Sete da manhã. Repito: sete da manhã. E eu já estava na sala da empresa-de-comidas-com-salas-geladas onde dou aula. O que isso significa? Que era cedo DEMAIS pra qualquer ser humano ter seu cérebro funcionando de maneira normal. Além de tudo o ar-condicionado estava GELANDO a sala. O dia estava amanhecendo nublado e cinzento. Eu tinha voltado de férias há apenas três dias. Em outras palavras: eu não tinha humor. Ele tinha ficado na Bahia, em algum lugar entre Salvador, Morro de São Paulo e Praia do Forte.
Chega o aluno. E eu tenho um botão de sorriso automático quando estou trabalhando. Aliás, dar aulas é a ÚNICA coisa que me faz acordar cedo com o cérebro já acordado. Porque todos sabem, acordar não é a mesma coisa que estar com o cérebro acordado. Pois bem, apesar de todo o cenário desfavorável, eu sorrio e a aula começa. Eu só tinha dado aulas pra esse cara uma vez, mas o vi na empresa centenas de vezes. Simples: eu vou lá todo dia. Conheço muita gente. E ele não é exatamente discreto ou pequeno (eufemismo-mo-mo), é fácil reparar nele. Ele me conta que tem 4 filhos. QUATRO? Quase caio da cadeira, achei que ele fosse mais novo. Minha cara de perplexidade (PORRA! Quatro filhos? Aos 31 anos? O cara é uma máquina da fertilidade, não quero mais nem apertar a mão dele) é meio evidente, aí ele pergunta:
- Mas por que o susto?
- Não pensei que você tivesse filhos. Ainda mais quatro! Mas vamos abrir o livro e...
- Eu não pareço ter 4 filhos? Foram 3 casamentos, agora estou solteiro de novo.
- É que você parece um pouco mais novo, não sei. Olha, é a página tal.
- Por que você achou que eu fosse mais novo?
- Astrobaldo, vamos começar a aula?
- É que fiquei curioso, tivemos só uma aula e você já pensou na minha idade...
- Não, é que eu sempre te vejo pela empresa e...
- Sempre me vê? Quer dizer que você andou reparando em mim, é? *sorriso maroto*
- Eu venho aqui quase todo dia. Vejo muitas pessoas. Normal eu te ver entre elas, não? Eu vejo um monte de alunos entre as muitas pessoas que encontro aqui na empresa. Página tal?
- Ah... Entendi... *muxoxo*
E aí eu repito: eram apenas SETE da manhã. A vida de professora decididamente não é um mar de rosas.
quarta-feira, 31 de janeiro de 2007
sábado, 27 de janeiro de 2007
Emeésseene e os contatos de gente quase desconhecida
Sabe aquelas pessoas que, por obra de uma noite de embriaguez, de um amigo ou erro do destino estão no seu MSN? Aquelas pessoas que não são tão amigas, outras que nem são mesmo, que estão ali há tempos e com quem você não faz questão alguma de falar? Meu MSN estava cheio delas. E se elas estivesse ali e ficassem quietas, ok, elas já estavam na categoria "never" da minha lista de contatos. Mas não, elas cismavam em vir me perguntar quais eram as novidades e ainda reclamavam quando eu demorava pra responder. "Ei, me deixou falando sozinho? :-(" - não amigão, é que estou ocupada penteando meu pônei de brinquedo.
Percebam que eu usei verbos no passado. Porque desde hoje essas pessoas passaram a integrar a linda lista dos deletados. Viva. Não faz sentido que eu reclame dos contatos nada a ver do MSN e os deixe lá. A "errada" aí sou eu: as pessoas querem conversar, eu estou na lista delas. Eu é que não quero resumir a minha vida nos últimos três meses em um parágrafo pralgum miguxo que fica perguntando "e aí, muitas novidades?". Meu nome não é Paris Hilton, gato. Não há tanto agito rolando. Se bem que depois dessa limpa eu perdi a oportunidade de dar respostas do tipo "tenho sim, hoje meu aluno tirou 9 na prova" ou "ah, claro, depois de 3 dias de prisão de ventre finalmente eu consegui ir ao banheiro". A pessoa pediu por novidades, só não especificou de que tipo.
