta um community college, sei lá. Mas não me venham com essa baboseira.

Conclusão: Finn, babaca. Rachel, babaca. Ryan Murphy: babaca. Eu: maior babaca de todas.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Your meeting request has been confirmed

Estou saindo pro trabalho. Entro só às 14h, mas preciso chegar um pouco mais cedo pra ler umas coisas. Hoje é a primeira vez que tenho uma reunião sozinha - quer dizer, eu e mais o moço que entende de programação e da parte técnica dos produtos da empresa. Quando eu digo "sozinha" é sem as chefes. Parece a maior coisa banal, a maior bobagem, eu sei. Mas eu nunca fiz reuniões. Participei de muitas - mas quem é professor de inglês vai saber que uma reunião de professores é beeeem diferente de uma reunião corporativa. Ontem eu aprendi a marcar reunião pelo Outlook - sim, esse é meu nível de desconhecimento do mundo coxinha. Hoje, primeira reunião sozinha. Aos poucos, bem aos poucos, a coisa vai entrando em minha cabeça. Ninguém disse que seria fácil e nem que eu pegaria tudo em um mês. Não é só o trabalho, é tudo. É o mundo de empresas, os processos, todas as hierarquias. TUDO isso é novo pra mim. Mas hoje em dia eu me sinto menos perdida, consigo ver um futuro, um caminho. E, mais importante, eu gosto da novidade, gosto de aprender coisas novas e gosto do que estou fazendo. Gosto mesmo.

Estou fazendo alguns cursos online. A moça que ministra o curso que estou fazendo é muito simpática, então fui procurá-la no Facebook só pra saber um pouco mais. E ela tem uma foto com Anthony Bourdain. Anthony Fucking Bourdain, as in Anthony, eu te amo. A moça, obviamente, ganhou meu coração.

Então fiz aquela associação besta, inútil e reconfortante. Poxa, a moça fodona do curso online, que nem me conhece, nunca vai me conhecer, gosta de Tony. Tenho algo em comum com uma moça super coxinha. É, acho que vai dar tudo certo! ;)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O gererê gererê do LSD

Dois malucos doidões com a cabeça cheia de droguinhas entabulam algo que se assemelha a uma conversa. Importante: eles não são brasileiros, mas para fins de tradução e acuidade fiz todo um trabalho de adaptação a nossas gírias:

Maluco 1: Véi, sabe o que é loko? Ser presidente. Piração, maluco, tu manda geral.
Maluco 2: Pódicrê...
M1: Tipo o Obama. Maluco, o cara é irado. Mó negão da hora, véééééi.
M2: Só... Mas desses caras aí do poder eu curto mesmo é o Abraham. Doido!
M1: Abraham Lincoln? Porra, o véi era foda paracarai. Não tinha folga com ele não, véi, maluco metia o louco e ele já lançava o papo reto.
M2: Pódicrê.
M1: Mas quer saber o que é mais dá hora que presidente, maluco? Caçador de vampiro!
M2: Noooooossa véi, só, pódicrê, os cara sai enfiando as cruz em tudo que é filhote de Batman.
M1: Foooda. Mano. MANO. Tive uma ideia puta foda agora, maluco. Vééééi, genial.
M2: Diz aí.
M1: Véi: e se o Abrahanzão fosse um caçador de vampiros? Imagina só os loco correno do véio de dia, de noite, e ele lá, só com o crucifixo no peitão, mandando geral pro céu dos vampiro.
M2: Caraaaaaaaaaaaaaaaaaio maluco, que ideia muito da hora, genial! Vamo fazer um filme?
M1: Já é, maluco mané, já é.

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Maluco 1 e Maluco 2 eram filhos de grandes produtores de Hollywood. Sedentos por qualquer ideia minimamente rentável, não importanto o quão estapafúrdia fosse. Afinal, depois de "Matadores de Vampiras Lésbicas" eles tiveram a certeza que a indústria do cinema não é feita de escrúpulos nem de coerência. Peitos, sangue, vampiros e gostosas aleatórias andando de biquíni sem contexto nenhum, talvez. Mas escrúpulos e coerência, jamais. M1 e M2 ficaram tão animados com a ideia brilhante do filme que logo mandaram um whatsapp pra seus pais. E eis que surgiu...

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sábado, 5 de maio de 2012

Eu e Celico, Celico e eu

Eu tinha um amigo bem próximo que saía sempre comigo para cinemas, exposições, festas miadas e afins. Ele era ótima companhia. Aí um dia ele começou a namorar uma moça muito ciumenta e se afastou. Ficamos uns dois anos sabendo um do outro só por Facebook e Twitter. Até que ele sumiu tanto que eu me esqueci que ele me seguia.

Por algum motivo que eu jamais conseguirei entender, a namorada dele idolatra a Carol Celico, as in Esposa do Kaká. Aquele jogador que deve passar desinfetante no corpo depois de fazer sexo. Acho que se a fia idolatrasse o Chimbinha seria mais fácil de conceber do que essa loucura toda pela esposa crente de um jogador de futebol.

Problema é que Carol Celico se acha dona da verdade, mulher sábia e conselheira. E posta suas pérolas de sabedoria em seu Twitter. Problema é que o mundo precisa de anti-psicóticos na água da torneira e a namorada do meu antes amigo retuitava as cagadinhas escritas de Carol. Problema maior ainda é que eu ficava sabendo disso não porque eu seguia a gatinha enamorada - e sim porque meu amigo, me deixando completamente estupefata e sem palavras, retuitava a porra toda. Sofreu lobotomia, o pobre.

