Uma vez um amigo me deu "Uma longa queda", do Nick Hornby, com o seguinte cartão:"Se sua intenção ao ler livros dele é entender melhor a cabeça dos homens, parabéns: está no caminho certo". Caminho certo? Puxa, que alívio. Ironias à parte, "Alta Fidelidade" e "Um Grande Garoto" realmente me fizeram enxergar muita coisa do universo masculino de outra maneira. Na verdade, de uma maneira bem mais simples, romanticamente falando. Foi lendo esses livros, e, mais tarde, o "Love Monkey" do Kyle Smith, que eu corroborei minha teoria simples a respeito dos homens na fase do relacionamento pós-pegadas e pré-namoro, mas precisamente na hora da definição: "me ame, me jogue no chão e me amarre pra sempre" ou "hum, melhor você se vestir, vai pegar um resfriado".
A teoria é simples, porém dura. Porque a realidade é essa mulher feia, de pele macilenta, olhos maldosos e cabelos cheios de Kolene. Mas, por mais que a realidade seja dura de ser encarada, ela é necessária. E o que acontece é que nós, mulheres, temos a grande tendência de negar a realidade no que tange a relacionamentos, principalmente nesse momento do "vai ou racha". Antes d'eu continuar, que fique claro: eu já fui BEM palhaça em alguns relacionamentos e não estou imune ao picadeiro, portanto, não quero dizer aqui que sei alguma coisa. Mas são anos de vivências, algumas delas meio ruins. E são anos de amizade com mulheres, ou seja, eu tenho certa base. Pois bem: chega aquele momento crucial, não que o sapo soube saber que o sabiá sabia assobiar, mas sim em que o casal define se é namoro ou amizade, Seu Sílvio. E, quando o bofe decide que é amizade, geralmente dá aquelas desculpas que nós estamos exaustas de saber.
Não é um bom momento pra mim, o problema sou eu e não você, preciso de um tempo pra mim, quero me dedicar à minha carreira, tudo aconteceu rápido demais e eu preciso de um tempo pra pensar, não quero namorar ninguém agora pois acabei de sair de um relacionamento (ainda que o tal relacionamento tenha acabo há um ano), você é a mulher certa na hora errada, blá blá blá. Tenho certeza que todos já ouviram alguma dessas frases. E aí a moça fica lá, eloCUbrando o que fez de errado, o que falou de errado, será que foi muito reservada na cama, muito ousada, será que algum dia estava com cecê, será, será, ó meu santo protetor da maldita culpa cristá e atávica. Não, o problema não é você. Ou talvez até seja, mas vamos generalizar. O problema todo é: ele não se apaixonou por você. E ponto final. Não rolou um clique, nem um tchans, nem um plus. Ou rolou, mas por um tempo. E aí acabou. Porque interesses podem sim ser efêmeros, infelizmente. Dói, mas é isso mesmo.
Nos 3 livros que eu citei, os personagens principais ficam pulando de galho em galho, saindo com uma mulher aqui e outra ali. Criam mil escudos de proteção anti-envolvimento, dão mil desculpas para evitar a famigerada intimidade. Deixam um rastro de ex-casos/rolos/namoricos/trepadas pelo caminho, dando ou não uma dessas desculpas que mencionei anteriormente. Algumas vezes agem de maneira bem egoísta, e nem chega a ser por cafagestagem. E aí ficam esses 3 personagens saindo com muitas mulheres e buscando sabe-se lá o que quando PIMBA, conhecem alguém que abre um mundo de alegrias só com o sorriso. Ou vêem que aquele alguém antes dispensado não devia exatamente ter sido dispensado. Saindo dos livros, acho que na vida é exatamente assim. O moço dá desculpas e encontra mil subterfúgios, até que conhece alguém e PLIM PLIM magia - love's in the air! E aí ficam apaixonados, vulneráveis e, MILAGRE, sem desculpas. De repente ele quer se envolver, quer intimidade, dane-se a ex, emprego? que emprego?, carreira? imagine, a vida é muito que isso, let's do it, let's fall in love.