Para fazer essa faxina utilizei critérios muito justos: se eu tenho vontade de conversar com a pessoa e até quem sabe sair pra tomar uma cerveja, fica na lista. Se eu prefiro ler a previsão do tempo e ficar em casa assistindo a novela do Manoel Carlos a cogitar uma cervejota/cinema/boteco/passeio no parque com a pessoa, está fora. Prático, rápido, e tendencioso, assim como a vida.
Porque eu tenho miguxos queridos de perto e de longe com quem eu realmente quero conversar pelo MSN e eu não quero ser incomodada com gentalha. Intolerância faz parte do meu show.
Percebam que eu usei verbos no passado. Porque desde hoje essas pessoas passaram a integrar a linda lista dos deletados. Viva. Não faz sentido que eu reclame dos contatos nada a ver do MSN e os deixe lá. A "errada" aí sou eu: as pessoas querem conversar, eu estou na lista delas. Eu é que não quero resumir a minha vida nos últimos três meses em um parágrafo pralgum miguxo que fica perguntando "e aí, muitas novidades?". Meu nome não é Paris Hilton, gato. Não há tanto agito rolando. Se bem que depois dessa limpa eu perdi a oportunidade de dar respostas do tipo "tenho sim, hoje meu aluno tirou 9 na prova" ou "ah, claro, depois de 3 dias de prisão de ventre finalmente eu consegui ir ao banheiro". A pessoa pediu por novidades, só não especificou de que tipo.
Para fazer essa faxina utilizei critérios muito justos: se eu tenho vontade de conversar com a pessoa e até quem sabe sair pra tomar uma cerveja, fica na lista. Se eu prefiro ler a previsão do tempo e ficar em casa assistindo a novela do Manoel Carlos a cogitar uma cervejota/cinema/boteco/passeio no parque com a pessoa, está fora. Prático, rápido, e tendencioso, assim como a vida.
Porque eu tenho miguxos queridos de perto e de longe com quem eu realmente quero conversar pelo MSN e eu não quero ser incomodada com gentalha. Intolerância faz parte do meu show.
quinta-feira, 25 de janeiro de 2007
Prazer, Maxwelson
Maxwelson existe e mora em Maceió. Ele é um promissor jogador de futebol do time local e, por conta disso, deve ser conhecido na cidade. Se não pelo fato de jogar futebol, pelo nome. Porque Maceió não é exatamente uma megalópole e Maxwelson não é exatamente um nome comum. Eu diria que Maxwelson não é nem um nome, e sim um erro de cartório, tudo porque o escrivão estava cansado da noite anterior com Wandiscléia quando Maxwelson pai chegou para REZISTRAR seu rebento. Ou porque o escrivão estava com raiva do mundo, com a cueca apertada e tinha brochado na noite anterior. Com Wandiscléia. O que fazer? Descontar no bebê alheio. É isso aí, a vida é pura vingança. E então Maxwelson cresce, sente os hormônios fervilharem em seu corpo adolescente e resolve que é hora de botar pra quebrar com as menininhas. "Oi, prazer, meu nome é Maxwelson". Gargalhadas non-stop, que se repetem por um bom tempo e com toda menina que nosso intrépido rapazote tenta passar o xaveco. Resta a ele três alternativas: auto apelidar-se Max (é nome de cachorro, mas antes cachorro que aberração), virar jogador de futebol promissor na cidade ou tornar-se um psicopata que comete atrocidades nos cartórios de Maceió.
É por causa de histórias como essa que acho que a escolha de um nome é importante. Se Fernanda Montenegro se chamasse Kelly Cristine Montenegro, ela provavelmente atuaria em novelas mexicanas ou estaria no caixa de algum supermercado de bairro. Exageros à parte, me peguei esses dias divagando sobre a força de um nome quando resolvi ter (de novo! de novo!) um blog. Que nome eu poderia dar?
Havia pensado em "About a Girl", por causa do livro do Nick Hornby. Porque referência é tendência de mercado. Já tinha alguém usando esse nome. "A Pecadora", uma brincadeira tanto com o fato d'eu já ter pecado muito na vida (ei, peralá: TODO mundo já pecou demais na vida. E eu nem sou católica, então tire esse sorrisinho maroto do canto da boca, valeu?) quanto com o fato do nome soar meio de novela mexicana. Pra quem já teve blog em homenagem ao Cirilo, isso não seria novidade alguma. Blé, já tinha alguém usando. Nome de um outro blog que tive, que fazia referência ao Nelson Rodrigues. O nome é legal, mas me lembra uma época conturbada do ano passado, e atualmente eu só quero é ser feliz e andar tranqüilamente na favela onde eu nasci. Passo, portanto. Nome de livro? Personagem de filme? Nome de algum ídolo? Não, não, não. Não tenho ídolos e sou péssima pra pensar em referências úteis quando preciso delas.