Eu posso ter todos os tipos de amigos nessa vida, mas amigo que abandona amizades femininas porque a namorada mandou e que se deixa passar por uma lobotomia tão pesada que o faz ficar loucão retuitador de fanáticas está um pouco fora do meu campo de tolerância. Mas beleza, vamos amar. Lembram que eu esqueci que ele me seguia? Esqueci mesmo, tanto que dei uma gongadinha no retuíte dele. algo do tipo "Eu aguento muita coisa, mas retuíte de Carol Celico não dá".

O que se seguiu foi algo assustador. Ele ficou putinha e começou a me dar diretas/indiretas. Tirou sarro de coisas que eu havia escrito. Eu com aquela cara de "ma oeee? você me segue ainda???". Poxa, foi mal que eu tirei sarro da grande pensadora e filósofa Carol Celico. Mas não parou por aí. A namorada, que nunca tinha dirigido a palavra à minha linda e glamourosa pessoa, resolveu dar show de perereca no meu tuiter. Me mandou várias mensagens ofensivas e desnecessárias - algumas, inclusive, dizendo que eu não sou tão inteligente quanto eu penso (??) porque, afinal, sou o que? Professorinha de inglês? Ela é uma doutoranda em biologiquímicafísicaeastronomia! Doutoranda da USP! O gosto dela não é duvidoso porque ela é uma doutoranda uspiana!

Depois de tentar humilhar minha profissão - e eu fiquei muito puta foi com o meu ex-amigo, porque se ela sabe minha profissão e minha história de vida é porque ele contou - ela resolveu duvidar da minha crocância porque, vejam bem, eu havia tuitado sobre a Palmirinha.

Porra. Não mexam com a Palmirinha, a vovó mais linda do país.

O show de horrores terminou com esse ex amigo me mandando mensagem no MSN dizendo "você queria chamar minha atenção? Conseguiu! Mas não se preocupe, eu ainda gosto de você". OI??????????? Cortei relações com ele pra sempre, claro.

Lembrei de tudo isso porque vi uma declaração linda de Carol Celico. "Se o homem trai, é sinal de que a mulher falhou". Acho que esse é um excelente exemplo de como essa moça é uma grande mulher digna de ser idolatrada.

Em tempo: a namorada/esposa é tão alucinada por Carolzinha que fica conversando com ela no tuíter como se fosse amiga. Sabe gente que conversa com artistas como se fossem amigos? Pois é.


PS: Recebi dois comentários nesse post. Ambos disseram que fui preconceituosa nesse post. Fiquei preocupada pois não foi a minha intenção. Reli o post. Uma amiga leu. E digo: meninas, eu discordo de vocês. Não acho que nesse texto eu tenha sido ofensiva com relação aos crentes. Em momento algum eu disse que a Carol Celico é louca por ser crente ou que ela fala bobagens porque é crente. Ela fala merda porque é idiota, não por causa da religião dela. E em momento algum eu disse que a esposa do meu amigo é doida por ser crente. Ela é louca porque é louca, eu nem sei a religião dela.

A Celico fala merda sim. E usa a religião dela pra falar mais merda ainda. Eu abomino as declarações que ela faz porque elas sim, são preconceituosas. E eu sei perfeitamente que a loucura não depende de religião. Sei perfeitamente que meu ex amigo surtou. Fui eu quem sofreu com as besteiras que ele e a esposa me falaram. Eu sofri, viram? E a esposa dele fez comentários absurdamente preconceituosos. Eu não os reproduzi aqui. E nem quando estava espumando de ódio dessa história, em momento algum eu culpei a religião de quem quer que fosse.

Acho que vocês interpretaram meu texto da maneira que quiseram, o que é ok. O texto é público, os comentários idem. Eu só gostaria de pedir que relessem e me mostrassem em que parte eu fui preconceituosa - porque sério, não foi minha intenção. E em que parte eu generalizei, NÉAM?

Gente, vamos relaxar na patrulha do politicamente correto. E se eu quiser falar que fulana é cafona? E se eu quiser dizer que fulano é burro? Vocês vão vir aqui patrulhar e dizer que estou generalizando? Que chatice. Vocês não me conhecem, tudo o que sabem é o pouco que escrevo aqui. Eu acho muito chato ter que me explicar. Só o fiz porque preconceito contra religião é coisa muito séria pra mim.

Beijos!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Um feriado, uma imagem, uma palavra

PREGUIÇA

Nossos óbvios são diferentes

Uma das coisas mais óbvias da vida, pra mim, é o present perfect. Ele faz todo o sentido. É fácil. Não tem como confundir com o past simple, simplesmente não tem. Isso é o que eu acho. Mas dando aulas eu descobri que ele não é esse "mamão com açúcar" (que idosa) todo pra uns 95% dos alunos. Eu posso explicar, exemplificar, desenhar linhas e mais linhas do tempo, fazer fluxograma (já fiz isso). Ele continua sendo difícil. Muitas vezes as pessoas entendem a ideia mas não conseguem usá-lo.

Esse talvez seja um dos maiores aprendizados da minha vida. Que o óbvio ululante pra mim não é óbvio ululante pra muitas pessoas. E o que é óbvio pra elas não é óbvio para mim. Eu tenho a maior dificuldade do mundo com matemática. Tenho mesmo. Aquilo não faz o menor sentido pra mim. Sempre que um aluno fica preso no lance do present perfect eu falo sobre isso, sobre a minha dificuldade com números. Que geralmente pra eles números são aquela coisa super simples mas, pra mim, são um pesadelo. Assim como aprender um idioma é um pesadelo pra eles. Mas não tem que ser, né. Nem a matemática e nem o inglês. Nem as coisas "óbvias" da vida, porque o meu óbvio é diferente do seu.

Só que às vezes é tão difícil entender as coisas óbvias alheias. Tão difícil.