sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Um ano
Os dias seguintes foram tristes e estranhos. Até hoje eu penso quase todos os dias da mesma maneira que comecei a pensar naquele dia, naquele 11 de outubro: "dos males o menor". Fiz muito esforço para não fazer drama, para ser positiva, para me manter bem, porque tudo isso é essencial. E todos os dias eu pensava "dos males o menor, que bom que não é um tipo pior de câncer, que bom que não farei quimioterapia". Eu precisava desse consolo. E preciso dele até hoje.
Um ano depois eu posso confessar que eu fiquei apavorada. Muito apavorada. Eu tive crise de ansiedade. Crises. Eu sabia que não ia morrer, mas é horrível saber que tem uma coisa daquelas no seu corpo, que pode se espalhar. Eu tive sorte de ter um tipo de câncer que raramente se espalha. Mas existe câncer de tireoide que é mortal. Existe sim. Ou quando ele está grande, ele passa pros ossos, e aí fode tudo. Eu não tive isso e sou agradecida por isso. Mas eu fiquei apavorada. Quando eu fiz a cirurgia acordei da anestesia, a médica veio me dizer que tiveram que tirar tudo pois eu estava com os dois lados da tireoide comprometidos. Eu chorei e ela dizia "você vai ficar bem...". Eu estava chorando de alívio. Puro alívio. Porque aquele monstro estava fora do meu corpo.
É essa a sensação: que você tem um monstro crescendo dentro de si. Um monstro que assusta você, e apavora quem está com você. Eu chamei meu monstro de Voldemort. Eu até brinquei que ia dar um avada kedavra no meu Voldemort pessoal e aquilo ia acabar. Mas meu Voldemort foi e deixou pequenas consequências físicas. E, claro, psicológicas. Quem lê meu blog sabe que 2012 foi um ano horroroso em todos os sentidos possíveis. Minha vida pessoal estava uma zona, minha vida profissional e financeira estavam indescritivelmente ruins, eu me sentia sozinha, me sentia desamparada.
Sei que estou dando voltas e voltas e não chegando a lugar nenhum, mas sabem quando você precisa escrever? Fico pensando que 2013 está sendo ótimo. Mas está sendo normal. Só que nenhuma desgraça aconteceu e eu tenho plantado bem meus frutos profissionais. É isso que eu queria: um ano normal.
Essa semana um aluno meu, novinho, 23 anos, estava me falando que tem crises de ansiedade porque não sabe bem como conduzir a própria carreira. Fiquei conversando com ele e ouvindo, e comigo pensando "se ele conseguisse ao menos imaginar o quanto a vida ainda vai dar uns tapas na cara dele e depois ajudá-lo a levantar...". Só falei "você vai ver que a vida vai simplesmente acontecendo e não temos controle sobre algumas coisas. Just let go".
O que ficou do que passei ano passado é que a vida é esse exercício diário de desapego. De deixar acontecer. Ainda estou aprendendo.
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
O que vestir
Os anos passaram, eu comecei a comprar minhas roupas, eu passei a ser uma das principais responsáveis pelo lucro da Renner e da C&A, e a síndrome continuava. Balada na sexta? Ai, meu deus, o que vestir? Jantar no domingo? Ai, meu deus, o que vestir? Ida ao parque? Ai, meu deus, o que vestir? Fico tensa até hoje - até porque pagar aluguel fez com que eu comprasse bem menos roupas - e sofro um pouco calada por não ter tantas opções de variações de modelitos. Porque, imagine, repetir roupa?
Tenho a festa de um amigo nessa sexta e já sei que precisarei de uma blusa nova para ir, porque com esse grupo de amigos já esgotei meu estoque limitado de peças. "Tenho" que comprar uma blusinha nova, né? "Preciso". "Mereço". Ops, esse último, sem aspas: mereço. MEREÇO. Tenho um casamento na outra semana, e é claro que a roupa está decidida, até porque é meu único vestido de festa. Mas sofri levemente quando fui convidada, porque é casamento no fim da tarde, e puxa, será que o longo é apropriado? E pro casamento de uma das minhas melhores amigas, em dezembro? Já tenho duas opções de roupas. Natal? Usarei o vestido que eu não usar no casamento da melhor amiga (é casamento informal, né, gentz. Não vou de longo pro Natal).
