segunda-feira, 5 de novembro de 2007

All the bizarre people, where do they all come from?

ou "Crônicas de uma noite"

No mundo real...

- Roberval já ficou com Amarilda. Uma noite quase mágica, aquela. Legal de verdade. Amarilda, apesar de estar numa fase de desapego, além de se impressionar bastante com Roberval, ainda pensou "com esse vale a pena ficar de novo, com certeza".

- Floyd e Rosinha ficaram uma noite. Começaram a conversar e quando viram, estavam aos beijos. Nada de mais para ela. Mas, para ele, aparentemente foi bastante legal. No entanto, também aparentemente, ambos ficariam novamente.

- Robério e Amarilda nunca tinham se visto na vida. Até que ele a viu no bar. No meio daquele monte de gente que passava. Ele não parava de olhar, ela achou que ele tinha uma vibe meio Roberval, era esteticamente aceitável, por que não retribuir os olhares?

- Bode e Amarilda haviam se visto umas 3 vezes na vida. Em todas ele havia sido bastante antipático. Digamos que ele parecia ignorá-la. Olhava de longe, mas não se dignava nem a cumprimentá-la, sendo que ela havia se reapresentado a ele não tinha nem uma semana. "Ele me acha feia, boba, xixi e cocô", era isso que Amarilda pensava. Enfim, não era o primeiro e nem o último, e ela nem tinha interesse nele.

No mundo bizarro...

- Amarilda estava de visita na cidade de Roberval. Ela de corazón partío, ele havia sido tão legal naquela vez, por que não ficar de novo? Simples: não ficaram de novo na primeira noite porque Roberval chegou ao bar mais bêbado que o Jeremias. Os cabelos desgrenhados e a roupa amarfanhada que lhe renderam a alcunha de Mendigo Bahia só depunham contra sua pessoa. Trançava as pernas, o pobre diabo. Ao se dirigir à Amarilda e sua amiga, ele gritava o nome delas. Dava medo, porque parecia realmente que se ele pudesse, MATARRA MIL. Não ficaram na segunda noite porque, não sabemos se imbuído da vergonha por ter aparecido no evento pior que o Mussum nos áureos tempos ou se imbuído do mais alto grau de molecagem e bipolaridade, Mendigo Bahia resolveu praticamente ignorar Amarilda. Ele não estava "playing cool", ele estava "playing dumbass" mesmo.

- Floyd passou duas noites sem saber se beijava ou comprava uma bicicleta. Ou melhor, se beijava ou via a banda e abraçava os amigos, porque essa era a vibe. Ele não estava numas de fazer companhia à menina que ele havia convidado a visitá-lo. Ele não estava numas de ser homem e dizer "olha, não rola". Ele estava numas de cantar Pink Floyd de olhos fechados.

- Robério olhava. Olhava. Olhava. E nada fazia. Aí olhava de novo. Sorriu para Amarilda. Sorriu para Rosinha. O rapaz era só sorrisos. Mas nada de vir conversar com ninguém. Amarilda se esqueceu como se paquera, Rosinha teve o insight e puxou papo com ele, os três começaram a conversar. Ou ao menos as duas tentaram, porque o rapaz não conseguia juntar 5 palavras numa frase que fizesse algum sentido. Com certeza ele falava palavras num tom que só os cachorros ouvem, no meio das palavras jogadas de suas frases. Culpa das duas, quem mandou não serem cadelas?

- Bode passava com sua cara de mau humor e olhava de canto de olho pra Amarilda. Ela realmente achava que ele a detestasse e a achasse pior que filhote de coruja. Porque né, tanta cara feia, não pode ser coisa boa.

O desfecho...

