Ninguém me tira a certeza de que “istas” têm que ser gentis e atenciosos. E quando se trata de ginecologistas, ainda mais. Porque tem que ser muito gentil e delicado pra fazer a mulher não se sentir desconfortável naquela pose de frango assado de padaria, pernas pro alto, vergonhas expostas, médico fazendo perguntas de fácil resposta que envolvem ciclos menstruais, ovários, último parceiro e outros mimos. Pode falar que é bobagem minha, que não é constrangedor, afinal, aquele(a) especialista está ali a trabalho, consultas médicas são necessárias, “ora, que bobagem, eles estão cansados de ver gente pelada”. Foda-se: eu estou cansada de saber que “quando Deus te desenhou, ele tava namorando na beira do mar do amor” é o pior verso do mundo inteiro e adjacências e nem por isso deixo de me irritar quando ouço essa beleza musical. Comparações toscas à parte, eu também não quero um(a) médico(a) que me examine como se já estivesse cansado de ver partes íntimas – nada pior do que médico com aquela cara de “vou ter que ver uma perseguida de novo, não agüento mais, devia ter feito oftalmologia” quando diz “pode tirar a roupa, colocar o avental e deitar”. Ah, as agruras de ser mulher...
E logo eu, tão cheia das teorias e considerações acerca dos ginecologistas, NUNCA encontrei um que eu gostasse de verdade. Já ouvi coisas bastante grosseiras de uma ginecologista, logo depois de ter a consulta interrompida pela secretária, que não falou com a médica da porta – ela entrou na sala e ficou discutindo sobre convênios. E eu lá, com cara de “vou lixar minhas unhas e fingir que isso é normal”. Por causa dessa médica eu arrumei briga no convênio médico que tinha na época. Também já ouvi, logo depois de ter levado um pé na bunda bem feio, frases de apoio como “esse cara é um safado, ele te usou. Você entendeu que ele te usou? Se eu fico sabendo que meus filhos fizeram isso com alguém, eu nem sei o que faço com eles”. Como se eu não estivesse ali, chorando, exatamente por saber o que o tal cara tinha feito. E esses são os casos contáveis. The horror, the horror.
E hoje, depois de dois anos sem convênio médico, finalmente consegui voltar a uma ginecologista. Já comecei achando o consultório feio e mal-cuidado. Paredes descascando, a recepção não tinha nem computador – as fichas, milhaaaares delas, ficavam em prateleiras expostas logo atrás da recepcionista. As outras pessoas esperando pareciam saídas das filas do SUS. E assim, numa MUITO boa, eu já detesto ir ao médico. Se for pra ver gente feia, lugar feio e ainda ter alguém apalpando alguma parte do meu corpo, eu pego o trem que vai pra Suzano às 6 da tarde de uma sexta-feira. Ouço meu nome. PLIM, vou sair dessa sala de espera inóspita! Entro na sala da médica, explico todo meu drama de dois anos sem exames, ovários problemáticos, etc e etc. Mais um pouco e eu ouviria violinos ao fundo. Para, em seguida, ouvir a médica, muy sensível: “certo, mas e agora, o que você quer fazer?”. HEIN? COMASSIM, minha senhora? O que eu quero? Quero um café com biscoitos, tem jeito? Depois de explicar pra médica que ela teria que me pedir exames laboratoriais, ela resolveu me perguntar o que eu fazia da vida. “Ah, professora? Pode me falar então que escola de Inglês é boa. Pro meu filho, sabe, uma verdadeira anta! Burro mesmo, nunca aprende!”. Nunca sorri tão amarelo.
Até agora eu acho que uma amiga tem razão: era pegadinha do Malandro! GLU GLU! Devia ter câmera escondida em algum lugar! Bom, se alguém me vir na TV dia desses, ao menos me avise.
5 comentários:
HAHAHAHAHAHAHAHAHA
Estou na mesma situation e fui desencorajada por esse post...
Flor, dedico meu post de hoje, a você.
Beijos mil. Com glitter, claro!
Duas considerações: 1 - por que um cartunISTA precisa ser gentil com as pessoas e; 2 - todo mundo sabe que o pior verso de música que existe é "um dia feliz às vezes é muito raro". Desculpa, gata, mas nessa você se enganou muito forte...
Só faltou Serginho saltando: "Rá! Pegadinho do Malandro!".
Mas você, pelo menos, não tem um médico (apesar de fofo) que fala PERERECA. Juro!
PegadinhAAA. Desculpe.
Coincidemente eu estava num bar ontem com um bando de mulhere escutei histórias de HORROR sobre ginecologistas (todas mulheres também)...
Eu não sei se é um bom conselho, mas as mulheres da minha família acreditam que ginecogistas do sexo feminino não prestam, são geralmente muito indelicadas e insensíveis... então sempre entregamos, no bom e no mal sentido, as nossas perseguidas aos homens. Hoje em dia é o mesmo médico que cuida de mim, da minha mãe e da minha avó, além de ter feito o parto do meu irmão.
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