Tudo isso pra contar que eu entendo, perfeitamente, quando tenho esse tipo de diálogo com uma amiga:
Eu: Então, daqui DOIS ANOS provavelmente vai rolar esse evento tal, importante.
Ela: Legal!!!! E já sei até o que vestir.
Eu: Hahahaha, que bom!
Ela: Sim, e tenho duas opções de vestidos.
Amiga, eu te entendo. E estamos juntas nessa!
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
A piada em debate
quinta-feira, 25 de julho de 2013
O atraso
Tenho esse aluno muito coxinha que trabalha ali na Faria Lima. Pra quem não conhece, essa avenida é um inferno. Ela tem mais prédios comerciais que consegue suportar e o trânsito ali muitas vezes é impossível. Pra eu chegar na aula desse aluno pego a Faria Lima quase de ponta a ponta. Por causa do trânsito, às vezes não adianta sair de casa com antecedência: invariavelmente eu vou chegar em cima da hora.
Ontem eu cheguei atrasada. Tipo vinte minutos. O trânsito não andava desde a esquina de casa. Comecei a me desesperar. O aluno me mandando mensagens "vai conseguir chegar?"
Eu me desesperei ainda mais. Mandei mensagem avisando que descontaria esse tempo da mensalidade, pedi mil desculpas, disse que compensaria esse tempo depois. Ele é super certinho, devia estar emputecido.
Cheguei na aula, o aluno entra na sala sorrindo e fala "Calma, teacher, calma que seu atraso não tem problema algum, eu entendo!"
Ele quase ganhou um abraço. :)
É bom quando as pessoas são compreensivas. Empatia é quase amor.
quarta-feira, 10 de julho de 2013
Brevíssima retrospectiva
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Desde 2007 eu vivi poucos amores. Mas bem frutíferos. Um que me fez mudar minha maneira de ver a vida, outro que me ajudou num momento muito difícil, e meu marido, amor da minha vida, que está comigo até hoje (e que continue assim amém). Meus amigos são os mesmos, com a benção de Nosso Senhor das Amizades Verdadeiras. Fiz amigos novos, é claro. Mas aqueles de anos, aqueles que uma vez me disseram que iam sair da minha vida (ah, aquela fase da stalker maravilhosa), eles continuam aqui. Sou feliz com as amizades que conquistei na minha vida. Cada uma delas. Sou feliz porque conquistei essas amizades e porque soube mantê-las - mesmo com tudo o que já me aconteceu. Acho isso uma coisa linda, mesmo. Amizades que sabem passar pelas dificuldades junto. De 2007 para cá eu soube quem é meu pai, eu fiz exame de DNA, eu conheci a família que não é minha de sangue, mas que me adotou - mesmo depois de velha. Eu perdi contato com muitas pessoas. Ainda não aprendi a "let go". Estou aprendendo, é uma luta diária. Ainda questiono todos os por quês do mundo. Das minhas relações. Ainda sou uma pessoa que pensa demais. Que analisa demais. E vejo que essas são características minhas - que não têm nada a ver com maturidade. Em 2007 eu tinha uma mãe meio ausente e muito brava, hoje em dia tenho a mãe mais doce do mundo. E presente. Perdoar é bom, viu, gente. Perdoem. E apesar d'eu saber que o perdão é bom, ainda não soube perdoar meu pai biológico. Um dia, quem sabe. Ainda não resolvi minhas questões com meus irmãos por parte de pai. Um dia, quem sabe. Mas superei câncer. Superei problemas sérios. Superei uma fase horrorosa no ano passado. Desde 2007 eu digo que minha palavra é resiliência. E continua sendo.
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Chill, bros
Com toda essa ferveção política das últimas semanas, a impressão que eu tenho é que algumas pessoas acham que se pararem de postar sobre política o tempo todo o cérebro delas vai parar e elas vão virar de direita. Ou de esquerda. Porque pra quem é de esquerda, ser de direita é ofensa e vice-versa. Então a galerosa politizadíssima tem que falar sobre seus pontos de vista e também maldizer a oposição ALL THE FUCKING TIME.
Pessoal que ama o PT acorda postando sobre o PT. Pessoal que odeia o PT acorda postando sobre o PT.
Tô quase postando no Facebook: "NEWSFLASH: seu cérebro continuará funcionando caso você não fale de política 24/7".
