sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Trilha sonora do dia

Em "Três vezes amor" (a comédia romântica mais perfeita e fofa do mundo), Will Hayes começa dizendo que gosta de achar a trilha sonora perfeita para o dia. Música sempre ajuda. No tsunami que foi minha vida no ano passado, por exemplo, eu passei meses e meses sem ouvir nenhuma música triste. Nenhuma. Eu fugia de músicas melancólicas como o Cascão foge de água, como o Diabo foge da cruz, e assim por diante. Eu peguei pesadíssimo no universo pop e ouvia muitas músicas da Madonna, Britney Spears, Beyoncé e Justin Timberlake. Por meses, aliás, eu SÓ ouvia músicas deles. São animadas, me faziam sentir vontade de dançar e funcionavam quase como uma droga. Fosse eu só um pouquinho mais fraca, eu provavelmente teria me tornado uma usuária constante de maconha, mas como eu sou careta com algumas coisas, era a música pop que me fazia viajar para longe do inferno que eu vivia.

2009 chegou e tudo mudou. E aí minha trilha sonora pessoal pôde se abrir novamente, a todos os tipos de música. Não só mais pop no meu Ipod, embora muitos megabytes sejam dedicados aos "queridos" que me ajudaram a não enlouquecer (Madge, Brit, B. e Justinlicious, love you all). E agora eu poderia procurar a trilha sonora dos meus dias. Mas que música tornaria meus dias melhores? Não estou passando por nem um vinte avos de todo o drama do passado, mas parece que eu ainda me apego somente a músicas que possam me animar e me fazer pensar em dançar. E por que isso? Porque, a verdade, é que a minha cabeça está cheia, cheia de pontos de interrogação. Sabem quando você trabalha, trabalha e não chega a lugar nenhum? Mas você não vai mudar de profissão, porque você ama o que faz. Só que você, no meio de sua crise de identidade dos quase 31 anos, está cansada de pensar nos pontos positivos do que você faz simplesmente porque você tem que trabalhar MUITO, mas MUITO MESMO pra ter retorno. E esse retorno não tem incluído estudos. Eu sou nerd, eu amo estudar, eu amo uma sala de aula. Mas cadê? E esse retorno não te permitiu ir visitar os amigos que você ama e moram longe, lá na Dinamarca. E esse retorno ainda não te permitiu viajar pra Inglaterra. Nem pra França. Os dois países que você mais sonha na vida em conhecer. Sabem? Quando você faz, faz e parece que tudo acaba indo pro banco, ou pro cartão de crédito, ou pros restaurantes, já que você precisa se alimentar durante a semana e coisa e tal? Então.

Estou cansada. Fisicamente. Emocionalmente. Cansada de fazer e fazer e esperar que algo aconteça, mas nada muito concreto acontecer. E aí tudo me deixa triste. O fato de nunca ter ido a Glastonbury procurar por Avalon (desculpem, é um amor antigo esse que tenho pelo Rei Arthur e um sonho antigo procurar por Avalon, ainda que não faça sentido algum para vocês) me fez chorar ontem. Olha que ridículo. Pra quê sofrer por isso? Acho que só porque já estou chateada com tanta coisa séria que eu precisava de algo ridículo. Pra distrair. Comecei a tomar vitaminas pra ver se melhoro, mas estou a um passo de tomar Maracugina ou coisa que o valha. E, claro, tudo acaba virando cansaço físico. Em alguns dias como ontem eu tenho vontade de sair correndo e nunca mais voltar. Em alguns momentos São Paulo é a cidade mais opressora do mundo. Com esse trânsito interminável, esses dias cinza, com pessoas muito sem-educação que ouvem a porra da música do celular alta dentro da droga do ônibus. Que sempre demora. E, aliás, o sistema de transporte daqui é uma merda. A cereja do bolo realmente são as pessoas com SUAS trilhas sonoras pessoais querendo torná-las públicas. E eu odeio isso. Eu posso estar sem trilha sonora, mas não quero a dos outros.

Aí hoje eu deixei o iTunes no random e acabei ouvindo uma música que não ouvia desde 2006. Não sei por quê essa música sempre me tocou de alguma maneira. E eu ouvia-a repetidamente em 2006, na época em que fui ao show deles. E acho ue achei a minha trilha sonora pra esses dias cinzas e confusos. De crise de identidade aos quase 31 anos. E acho que essa música me faz pensar por causa dessa parte, em especial:

"Another day, another night, another year
Another smile, another lie, another tear
This better not be all I got
I never thought I'd end up here

Friday night I'll raise my glass and say
"Tomorrow things will change! I can't afford to wait."
But by Monday morning my alarm clock knows
How this story goes and the ending's the same as the start"

Será que a vida é mesmo somente essa sucessão de dúvidas, crises e trilhas sonoras que acompanhem tudo isso?

9 comentários:

Danielle disse...

