domingo, 27 de janeiro de 2013

Fotonovela: um dia paulistano

Sexta-feira, 25 de janeiro, aniversário de São Paulo. Um dia lindo lá fora, mas a preguiça aqui dentro de mim era grande. Amo muito ficar em casa, mesmo quando tenho que limpar, lavar e etc - coisas que tive que fazer no feriado. Meu marido começou a ficar igual criança impaciente que quer ir pro playground. "O dia está lindo, vamos dar uma volta!". Aproveitando que eu estava num dia hormonalmente funcional (por causa da tireoidectomia e reposição hormonal eu tenho me sentido muito cansada e indisposta), decidimos ir pra Liberdade.


Logo na saída do metrô do bairro tradicionalmente oriental, índios bolivianos davam um show. Um chinês muito fora da casinha estava alucinado cantando e dançando. Não sei o que estava melhor: o show dos índios ou o show do chinês.



Hum... O melhor mesmo era esse menininho aqui ó:




Catem esse estilão! Ele era lindo e muito fofo. Até quando a mãe dele arrumava sua fantasia ou cabelo ele conseguia ser muito fofo.



Ele até encantou uma moça que acabou ficando toda torta pra tirar foto dele.


Eu tenho uma memória fotográfica insuportavelmente boa. Quando estava postando essas fotos no Facebook, vi que essa moça aí é uma conhecida moça de Twitter/redes sociais/internet. Fui ao Instagram dela (ela é bem conhecida) e pá! - lá estava a foto que ela tirou do menino lindo. Contei a ela que eu tinha essa foto, ela pediu para ver e postou-a na página dela. Coincidências dessa cidade que é enorme mas que às vezes parece um ovo. No meio da multidão e de um monte de lugares para ir e ver, você acaba vendo um rosto conhecido da internet. Ou conhecido de conhecido mesmo - já aconteceu comigo muitas vezes.





Depois de ver o show, fotografar o pequeno artista (e os grandes também) e de dar uma colaboração monetária para que eles continuem a tocar músicas típicas e não Celine Dion na Praça da Sé, ficamos com fome e procuramos algum restaurante aberto. Thiago queria me levar num lugar chinês com uma sopa de noodles excelente.





Achamos o restaurante. Na fachada, fotos dos pratos. Nome em chinês - nenhuma informação em português. Entramos e perguntei à garçonete, chinesa, qual era o nome do local. "Chinês" - ela respondeu. E só. Fizemos nosso pedido. Sopa de camarão e guioza. Pessoas começaram a chegar ao restaurante e, no fim, éramos os únicos ocidentais. Todos falavam chinês, exceto nós, claro. Todos começaram a ser servidos antes de nós. Eu e Thiago absolutamente hipnotizados por tudo ao nosso redor, nem ligamos para o fato dos nossos pratos demorarem mais. Estávamos nos sentindo turistas e estrangeiros, estando em nossa cidade.


E lá estávamos nós, num restaurante sem nome em português, cercados por imigrantes chineses que eram servidos bem antes que nós. A garçonete não entendia muito bem o que falávamos. Os pratos das outras mesas eram bem mais vistosos. Mesmo assim, comemos o melhor guioza da nossa vida. E a sopa de camarão estava deliciosa!

Restaurante chinês, com cardápio em chinês, rodeada por chineses, no meio de São Paulo. Podem falar o que for dessa cidade, e provavelmente tudo o que falarem de mal é verdade. É feia, é cinza, é caótica, é cansativa. Mas é acolhedora. É aqui que essa colônia chinesa consegue não só viver mas preservar, de certa maneira, sua cultura. E é assim com várias culturas. E milhares, milhões de pessoas de outros estados.

São Paulo acolhe sim. E nem é só pelo trabalho. É uma bagunça tão grande, um caos tão grande, que no final ela só fala "vem, gente, cabe mais um, a gente dá um jeito". E assim, a cidade que acolhe a todos cresce de maneira desorganizada, parecendo mesmo um cortiço daqueles da Mooca, onde é aquela zona enorme (meus avós moraram em um cortiço - foi lá que se conheceram - então eu tenho histórias sobre a bagunça toda!), com tudo misturado, com famílias misturadas, sem planejamento algum - mas onde as pessoas se ajudam de certa forma.

No fim, sempre lembro do Anthony Bourdain num episódio que gravou aqui na cidade. Ele começa dizendo que, à primeira vista, tinha odiado aqui. Tudo cinza, tudo concreto. Aí conheceu as pessoas, e os lugares, e levarem ele pra comer aquele sanduíche, aquele espetinho, tomar aquela cerveja, comer aquela feijoada. Com gente legal, que abre a casa, que faz caipirinha. No final, ele estava apaixonado por São Paulo. 


Eu amo minha cidade sim. É onde nasci, cresci, onde posso fazer várias coisas e onde, sem luxos, eu vivo bem. Odeio com todas as minhas forças a especulação imobiliária alucinada que faz com que cobrem 5000 de aluguel num apartamento de 3 quartos e menos de 100m², odeio todo o caos dos transportes públicos, odeio o trânsito e o fato de tudo virar um inferno quando caem 5 pingos de chuva. Ainda assim, foi essa cidade que acolheu meus bisavós quando vieram da Itália. Foi aqui que meu avô conseguiu construir uma casa pros 4 filhos. Aqui foi onde minha família toda cresceu, sempre viveu. Foi essa a cidade que acolheu meu marido tão bem.


Sim, não tenho como não amar São Paulo.

4 comentários:

Thais Miguele disse...

Concordo tanto!

Vanessa disse...

tudo verdade. são paulo é uma mistura linda de amor e ódio.

também já comi nesses restaurantes da liberdade onde a gente é que se sente estrangeiro e não eles. e a música dos bolivianos é bem gostosa de ouvir.

:)

Dáfni disse...

Não nasci em SP, mas vivi aí 5 anos, e fui embora chorando... AMO essa cidade!

Rocio disse...

Acho que este prato parece muito profissional, então eu acho que não foi feito por uma pessoa comum, mas por um chef profissional, que tem etsaod espeor rico e quem tem um pouco de comida no restaurantes em são paulo