Quando algo que era pra ser interessante (política é interessante, vai) vira obsessão e agressão verbal o tempo todo, é melhor repensar e tomar aquela coisinha bacana chamada chill pill, sabem? Se não souber o que é, toma um prozaquinho que passa.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Segunda aula de tortura
Ontem foi hatha yoga. Que não vou explicar pra vocês o que é pois eu mesma não sei o que é. Só sei que o hatha yoga costuma ser mais dinâmico, as pessoas não ficam tanto tempo paradas no mesmo asana (postura). Vendo pela tv parece simples, né? Ficar lá, paradona na mesma postura. Gente. Não é NA-DA fácil. Primeiro que eu não tenho força nenhuma nos braços, então eles não aguentam meu corpo e eu começo a tremer feito vara verde. Quase caio em to-dos os asanas que dependem de sustentação com o braço. Ah, Camila, mas com as pernas é diferente, né, amiga? Com as pernas você aguenta.
Não, não aguento.
Minha flexibilidade é baixa. Alguns asanas dependem de ficar sobre um joelho, sobre um calcanhar, ou com os dorsos dos pés no chão, fazendo alguma outra postura com os braços, cabeça e mãos. Não aguento, meus pés começam a ter cãibras. Ontem eu senti vontade de chorar. Chorar mesmo, BUAAAAAAAAAA, não aguento, BUAAAAAAAAAAA tá doendo, BUAAAAAAAAAAAA não consigo nem respirar. Engoli o choro, claro.
Depois de tantas emoções e torsões, cheguei em casa. Dolorida. Exausta. Nunca me senti assim com academia - e olha que em 5 anos eu já fiz academia umas 5 vezes, totalizando uns 3 meses de exercícios. Mas sério, nunca me senti assim depois de malhar.
Eram 10 da noite e eu já estava na cama, tentando ler. Eu sou notívaga, não sinto sono antes da meia-noite. Capotei às 10 e meia, acordei só às 7 de hoje. Dormi direto, sem insônia, sem problemas. Só por isso o yoga já valeu o dinheiro investido.
No mais, só digo: yoga é difícil pra caralho.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
That's how I roll
terça-feira, 30 de abril de 2013
Beber vinho em casa
ser possuída pelo ritmo ragatanga e querer sair dançando pela sala toda e qualquer música minimamente "sedutante".
Na última vez em que bebi sozinha, quando percebi estava assistindo vídeo-aula de como fazer todos os passos de "Love on Top". Por razões meramente alcoólicas isso não deu certo, aí fiquei cantando "Irreplaceable" incessantemente. Essa música está no meu top 5 Beyonça, e se você discorda, to the left, to the left.
Mas sempre termino essas maravilhosas sessões à base do néctar dos deuses (vinho, geite) com QUALQUER COISA do Justin Timberlake. Pode ser Justin de cueca tocando piano, sério, tá valendo. Justin, parabéns por ess saúde maravilhosa.
No momento estou na parte de Irreplaceable. É um ciclo importante. Beijos.
segunda-feira, 15 de abril de 2013
Herança materna
Durante muitos anos eu não dei valor ao fato de saber cozinhar. As pessoas sabiam dos meus talentos domésticos e de faxina porque eu sempre reclamava de ter que passar os meus sábados limpando a casa junto com minha mãe, mas eu não comentava sobre cozinhar porque não cozinhar era meu ato de rebeldia numa fase de relacionamento difícil entre mim e minha mãe. Eu tinha tantas obrigações em casa, inclusive financeiras, não ia ter mais uma. De jeito nenhum. Além disso, comida de mamãe é coisa linda, né. Eu não cozinhava por rebeldia mas também porque mamis sempre, sempre cozinhava. E a comida era sempre boa.
Anos se passaram, eu cresci agora sou mulher tenho que encarar com muita fé, e comecei a namorar meu marido. Quando ele vinha pra São Paulo, eu cozinhava. Porque minha mãe não tem obrigação alguma de cozinhar pro casal apaixonado, né? Aí, vez ou outra, eu ia e cozinhava. E uma chama foi se reacendendo. Eu sempre achei cozinhar muito legal, quando era criança passava horas vendo livros de receitas com figuras lindas e apetitosas. Comecei a cozinhar, timidamente, pros amigos. Um risoto pra minha prima, uma torta de limão pra amiga de coração partido. Ah, vai ter almoço na casa da Renata? Eu levo a sobremesa. Pavê. Mousse. Torta.