Retorno no Brasil tem hora que soa como utopia, ne? Mas resta a trilha sonora e pelo menos você tem bom gosto e respeito pelo ouvido alheio.

Não sei mais o que falar, espero que você não ache estranho uma “estranha” comentando assim de supetão, blog é meio novidade pra mim.

Momento Descontrol disse...

Ai, tanta coisa pra te dizer e nada ao mesmo tempo. Antes de mais nada, três vezes amos é o filme mais lindo do mundo e Will Hayes é o homem da minha vida. Em segundo lugar, me desculpe por ter falado de Glastombury, agora estou me sentindo culpada. e eu sei bem o que vc está sentindo porque foram 12 anos de querer achando que era impossível antes de finalmente comprar a passagem e ir realizar meu sonho. Quando a hora chega, ela chega e não tem conta que impeça. Pode acreditar.
E eu queria que todas as pessoas que ouvem musga alto no celular morressem afogadas no próprio vômito.

Ursão disse...

Entendo perfeitamente o que você está sentindo, todo mundo em algum momento acaba tendo uma crise dessas. É muito ruim sentir que nosso mundo está estagnado e não saber o que fazer pra que ele volte a girar. Parece que nem o ar não circula direiro. Preisamos mesmo nos apegar às coisa boas, aliás, parabéms pela escolha, concordo que música é uma opção mil vezes melhor que maconha. Quanto aos sonhos, infelizmente muitos deles acabam ficando guardados numa gaveta mesmo, acabamos tndo que nos contentar apenas em admirá-los, mas na minha humilde opinião, ainda é melhor que não tê-los. Além do mais, pode ser que algum acabe se tornando realidade, acho muito mais válido ter fé nos nossos sonhos que em coisas inúteis que muita gente acredita.
Vou ficando por aqui, já me empolguei demais. Desculpe por todo esse blá blá blá meio auto ajuda, espero ter ajudado de alguma forma. Força aí, moça, uma hora o céu se abre.

gi disse...

Linda, o que eu posso te dizer aqui de longe é: quando o retorno chegar (e ele chega, um dia, sempre chega) compre a passagem pra cá. Eu te hospedo, dou casa, comida e roupa lavada. É sério. Dizem que Londres é cara, mas não é verdade: alimentação e hospedagem são caros. Mas isso você vai ter de graça comigo!

Cultura é de graça!!! (não paga pra NENHUM museu) e transporte: dá-lhe busão.

Se isso te ajudar no teu sonho, linda, estou aqui. Mesmo. Mesmo, mesmo. E passagem pra Dinamarca pela Ryanair e Easyjet é uma piada de tão barato. Você sempre terá um porto seguro aqui.

Beijo, amora.

Ursão disse...

'As Harold took a bite of a Bavarian sugar cookie, he finally felt as if everything was going to be ok. Sometimes, when we lose qurselves in fear and despair, in routine and constancy, in hopelessness and tragedy, we can thank God for Bavarian sugar cookies. And fortunately, when there aren't any cookies, we can still find reassurance in a familiar hand on our skin, or a kind and love gesture, or a subtle encouragement, or a loving embrace, or an offer of comfort. Not to mention hospital gurneys, and nose plugs, and uneaten Danish, and soft-spoken secrets, and Fender Stratocasters, and meybe the occasional piece of fiction. And we must remember that all these things, the nuances, the anomalies, the subtleties wich we assume only accessorize our days are, in fact,here for a much larger and nobler cause: they are here to save our lives.I know the idea seems strange, but I also know that it just so happens to be true. And so it was: a wristwatch saved Harold Crick."

Foi descrito como não sendo a melhor literatura inglesa dos últimos anos, mas ok. De qualquer forma, achei oportuno. Beijos linda, luv u!

Diário Virtual disse...

Nossa... super me identifiquei... ainda bem que tem pessoas que pensam que nem eu, assim a minha fonte de vitaminas pode ser ler post que nem o teu.

bjos e boa semana

Fabi disse...

Assino embaixo. É quase como se você tivesse lido meus pensamentos!

Caco disse...

Isso está me soando como Retorno de Saturno. Ele costuma acontecer ao redor dos 28. Será?!

O que tenho a dizer é que depois que passa, tudo fica mais bonito, mais azul e as trilhas sonoras mais bonitas.

Beijos
CACO

Carol disse...

Camis,

teu email é o do terra? me bateu uma vontade mega master de te escrever ao ler este post.

Sobre as trilhas sonoras publicas, aqui no Rio acontece, como vc já deve ter presenciado. Funk. Mas como meu primo diz, o funk tem um papel social - ainda que bizarro. Quando começa é aquele momento em que vc diz: "valeu, gente, obrigada por tudo, mas agora eu virei puta. Beijo".
Mas, mesmo assim, fico num mau humor abissal. Dá vontade de revidar e colocar todo mundo pra ouvir Arnaldo Antunes. Rá!

Beijo, Gata!