domingo, 17 de abril de 2011

Professor

Durante todo o curso do CELTA eu fiquei apaixonada por um dos meus professores. "Apaixonada" com muitas aspas, ele é gay e eu sou mulé comprometida. "Apaixonada" de admirá-lo, porque ele é um profissional incrível, que sabe MUITO, era meu professor mais casca grossa, mais exigente e mais respondão. Como tudo isso pra mim são grandes qualidades, ficava lá, babando nas aulas dele. Nerd é assim mesmo, não tem jeito. Sempre falava pro meu marido que queria ser amiga dele. No último dia de curso eu criei coragem, cheguei pra ele e disse:

- Professor, eu te acho tão legal, você quer ser meu amigo?

Foi isso, eu pedi meu professor em amizade. E, embora ele tenha me olhado com cara de "que louca", respondeu de maneira super fofa e aceitou meu pedido. Quando os resultados do curso saíram, eu fiquei muito revoltada. Pessoas que ao meu ver não mereciam passar, passaram. Uma mulher que estava no meu grupo e foi extremamente folgada e ligeiramente desonesta passou. Ela abusou de mim e dos meus amigos de grupo. E, digo de novo: nerd é assim mesmo. Eu nem devia ligar, mas ligo. Fiquei com aquilo entalado na garganta. Sei que é caxias demais achar que só quem merece deve passar, o mundo não é assim e coisa e tal. Tive que refletir muito pra aceitar que eu não tenho como mudar a pessoa que não gosta de estudar. E pra concluir que, no final, a prejudicada será sempre ela, que nunca vai conseguir se garantir como profissional.

Ontem eu chamei meu professor (ele não me dá mais aulas mas será sempre meu professor) pra sair comigo e com uma das meninas do curso. Uma menina muito legal, que meio que me pediu em amizade - não do mesmo jeito cara-de-pau que eu pedi o professor, mas no último dia de curso ela falou "eu vou tanto com a sua cara, tenho certeza que vamos nos encontrar muito ainda". E eu achei fofo, porque também vou com a cara dela. Pois bem, ontem marquei de sair com ela e disse que ia chamar o professor - ela também adora ele. Pra nossa surpresa e alegria, ele foi.

E no meio do monte de bobagens que conversamos, no meio de todas as polêmicas faladas, não aguentei e perguntei a ele que merda foi aquela da tal mulher ter passado - estávamos num momento de descontração, achei que a pergunta não ofenderia. Não ofendeu. Ele disse que já sabia que eu estava incomodada com isso. E me explicou algumas coisinhas. E, nisso, eu percebi que um dos motivos d'eu gostar tanto dele é o fato de nenhum de nós conseguir segurar muito o que pensa. Incomodou, falou. É bom conhecer pessoas diferentes na vida. Eu adoro, acho saudável não viver numa bolha cercada de iguais. Mas também é bom ter ao seu redor pessoas que pensam parecido. Eu passei meses achando que era uma nerd muito chata que se preocupava com a nota alheia (não é essa a história do meu incômodo, mas deixarei assim). No fim, tive a certeza de que meu professor, que eu admiro tanto, se incomodaria tanto quanto eu. E isso, querendo ou não, é reconfortante.

Também é reconfortante saber que seu professor dança com você até o chão numa boa, mas isso é história pra outro dia. :)

2 comentários:

Marina disse...

Oi
Você recebeu meu e-mail? Te mandei há um tempão e não tive resposta.
Abraço!
Marina

Unknown disse...

Oi, Chu!
Aconteceu exatamente a mesma coisa comigo! Ele é apaixonante de várias formas e eu ficava babando também apesar de saber de toda platonice e também ter namorado, mas é engraçado! Eu falava pras meninas de curso: "I have a crush on him" e elas morriam de rir, mas era no sentido de amizade mesmo rs! Dá uma vontaaaaade de ser amiga dele! É uma pessoa da qual você nunca quer se afastar. Dá um orgulho, né? Ele é sensacional!!!! Adorei seu post. Bjão!!