Quando me casei, cozinhar se tornou necessidade. Mas também prazer. Eu cozinho porque comer é necessidade básica do ser humano e sair pra comer sempre é inviável - engorda e empobrece. E como eu realmente gosto de cozinhar, como a chama se reacendeu e virou uma fogueira, eu procuro arriscar, tentar muitas coisas diferentes. Eu gosto de saber sobre a culinária de outros países e gosto de experimentar coisas fora do trivial. Meu marido também. Então, por que não tentar? E nisso a coisa vai evoluindo. E você vê que como cozinha desde criança, como cresceu vendo a mãe cozinhar, como vem de uma família em que o avô cozinhava bem, os tios cozinham bem, as tias idem, algumas primas também e até o irmão preguiçoso se arrisca na cozinha; cozinhar não tem aquela pecha de "oooooohhhhh, que difícil". Você lê a receita, vai lá e faz. Se der errado, paciência. Se der certo, maravilha.
As pessoas falam pra mim "uau, tá cozinhando muito, aprendeu agora?". Não, eu sei cozinhar desde pequena, por isso, talvez, seja algo simples pra mim. Também falam "fica exibindo seus pratos em fotos, né?". Fico mesmo. Tenho orgulho do que faço, geralmente fica gostoso, por que não tirar foto? Não é pra fazer inveja, porque não tenho 12 anos, e nem pra mostrar como eu cozinho bem e sou independente e etc, porque não tenho 12 anos. É só porque sinto orgulho de saber usar as mãos pra fazer comidas gostosas. É porque cozinhar me deixa mais próxima à minha família, me faz lembrar da minha avó e do meu avô, é porque eu acho que existe uma bagagem sentimental enorme no MEU ato de cozinhar. Quando eu cozinho pros amigos, pra família, pro meu marido, pra mim, é um ato de entrega, um ato de amor. Se eu falar que vou cozinhar pra você, tenha certeza de que eu gosto de você e que farei algo de coração mesmo. Então por que não mostrar as fotos de coisas que fiz com tanto amor?
Além de tudo isso, eu acho que saber se virar na cozinha é importante. É necessário. Já vi pessoas se orgulhando de não saber fazer nada na cozinha, e eu acho que essas pessoas são meio burras, na verdade. Porque não tem orgulho nenhum em ter que gastar horrores em restaurantes. Nossa cidade está absurda de cara. Saber fazer uma omelete, um macarrãozinho alho e óleo podem salvar. É só tentar, começar, e saber que todo mundo erra.
No fim, agradeço minha mãe por me fazer ser independente em casa. Por ter me ensinado como lavar, passar, limpar e cozinhar. Porque ela NUNCA me falou que seria importante pra quando eu me casasse. Ela SEMPRE me falou que era importante pra eu ser independente em casa. Essa é uma herança que levarei comigo pra sempre. Ser independente na vida é o máximo, mas dentro da sua casa é tão bom quanto.
quinta-feira, 21 de março de 2013
Da delícia de voltar pra casa
Voltei às 3 da manhã e quando saí da balada, com meu amigo, falei "quero ir embora porque estou cansada, mas também porque estou com saudade do Thiago". Não sei se as pessoas ficam com vontade de vomitar quando falo essas coisas muito fofas de relacionamento, mas meu amigo pareceu levar numa boa. Ele é um fã desse casal Camila e Thiago. Então acho que falar aquilo foi ok. Além disso, eu sou bem reservada no quanto exponho meu relacionamento - tanto a parte boa quanto a parte ruim - então quando eu tropeço e solto uma fofurice acho que é tranquilo.
Nós fazemos coisas separados. Não é um hábito, tipo "vamos combinar que toda semana faremos algo separado". Até porque trabalhamos tanto, quando chega o fim-de-semana o bom mesmo é "ficar no grudado", sabem? Mas sábado passado ele teve um encontro de meninos e Rockband que durou o dia todo, eu tive um almoço de Saint Patrick's day o dia todo, e quando voltamos eu já me arrumei para sair e ir ao aniversário de uma amiga. Acho muito bom fazer coisas só minhas. Acho muito bom ele fazer coisas só dele. Mas acho que sabemos que estamos no caminho certo quando fazemos nossas coisas mas ainda assim sentimos aquele friozinho na barriga em voltar pra casa. Nem que seja pra cair na cama e dormir de conchinha.