É ou não é simples? Gata, não rolou, não durou, acabou, porque ele simplesmente não se apaixonou por você. O "não" é não mesmo. As desculpas são esfarrapadas, sim, mas a verdade é que nós mesmas, muitas vezes, precssionamos para saber o motivo. Dificilmente um "melhor a gente parar por aqui" vai vir seguido de um "entendo" da nossa parte. A gente quer explicação, porque, afinal, ser rejeitada não é fácil. E aí entra a fase do "mas será que ele quis dizer isso mesmo? Deve estar confuso". Bom, se você curtir um banho maria, cada um sabe de si. Eu acho que, por mais que a vida tenha muitos empecilhos e que nem tudo seja exatamente fácil; na maioria dos casos (ó, até "desgeneralizei" um pouco), quem quer ficar junto, faz de tudo para ficar junto. Simples e doloroso assim. E dói, mesmo. Mas existe o grande clichê a nos salvar: passa.
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Toda a idéia desse texto surgiu porque hoje eu estava conversando com um amigo muito querido sobre o Hornby, que eu recomendei a ele há alguns meses. Como temos gostos bem parecidos, nossa relação é quase um Guia da Folha: dicas e mais dicas de livros, filmes e músicas; chegando ao cúmulo de escrevermos um para o outro algumas recomendações. Cúmulo porque estávamos em férias, e na Bahia. Porque você tira férias, meu amigo, mas o espírito nerd, JAMAIS. E aí eu disse a ele que Rob Flemming mudou a minha vida e que depois de Nick Hornby o foco na minha maneira de tentar entender os bofes tinha mudado. Em outras palavras, Hornby me ajudou a entender um pouquinho, bem pouquinho melhor os moçoilos. Nisso, meu amigo diz: "Nick Hornby para as mulheres. E se os homens quiserem entender as mulheres, devem ler o que?".
Hum... Revistas femininas são feitas para os homens, porque ali, além das mulheres lindas e sensuais, há dicas de como agradar seu homem, como fazer o melhor boquete pro seu homem, como agarrar um homem, como manter um homem. Tudo é para o homem, portanto. Disse a ele que mulheres standard curtem essas revistas, mas que a pequena porcentagem outsider não se encaixa nisso aí não. E aí recomendei "Grey's Anatomy". Pela diversidade de mulheres/personalidades/anseios, sem TANTO estereótipo. Acertei na dica, gatas?
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Em tempo: não sou só eu que teoriza com Nick Hornby. O Gato acha que Hornby é, de certa maneira, auto-ajuda. Aguardo sua teoria, meu bem.
5 comentários:
Gata, tem tanta coisa que da pra falar do seu post que eu não vou comentar nada. Mas acho que vou juntar um trocado pra fechar o intervalo do Jornal Nacional e te botar lá pra explicar essa teoria do "simplesmente não me apaixonei". E isso não é só com homem que acontece não... é que homem tem o dever de fingir que não se importa quando é ele quem leva esse tipo de pé na bunda.
Nick Hornby é meu guru também. A Long Way Down abriu meus olhos em um momento muito diícil...
Mudando de assunto. Fia, já leu "A Idade da Razão" Do Sartre? É bem pedantudo, mas meio que virou o livro da minha vida. :)
bem recomendado. olha, eu não vou comentar nada do texto, não. estou com o "não é não" na cabeça.
Acho que Hamlet dá uma boa idéia do que se passa na mente de um homem, é ou não é? hehehe. Um beijo.
Maravilhoso o seu texto... As coisas são bem simples, se ele não te liga, é porque simplesmente ele não quer te ligar, do mesmo jeito que a gente não liga para os caras que não temos interesse... Não tem que ser complicado né? Graças a Deus a gente aprende.... rs...
Muitas saudades de vc amiga,
beijos em seu coraçao.
Amo vc.
Ro.
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