- Roberval foi gratuito e grosseiro, mas passava por Amarilda e olhava pra ela. Olhava de longe, olhava de perto. Ao ver Amarilda conversando com Robério, ficou por perto e virava o pescoção pra ver o que estava acontecendo. Amarilda parou de conversar com Robério e foi refletir sobre a miséria humana num canto. Roberval passava, olhava e seguia. Sempre com pose de cool. Encontraram-se no bar, começaram a conversar e ele foi gratuito. Grosseiro. Desnecessário (Ele: hoje tomei 5 litros de Coca-Cola. Ela: Pra curar a ressaca ou... Ele não espera ela completar a frase. Já manda um: NÃO! Pra dar ressaca! Que pergunta mais óbvia! E não, o tom não foi de brincadeira, assim disse Amarilda). Há anos Amarilda não passava por uma situação tão idiota. Saiu de perto, afinal, as pessoas têm o direito de não querer. Mas Roberval CONTINUOU a passar por ela e olhar. Olhar de perto e olhar de longe. Faz algum sentido? Se você não acha a pessoa interessante, por que olha tanto?

- Floyd ficou lá, curtindo a banda. Foi alvo de milhares de piadas. E, quando Rosinha já estava cansada e tentando largar Robério a falar sozinho, Floy chega pros amigos e solta a pergunta de um milhão de dólares: "pô, será que se eu chegar na Rosinha ela fica comigo?". Dois dias depois. Duas noites depois. Horas de conversa depois. Depois de largá-la sozinha em vários momentos porque a VIBE era da banda e seus covers de Pink Floyd. Depois de tê-la convidado a ir pra sua cidade. Faz algum sentido? Se você não sabe brincar, não desce pro play. Se você não sabe se portar feito homem, deixando claro se você quer beijar ou comprar uma bicicleta, se você não consegue entender que ficar não é se casar, na boa, vai pra casa ficar vendo DVD de rock progressivo sozinho.

- Robério queria ser chef de cozinha, mas não cozinhava nada e nem pretendia estudar a respeito. Diz que um dia vai criar pratos geniais e ponto final. Robério adora francês, mas não fala nada e nem estuda. Só que escreve músicas em francês, olha que curioso. Não tenta escrever textos, não... Ele já pula pra músicas. Músicas! Usando apenas o dicionário. Robério também contou que cheirava cola e que sua noite anterior tinha sido óótima. Ou seja, Robério é um idiota. Faz algum sentido? Você ocupar lugar no mundo sendo que seu cérebro é menor que o de uma couxe de Bruxelas? Se você não sabe conversar com duas moças, se suas frases não fazem sentido no Planeta Terra... Bem, sei lá, isole-se numa montanha, porque sua existência pífia não faz muita diferença na humanidade. Ou não, né. Você, ao que parece, é igual a 90% das pessoas do mundo: ou seja, estúpido.

- Bode, no final da noite, chega pro irmão do amigo de Amarilda e também pro amigo de Amarilda e diz que quer falar com ela porque acha que ela é uma moça interessante. Sabiamente, o irmão do amigo diz: "ué, vai lá". Ao que Bode responde: "Ah, não, fala pra ela vir aqui". Faz algum sentido? Ignorar a mulher por duas noites, não cumprimentá-la, passar por ela com cara de mau humor. Pra depois querer algo com ela? E mais: faz sentido você falar pra ela ir até você, quando o interessado é... VOCÊ? E não ela? O que é isso? Psicologia reversa? Você finge que não gosta pra mostrar que gosta? Onde isso deu certo? No Timbuktu?

E se você chegou ao final desse texto...

Amarilda e Rosinha passam bem.

E sim, eu sou revoltada. Sim, eu estou indignada. Porque eu não me conformo que o mundo esteja produzindo tanta gente bizarra assim. Sabe o quanto cansa não conhecer gente que saiba conversar? Sabe o quanto cansa conhecer gente com comportamento bipolar? Sabe o quanto cansa conhecer gente que não sabe se fode ou se sai de cima; que não sabe manter uma possível amizade com quem ficou mesmo que não queira ficar mais; ou, ainda, que não sabe se está interessado ou não, mas que, por via das dúvidas, decide ser grosso? Pra quê?

Eu abdico do mundo, sabem.

Castidade é o que há.