É sempre bom voltar pra casa. É sempre bom voltar pra ele!
segunda-feira, 11 de março de 2013
O caminho do meio
Eu não sou a favor de radicalismo nenhum. Nem religioso, nem político, nem alimentício, nem de nada mesmo. Eu acho que o radicalismo cega. Mas quem escolhe ser radical escolhe isso, né? Escolhe ser cego e tomar a sua verdade como a verdade absoluta. E não quer nem saber de opiniões contrárias porque quem pensa diferente só pode ser burro.
Fico incomodada com os ativistas pró vegetarianismo que consideram qualquer comedor de carne um assassino cúmplice de crimes. Fico incomodada com o pessoal de esquerda defendendo o PR cegamente e acusando a direita. Fico incomodada com a direita atacando tudo o que o PT faz e só apontando o dedo pra tudo que eles acham que é merda. Fico incomodada com a militância religiosa pró Jesus mas me assusta bastante a ATEA e similares defende do o ateísmo e considerando pessoas de fé como pessoas burras. Fico incomodada com i fato de, em seus radicalismos, não verem que o problema não é a fé, e sim justamente isso: o radicalismo.
Ando bem incomodada com o mundo em geral. Com o fato de hoje em dia ser quase um crime você querer não ser radical. Eu opto sim pelo caminho do meio. Não tenho problema nenhum em me posicionar. Só não quero comprar a ideia de ninguém e ficar cega apenas acusando o mundo ao meu redor.
Seria possível?
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Escova a laser
Achei aquilo de escova a laser uma inovação, uma maravilha. Pensei que seriam tipo sabres de luz potentes que, ao serem passados em meus cabelos, já os deixariam domados, brilhosos e incríveis. Cheguei ao salão e vi que estava rolando uma linha de produção das progressivas. Ok, afinal, quem não curte uma pechincha? Ainda mais se for para Luke Skywalker das produções capilares passar o sabre de luz (no pun intended) nas minhas madeixas?
Quem me atendeu foi um travesti. Não sei se já comentei aqui, mas tenho a maior simpatia por travestis. Queria ter uma amiga trava mas nenhuma quis ser minha BFF até hoje. Pensei que aquela moça me deixaria incrível e maravilhosa. Até que ela começou a lavar meus cabelos. Lavar não, puxar os fios embaraçados como mãe que quer desembaraçar seus cabelos quando ela está brava com você. DOÍA. Olha, eu lavo meus cabelos diariamente e passo shampoo de duas a três vezes. Eu sei que é possível lavar os cabelos sem sentir dor.
Fomos lá pra cadeirinha e eu ansiosa pensando no holofote laser a que eu seria submetida, quando Rafa e suas mãos tão suaves quanto a de um lenhador começou a passar um produto. Que é basicamente o mesmo produto que passam em mim em escovas tradicionais. Cadê a porra do laser? Pensei "ah, vai ver é só depois de seco, tipo uma chapinha com laser selante (??)". Eis que a fia começa a secar com secador. Puxando como se estivesse puxando cera de depilação, sabem? Aquela força. E encostava o secador pelando no meu couro cabeludo, queimando. Eu tava quase chorando.
E cadê a porra do laser?
Até que perguntei. E descobri que a escova progressiva a laser é APENAS uma escova progressiva normal em que, no final, eles passam um aparelhinho de luz azul nos fios. Sem nem encostar neles. Parece que estão dando passe com uma luz azul. Nada de holofotes, nada de sabre de luz. Nem de Luke Skywalker. E ainda tive meus cabelos puxados.
"Ah, mas você pagou só 59 reais".
Não. Paguei mais 50 porque o produto que eles passam é daqueles de deixar 3 dias nos fios. Não posso com isso, isso faz mal. Aí, pra que eu pudesse lavar os fios quando quisesse, deveria passar um neutralizador, que custava 50 reais.
