quinta-feira, 23 de agosto de 2007

WARNING: contém spoiler

É bom avisar logo no título. Assim, caso você tenha pretensões de assistir a esse filme nos cinemas, pode escolher entre ler meu texto e saber o final do filme ou continuar na ignorância. Bom, eu avisei.

Tarde de segunda livre, na região da Paulista, o que fazer? Meu amigo veio com a solução: cinema. Ele queria ver "Bubble", eu havia lido algo a respeito bem superficialmente, topei. Na verdade, não chega a ser uma tarefa ingrata a de convencer-me a ir ao cinema. Me chama que eu vou, já dizia Magal nos anos 90.

O filme conta a história do amor proibido entre um Capuletto e um Montecchio. NOT. Mas se eu fosse resumir o filme grosseiramente, diria que é um Romeu e Julieta moderno, gay e entre um judeu e um árabe. Drama, minha gente, drama. E aí, entre um atentado e outro, vemos que os judeus de Tel-Aviv são modernos, pacifistas, tolerantes, são contra a segregação. Ao passo que o mundo de onde vem o árabe, a cidade de Nablus, é antiquada, presa a tradições milenares, as pessoas são intolerantes, jogam bombas por aí, são feios e caras de colher. Todos sabemos que a realidade não é essa, mas é essa a mensagem subliminar do filme.

O problema é que a história te deixa perdido. Começa quase leve, com momentos de alguma tensão. Depois, o amor, aah, o amor. Sexo hetero, sexo homo, piadinhas, momentos divertidos, o amor impossível, a busca do amor impossível. Tudo relativamente legal e relativamente leve. Você quase "pega amor" pela história entre o judeu e o árabe, pois ambos são fofos e se gostam muito. E toda aquela coisa de amor proibido tem a sua graça. Então, quando você começa a torcer para que o casal ao menos consiga se ver... Reviravolta: atentado em Tel Aviv, morte em Nablus, terrorismo envolvendo a família do árabe. Que, então, decide ser mártir, voltar pra Tel Aviv enrolado num monte de bombas e acionar o dispositivo justamente quando encontra com seu amor judeu. BUM. Acabou-se. E a sua cara transforma-se num grande ponto de interrogação, seguido da letra "Q" bem grande estampada na testa, ao ver que o personagem trocou de personalidade como quem troca de roupa. Não só, decidiu matar o homem que amava, porque talvez eles se encontrem no paraíso e lá possam viver juntos. Ai, meus sais, que porra de amor é esse?

Achei tão descabido esse final que saí do cinema indignada. Pra quê, repito, pra quê deixar no ar a idéia de que os árabes são malucos e malvados? Pra quê fazer com que uma história de amor tão bacana acabe assim, de maneira tão despropositada? Quer se matar e ser mártir, "ok", quem sou eu para questionar um costume milenar. Mas daí a resolver matar quem você ama junto, JEMT, péééé, tá errado. Não gostei. Fiquei quase horrorizada com a decisão do árabe, na verdade. E com esse diretor maluco que gosta de mensagens não tão subliminares assim.

Conclusão: filme uó.

7 comentários:

Lorde David disse...

Eu também não gostei nada do final esquizofrênico do filme. Nem do tom moderninho e descoladão dele no geral. E olha que sou grande fã do cinema e da literatura que vêm de Israel e também do estado judaico em geral, hehehe. Ah, e escrevi sobre Bubble no meu blog. Dá uma passada lá. Um beijo.

A. F. disse...

Mas fugiu do clichezão final feliz, pelo menos.

Camila disse...

Ah, Amber, fugiu sim. Só que fugiu de uma maneira esquizofrênica, como muito bem colocado pelo David no comentário antes do seu. O cara simplesmente mudou de personalidade. De árabe gente fina ele virou homem-bomba. Que as pessoas mudem por causa de traumas, aceitável. Mas virar homem-bomba e ainda por cima matar o homem que vc ama é um pouquinho além do que eu consigo aceitar...

Você Sabe Guardar Segredos!? disse...

Menina, obrigada pelo comentário no blog... quem chorou fui eu quando li! rs. Mas ó, se você quer ler coisas novas minhas, agora eu escrevo aqui... É sempre muito bom saber que as pessoas se identificam com o que a gente escreve.

Beijo.

Van

Anônimo disse...

pulei o post, gosto de assistir filme até quando é ruim! :P mas pelo que eu li de rabo de olho, é bizarro mesmo. deu a entender que o filme é só polêmica pela polêmica mesmo.

A. F. disse...

Então Chu, uma reviravolta emocionante no filme, pô!! (tô querendo fazer valer a grana da entrada).
E olha, eu achei seus desejos super básicos pra vida de qualquer mulher. Confie no orkut.

Juliana Eliezer (Joo) disse...

Foi bom ler o spoiler. Eu tava querendo ver esse filme, e ia gastar dinheiro e me irritar. Próximo!