Fazia muito tempo que eu não tomava um porre, um porre daqueles de gente grande mesmo. Eu tenho uma tolerância alta com destilados, já cheguei a beber uma garrafa de cachaça com mais dois amigos e não fiquei bêbada. Mas com fermentados a coisa não fica muito boa. Vinho é a minha bebida favorita do mundo todo, e quando eu fico bêbada de vinho - acontece pouquíssimo, as acontece - eu fico meio possuída pelo ritmo Ragatanga.
A Ragatanga me faz falar MUITO e, claro, muita merda. Vou tirando sarro das pessoas, faço dancinhas, conto histórias - eu geralmente não me lembro, mas os amigos me contam depois. O problema da Ragatanga é que eu falo merda por horas, e aí começo a passar mal. E me dá um blackout tão sério que eu acordo no dia seguinte sem nem saber onde estou ou como cheguei ali, Berenice segura, nós vamos bater, nada mais me lembro.
Ontem foi a noite do meu grande porre anual 2015. Tenho um grupo de amigos que é minha segunda família, e eles estiveram ao meu lado, segurando minha mão, desde a descoberta do câncer, cirurgia, o susto do ano passado, o alívio dessa semana. O apoio que recebi deles foi imenso: me acompanharam em exames, foram buscar resultados comigo, foram me buscar no hospital, me ouviram chorar, me ouviram lamentar, me mandavam mensagens, me ligavam. Tive todo o apoio da minha mãe, marido, e dos meus amigos.
Pois ontem foi com eles que eu comemorei que não tinha horcrux do Voldemort no meu corpo. Faltaram 3 pessoas essenciais nessa comemoração, mas sei que poderemos comemorar todos de novo, outras vitórias. Eu fiz risoto ao pesto, um amigo que também cozinha bem fez um lombinho assado, e ficamos lá, comendo, bebendo e conversando. Mas aí o vinho bateu. Eu acho que bateu forte daquele jeito porque a emoção era muito grande. Ou talvez porque esteja meio fraca de tanto tomar antibióticos pra sinusite. Ou talvez tenha sido tudo.
Eu fiz brinde e saí abraçando a todos. Chorei de soluçar abraçada a um amigo. Agradeci a presença deles. Dancei Macarena. Derrubei uma amiga no chão. Passei mal e fui socorrida. Acordei na cama de uma amiga sem nem saber como tinha chegado ali, e meu marido teve que me contar o que tinha acontecido. Saí de lá descalça, 6 da manhã. Que noite gloriosa!
Se tem uma coisa da qual eu orgulho é das amizades que eu fiz depois de adulta. Esse grupo de amigos começou pelo meu outro blog, fui conhecendo as pessoas, e aí todo mundo foi se gostando, mais pessoas chegaram, e estamos aí, não mais tão jovens, mas nos divertindo juntos até hoje. É uma enorme benção ter ao seu lado pessoas que te deixam 100% confortável, com quem você pode falar o que for que fica tudo bem.
Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi. E bebi.
Obrigada, meus amigos. Vocês são a riqueza da minha vida!
Um comentário:
Sua linda <3
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