Fica a lição. Escova a laser é non ecxiste e promoção de progressiva do Groupon é coisa do capeta.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
O tal do hormônio
O TSH é o hormônio que estimula a tireoide. Quando ele está alto é sinal de hipotireoidismo, aquela doença em que você acumula líquidos, incha, sente muito sono e muito cansaço. É o que eu tinha. E por esses sintomas foi que eu procurei o médico, e por causa dessa ida ao médico foi que descobri o câncer. Esse tipo de Voldemort não dá sintomas. Eu podia não ter descoberto ele por anos. Foi por causa dos sintomas do hipotireoidismo que, indiretamente, eu descobri o que tinha que descobrir. Er... Obrigada, herança genética de hipo?
Agora que não tenho mais tireoide, tenho que tomar hormônio sintético todos os dias pro resto da vida. Tive sorte de chegarmos à dosagem quase certa em cerca de um mês e meio. Até chegar a essa dosagem eu estava bem lerda. É um cansaço que te dá e você não sabe de onde vem, só sabe que seu corpo não reage mesmo que você queira levantar do sofá e agitar todas.
Em fevereiro, com a dosagem certa de hormônio, foi que eu percebi há quanto tempo eu estava mole, lerda e não sendo eu mesma em algumas coisas. No ano passado eu passei por muita coisa ruim, mas havia um algo a mais ali, uma indisposição constante, um desânimo constante, que eu não entendia. Seria início de depressão? Não sabia.
Muito era tristeza mesmo. Mas havia uma boa parcela de problemas físicos mesmo. A disposição que tenho agora é algo que eu não tinha há um bom tempo. Não sou uma pessoa agitada "vamos acordar às 7 no domingo e caminhar", mas não sou também aquilo que eu estava no ano passado.
Nunca pensei que fosse tão bom ter a dosagem hormonal certa. Eu volto a me reconhecer em mim mesma. Sinto que volto a ser quem eu não era há algum tempo e eu sentia falta desse eu. Por isso, crianças, cuidem bem de suas tireoides. Vocês não imaginam o quanto o bom funcionamento delas é importante. :)
domingo, 27 de janeiro de 2013
Fotonovela: um dia paulistano
Logo na saída do metrô do bairro tradicionalmente oriental, índios bolivianos davam um show. Um chinês muito fora da casinha estava alucinado cantando e dançando. Não sei o que estava melhor: o show dos índios ou o show do chinês.
Hum... O melhor mesmo era esse menininho aqui ó:
Catem esse estilão! Ele era lindo e muito fofo. Até quando a mãe dele arrumava sua fantasia ou cabelo ele conseguia ser muito fofo.
Ele até encantou uma moça que acabou ficando toda torta pra tirar foto dele.
Eu tenho uma memória fotográfica insuportavelmente boa. Quando estava postando essas fotos no Facebook, vi que essa moça aí é uma conhecida moça de Twitter/redes sociais/internet. Fui ao Instagram dela (ela é bem conhecida) e pá! - lá estava a foto que ela tirou do menino lindo. Contei a ela que eu tinha essa foto, ela pediu para ver e postou-a na página dela. Coincidências dessa cidade que é enorme mas que às vezes parece um ovo. No meio da multidão e de um monte de lugares para ir e ver, você acaba vendo um rosto conhecido da internet. Ou conhecido de conhecido mesmo - já aconteceu comigo muitas vezes.
Depois de ver o show, fotografar o pequeno artista (e os grandes também) e de dar uma colaboração monetária para que eles continuem a tocar músicas típicas e não Celine Dion na Praça da Sé, ficamos com fome e procuramos algum restaurante aberto. Thiago queria me levar num lugar chinês com uma sopa de noodles excelente.
Achamos o restaurante. Na fachada, fotos dos pratos. Nome em chinês - nenhuma informação em português. Entramos e perguntei à garçonete, chinesa, qual era o nome do local. "Chinês" - ela respondeu. E só. Fizemos nosso pedido. Sopa de camarão e guioza. Pessoas começaram a chegar ao restaurante e, no fim, éramos os únicos ocidentais. Todos falavam chinês, exceto nós, claro. Todos começaram a ser servidos antes de nós. Eu e Thiago absolutamente hipnotizados por tudo ao nosso redor, nem ligamos para o fato dos nossos pratos demorarem mais. Estávamos nos sentindo turistas e estrangeiros, estando em nossa cidade.