E música? Não tenho uma música preferida, gosto de muitas. Não tenho uma banda favorita, gosto de muitas. Pensei na frase que mais falo: foda-se. Bah, lógico que alguém já registrou esse nome. Enquanto chafurdava nas dúvidas, abri o iTunes e comecei a ler os nomes das músicas. E tem uma música que eu adoro, mas adoro ainda mais o nome: "You and I misbehaving". Acho esse nome sensacional porque sugere muita coisa. E parte das coisas são safadinhas e eu acho que coisas safadinhas são necessárias pro bem-estar das pessoas e convivência em sociedade. Mas não queria usar o nome da música mesmo, é meio pagação de pau e eu já disse: não tenho ídolos nem música favorita.
Foi aí que após muitos neurônios perdidos e tempo gasto nasceu meu Maxwelsinho. Deu trabalho e eu sou mãe coruja, por isso, caso tenham achado esse nome uó, façam exatamente como todo mundo faz quando vê um bebê que mais parece um filhote chorão de pug sem pêlos na cara no colo da uma mãe orgulhosa e com um sorriso bobo nos lábios: minta. Descaradamente.
"Nooooossa, que nome genial!"
Obrigada, obrigada.
É por causa de histórias como essa que acho que a escolha de um nome é importante. Se Fernanda Montenegro se chamasse Kelly Cristine Montenegro, ela provavelmente atuaria em novelas mexicanas ou estaria no caixa de algum supermercado de bairro. Exageros à parte, me peguei esses dias divagando sobre a força de um nome quando resolvi ter (de novo! de novo!) um blog. Que nome eu poderia dar?
Havia pensado em "About a Girl", por causa do livro do Nick Hornby. Porque referência é tendência de mercado. Já tinha alguém usando esse nome. "A Pecadora", uma brincadeira tanto com o fato d'eu já ter pecado muito na vida (ei, peralá: TODO mundo já pecou demais na vida. E eu nem sou católica, então tire esse sorrisinho maroto do canto da boca, valeu?) quanto com o fato do nome soar meio de novela mexicana. Pra quem já teve blog em homenagem ao Cirilo, isso não seria novidade alguma. Blé, já tinha alguém usando. Nome de um outro blog que tive, que fazia referência ao Nelson Rodrigues. O nome é legal, mas me lembra uma época conturbada do ano passado, e atualmente eu só quero é ser feliz e andar tranqüilamente na favela onde eu nasci. Passo, portanto. Nome de livro? Personagem de filme? Nome de algum ídolo? Não, não, não. Não tenho ídolos e sou péssima pra pensar em referências úteis quando preciso delas.
E música? Não tenho uma música preferida, gosto de muitas. Não tenho uma banda favorita, gosto de muitas. Pensei na frase que mais falo: foda-se. Bah, lógico que alguém já registrou esse nome. Enquanto chafurdava nas dúvidas, abri o iTunes e comecei a ler os nomes das músicas. E tem uma música que eu adoro, mas adoro ainda mais o nome: "You and I misbehaving". Acho esse nome sensacional porque sugere muita coisa. E parte das coisas são safadinhas e eu acho que coisas safadinhas são necessárias pro bem-estar das pessoas e convivência em sociedade. Mas não queria usar o nome da música mesmo, é meio pagação de pau e eu já disse: não tenho ídolos nem música favorita.
Foi aí que após muitos neurônios perdidos e tempo gasto nasceu meu Maxwelsinho. Deu trabalho e eu sou mãe coruja, por isso, caso tenham achado esse nome uó, façam exatamente como todo mundo faz quando vê um bebê que mais parece um filhote chorão de pug sem pêlos na cara no colo da uma mãe orgulhosa e com um sorriso bobo nos lábios: minta. Descaradamente.
"Nooooossa, que nome genial!"
Obrigada, obrigada.
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