segunda-feira, 11 de abril de 2011

Bolo e café - e um fim de tarde delícia


No final da tarde de ontem choveu muito aqui em São Paulo. Eu estava há horas ininterruptas lendo um livro ("Cheio da Charme", da Marian Keyes, caso estejam curiosos. Recomendo a leitura, mas, embora seja do gênero chick lit e coisa e tal, não é um livro leve. Longe disso, aliás) e precisava esticar o corpo e dar uma pausa na leitura. Meu corpo já estava doendo de tanto ficar sentada. Meu marido estava trabalhando na interminável monografia. Decidi, então, bater um bolinho. De banana, pra usar as bananas que eu tinha em casa.

Eu amo bolos simples. Daqueles de comer no lanche da tarde, sabem? Amo. Adoro bolos complicados, não tenho problemas com cupcakes (embora deteste o hype), adoro muitas coisas diferentes culinariamente falando e não tenho preconceitos, também culinariamente falando. A não ser que vocês queiram que eu coma ovo podre ou queijo com larvas. Aí não dá. Mas, no geral, gosto de muita coisa. E acho que, hoje em dia, existe toda uma glamourização de coisas que deviam ser simples. Bolo de vó é e sempre será bolo de vó. Bolo de lanche é e sempre será bolo de lanche. Sem viadagens. Sem milhares de coberturas e recheios. Tem coisa mais gostosa que ir pra cozinha numa tarde chuvosa, bater um bolinho rápido e simples e depois tomar com café? Ok, sim, há coisas melhores. Mas, dentro das possibilidades de um domingo chuvoso, um bolinho simples recém saído do forno, um cafezinho recém passado, são coisas deliciosas da vida.

Minha mãe e minha tia se reuniam pra tomar café, no final da tarde, quando eu era adolescente. Era quase um ritual. Fazia-se bolo ou bolinhos de chuva. Minha mãe ficava horas fritando bolinhos pra todos comerem. Às vezes eu fazia pãezinhos de minuto, daqueles que saem do forno gritando por um pouco de manteiga. Minha mãe e minha tia ficavam conversando. Às vezes havia outras mulheres junto. Eram horas de conversa, várias garrafas de café, eu lá, tentando participar dos assuntos que não me diziam respeito. Café, bolo, bolinhos de chuva ficaram grudados em minha memória como "coisas gostosas pra se fazer com as amigas".

Nunca pensei que esse hábito era coisa de gente mais velha. Dificilmente minhas amigas virão do nada aqui em casa prum café com bolo e horas de prosa. Isso é coisa de interior, né? Mas nossa, eu amo isso. Podem me chamar de velhinha. Não ligo. Mas eu acho que existe tanta coisa boa envolvida num simples bolinho recém assado, uma xícara de café e dois dedos de prosa que não consigo mesmo entender como esse hábito não é mais disseminado aqui nessa cidade. Bolo de vó é sinônimo de casa com amor. Dedos de prosa, com um cafezinho fresco, são sinônimo de cumplicidade. Amizade.

Por isso, eu digo: façam mais bolinhos de vó. Tomem mais café com as amigas. Ou com o marido, esposa, namorado, namorada. Tenham dois dedinhos de prosa sentadas na cozinha mesmo, enquanto o bolo assa. Coisas simples assim deixam o coração tão quentinho e a vida mais gostosa. :)

9 comentários:

Sueli disse...

Filha! te digo uma coisa... eita lembrança boa de bolo ou bolinhos de chuva... e não acho que seja coisa de " velhinha" rsrsrsrs.
Qtas vezes vi esta cena com a Vó Janda, antes da minha curiosidade e me meter a fazer os tais bolinhos, depois que aprendi... ela não quis mais saber!
Me parece coisa de interior, e a " rústica aqui " gosta demais, muita conversa boa, muitos momentos bons, e qtas vezes já pensei qdo farei para os meus netos, já imaginou a bagunça ? bj

Viviane disse...

Falou tudo, eu também sinto falta do bolinho com café à tarde. São Paulo não incentiva essa convivência...

Ge disse...

eu tinha escrito aqui um comentário gigante sobre todas as lembranças causadas pelo seu post, mas não deu certo. então, decidi que vou escrever um post a respeito, porque era grande demais pra um comentário.

venho sempre aqui e adoro!;*

Ge disse...

que bom que você gostou!

e, viu, eu acabei de comprar umas bananas e muito ia gostar da receita desse seu bolo! é dessas de família ou é divulgável?

Dáfni disse...

Adoro café da tarde! Sou muito fã mesmo... E todas as vezes que vou a Curitiba (onde cresci), minha mãe faz o cafezão da tarde e a gente fica ali, comendo e conversando... É uma lembrança muito boa da minha infância!

Beijos

raquel a. disse...

caí aqui pelo blog da gê e gostei um tantão desse post!

a gente às vezes vai buscar felicidade tão longe quando é tão simples, né? um pouco de farinha, ovos, pessoas e amor.

Anônimo disse...

Cá, que lindo seu post... Me deu vontade de ir até ai e sentar pra comer um bolinho com café e ter horas de conversa com vc... Vou ver se crio uma tradição de comer bolo com café pelo menos uma vez por semana... E eu por mais que me doa reconhecer, eu hoje moro no interior. Do lado da minha casa tem um milharal, e um dos meus vizinhos tem cavalos e vacas como animais de estimação =) beijos mil e muitas saudades...

Dri disse...

Bolo, café, coração quentinho... gostoso, como a vida deve ser!

Patricia Scarpin disse...

Se isso for coisa de velha sou uma anciã, querida. ;)

Amei esse bolo! Bolo de banana é um dos que mais gosto. Aliás, vc me inspirou a procurar uma receita bacana pro final de semana.

Bolo sem viadagens me fez chorar de rir. :)

Beijo!