14 comentários:

Paulo Tiago disse...

Me pergunto de onde vem tanto ódio, Amarilda... mas such is life, não é mesmo? É de tombo em tombo que a vida vai pra frente. Só podia ser mais fácil constatar isso.

Camila disse...

Paulo, eu já levei um monte de tombos. Vem daí a revolta. A vida vai pra frente, mas iria pra frente de uma maneira bem mais bacana se houvesse menos bizarrice no mundo.

Miru disse...

é tragicômico, gata. nada além disso.

:***

Ariett disse...

O que eu posso te dizer é: te compreendo TOTALMENTE!

Anônimo disse...

O mundo gira, a lusitana roda, passam-se gerações e nosotros continuamos os mesmos, a tatear no mundo feminino qual Mr Magoo, perdidos como motoristas em estradas de densa neblina.

Camila disse...

Margot, é tragicômico porque a gente consegue fazer piada de todo e qualquer tipo de desgraceira, incluindo a nossa.

Ariett, obrigada pela compreensão!

fl, sabe de uma coisa? Não tem TANTO segredo assim. Ao menos não nos casos mencionados. Bastava educação, um pouco de noção, honestidade e algum remédio que acabe com o distúrbio bipolar e VOILÁ...

Menina Dedê disse...

Mas ainda assim choveu na sua hortinha, hein?

Camila disse...

Ione, não sei se eu quero outra "chuva" dessas, viu. Chuva de gente aperrengada não faz crescer minha horta, HA!

Anônimo disse...

Eu li ontem essa historinha. concordei.
Li hj de novo. concordei mais uma vez.
Ao inves de oferecerem amendoins para acompanhar a cerveja, talvez seja sensato trocar por lítio (pro transtorno bipolar).
Assim quem sabe o mundo comece a fazer algum sentido...

Lorde David disse...

Bizarro tudo isso, hehehe. Um beijo.

Felipe Lobo disse...

É foda viu Chu, eu sinto isso também. Homem também passa por isso, porque há muita mulher bizarra no mundo tb. Coisa do tipo não saber se quer ficar com vc ou com um cara que confessa não saber se gosta de mulher ou não; ou alguém que diz que o noivado vai muito mal, fica com vc, fica te dando esperança por meses a fio e casa com o cara; ou ainda alguém que diz que gosta de vc, mas vc vai atrás e a pessoa não pode, não pode, não pode, não pode. Ou talvez ainda o caso da menina que diz que prefere namorar comigo do que com o namorado oficial, mas que não quer trocar o oficial pelo oficioso, oficialmente.
Bizzaro, bizarro.

Bom ler vc, sinto-me representado nas tuas palavras.

beijos

Camila disse...

adri, sua idéia é sensacional! Não quer divulgar isso pro mundo? Acho que tudo seria mais legal, viu...

David, nem me diga... Se vc achou, imagine eu, que estava lá. IN LOCO.

Felipe, é bom saber que não são só os homens que piram. Se bem que eu sei o quanto mulheres podem ser insanas. E quando o são, são piores que os homens.

Juliana Eliezer (Joo) disse...

Chuchu, tô há um tempão sem conseguir ler blogs, e você é prolixa como eu. Hj tô conseguindo (mais ou menos) me atualizar, e aí me deparo com isso aqui. Zentchi, eu já senti isso taaaaantas vezes... Já fui Amarilda, já fui Rosinha, e de repente já fui até Bode...

Hoje eu estou aprendendo outra lição. A de que, após ter encontrado alguém "com quem conversar", após ter dito (sinceríssimamente) a palavra que começa com A e nisso ser correspondida, ainda assim, love is NOT all you need.

Você precisa estar preparada pra se despir dos seus recalques e trauminhas, aceitar o outro e bater o pé pra ser aceita.

Senão, back to chastity just as same.

Juliana Eliezer (Joo) disse...

Ah, esqueci de dizer: já tive um blog onde assinava´"Eleanor Rigby". Aaallllll the lonely peeeeopleee...