E lá estávamos nós, num restaurante sem nome em português, cercados por imigrantes chineses que eram servidos bem antes que nós. A garçonete não entendia muito bem o que falávamos. Os pratos das outras mesas eram bem mais vistosos. Mesmo assim, comemos o melhor guioza da nossa vida. E a sopa de camarão estava deliciosa!
Restaurante chinês, com cardápio em chinês, rodeada por chineses, no meio de São Paulo. Podem falar o que for dessa cidade, e provavelmente tudo o que falarem de mal é verdade. É feia, é cinza, é caótica, é cansativa. Mas é acolhedora. É aqui que essa colônia chinesa consegue não só viver mas preservar, de certa maneira, sua cultura. E é assim com várias culturas. E milhares, milhões de pessoas de outros estados.
São Paulo acolhe sim. E nem é só pelo trabalho. É uma bagunça tão grande, um caos tão grande, que no final ela só fala "vem, gente, cabe mais um, a gente dá um jeito". E assim, a cidade que acolhe a todos cresce de maneira desorganizada, parecendo mesmo um cortiço daqueles da Mooca, onde é aquela zona enorme (meus avós moraram em um cortiço - foi lá que se conheceram - então eu tenho histórias sobre a bagunça toda!), com tudo misturado, com famílias misturadas, sem planejamento algum - mas onde as pessoas se ajudam de certa forma.
No fim, sempre lembro do Anthony Bourdain num episódio que gravou aqui na cidade. Ele começa dizendo que, à primeira vista, tinha odiado aqui. Tudo cinza, tudo concreto. Aí conheceu as pessoas, e os lugares, e levarem ele pra comer aquele sanduíche, aquele espetinho, tomar aquela cerveja, comer aquela feijoada. Com gente legal, que abre a casa, que faz caipirinha. No final, ele estava apaixonado por São Paulo.
Eu amo minha cidade sim. É onde nasci, cresci, onde posso fazer várias coisas e onde, sem luxos, eu vivo bem. Odeio com todas as minhas forças a especulação imobiliária alucinada que faz com que cobrem 5000 de aluguel num apartamento de 3 quartos e menos de 100m², odeio todo o caos dos transportes públicos, odeio o trânsito e o fato de tudo virar um inferno quando caem 5 pingos de chuva. Ainda assim, foi essa cidade que acolheu meus bisavós quando vieram da Itália. Foi aqui que meu avô conseguiu construir uma casa pros 4 filhos. Aqui foi onde minha família toda cresceu, sempre viveu. Foi essa a cidade que acolheu meu marido tão bem.
Sim, não tenho como não amar São Paulo.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
True Story
Coloquei isso hoje no Facebook:
Por tudo que é mais sagrado pra vocês, parem de compartilhar fotos de animais que sofreram maus tratos. Apareceu aqui uma sequência de fotos de um gatinho que me fez chorar de desespero. Compartilhar foto de agressores mostrando o que fizeram é dar moral pros caras e fazer gente que tem coração passar mal.
Encaminhem fotos pra delegacia de proteção aos animais. Isso sim é fazer algo que preste.
E não é?
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Update do post anterior
Dani, eu e ele nem temos mais contato, duvido que ele saiba direito o que é blog e ele nem sobha que eu tenho um. :)
Sunday secrets on Tuesday
Só que eu imagino que é o Anthony Bourdain. Porque Bourdain é amor e sarcasmo, sem gritaria. E aí acho que Tony, além de elogiar minha comida, vai sentar-se à mesa, curtir a refeição enquanto trocamos figurinhas sobre a vida, sobre os lugares que ele visitou, e aí ele riria das coisas que meu marido conta. No final ficaríamos embriagados e ele diria que somos os melhores amigos dele. Da vida. Toda.
Preparem-se para a loucura. É assim. Meu melhor amigo de infância é meu meio irmão. Mas quando éramos amigos, não sabíamos que éramos irmãos. Mas nos tratávamos como irmãos, de verdade, de tão amigos que éramos. Eu só soube disso depois de adulta. Eu ainda não sei o que ele sabe, mas não sei o quanto ele sabe e nem se ele sabe que eu sei. E depois as pessoas acham que eu exagero quando eu digo que minha vida daria um filme do Almodóvar. Sim, o que contei aqui é real.