sábado, 4 de agosto de 2007

Oh baby, I was bound for Mexico... Oh baby, I was bound to let you go...

São duas da manhã e só agora cheguei em casa do aeroporto. Na verdade, cheguei só agora porque saí de Cumbica com o coração tão em frangalhos que precisei de gordura trans em forma de cheesebacon salada para fazer meus lábios sorrirem um pouco. Na volta, dentro do ônibus, me deu um semi-desespero de estar sozinha. Eu só pensava em abraços, eu queria abraços, queria colo, queria vozes reconfortantes me dizendo que entendiam tudo o que eu estava sentindo, que eu tinha mesmo motivos para estar tão triste. Liguei não para um, mas para meus cinco amigos mais próximos, um em cada momento da viagem de volta. Recebi convite para almoçar em Embu das Artes e não passar o sábado na fossa ouvindo músicas mexicanas, recebi convite para ir me empanturrar de comida gordurosa, ouvi as tais vozes reconfortantes que me serviram como muitos abraços.

Eu sei que vou ficar bem. Mas também sei que em muitos momentos em que eu ficar sozinha, é só nessa partida que vou pensar. E vai doer, muito, assim como dói escrever esse texto, assim como dói pensar que estou tão longe, que ficarei tão longe e que não sei quando o verei de novo. Eu posso repetir isso infinitamente: dói. E, por mais que doa, eu não me arrependo de nenhuma escolha que fiz, não me arrependo de nada do que vivi, do que abri mão, do que chorei. Desde o começo eu sabia que estava entrando numa história com data de validade. E pode parecer loucura mas, apesar dessa consciência, eu nunca pensei em desistir.

A verdade é que numa relação, quem está de fora pode ter mil opiniões a respeito, e é bom ouvir algumas opiniões às vezes (bem às vezes) porque quem não está envolvido na situação enxerga as coisas de uma maneira mais clara. No entanto, também é verdade, e uma verdade dessas bem grandes, que só as duas pessoas que vivem um relacionamento sabem do que se passa, sabem o que viveram e vivem e sabem o que devem ou não fazer um com o outro. Eu sei o que eu tive, eu sei o que eu vivi e eu tenho certeza que, por mais percalços que tenham acontecido, não vivi uma história comum. Eu sei que o que eu tive (tenho) não é algo que se tem com qualquer cara que você conhece na balada e chega em você pra conversar, mas na verdade não está te ouvindo coisa nenhuma. Eu encontrei alguém que conversa de verdade, que sabe ouvir, que sabe calar, que entende meus silêncios, porque também silencia. E ainda que nunca tenhamos tido oportunidade de viver algo no dia-a-dia, e que seja no dia-a-dia que se veja mesmo como é alguém, é possível saber se aquela pessoa daria realmente certo com você ou não por algumas características, algumas maneiras de pensar. Pelo pouco que sei da vida, acho que muitos casais passam talvez a vida tentando encontrar esse entendimento tão grande e muitas vezes simplesmente não encontram, não conseguem. E é esse entendimento que me faz dizer, com certeza, que existe um "q" de filme nisso tudo que vivi.

Pode-se dizer que sou sortuda. De uma viagem em que eu não esperava nada, eu tive talvez os melhores dias de todos; de uma viagem que se prolongou, eu tive e-mails longos, eu tive conversas longas por telefone, tive visitas em São Paulo, tive família mexicana, tive pessoas bacanas de Brasília. Eu tive quase 7 meses de uma história que poderia ter ficado somente lá, nas férias. Também tive discussões, momentos de braveza, ansiedade, incerteza; mas tudo isso ia embora logo que começávamos a conversar. Nada disso tudo era esperado. Nada disso foi planejado. A única coisa planejada era que ontem, dia 3, ele iria embora. De vez.

E cá estou eu, monotemática. E triste. E chorosa. E ciente de que vai demorar um tempo até eu assimilar a idéia de que o que vivi até agora acabou. Vai demorar um tempo até que eu me recupere, vai levar um tempo até que eu pense nisso sem sentir um nó na garganta. Por favor, não me digam que a fila anda. Por favor, nem pensem em me dizer que preciso desencanar. Por favor, nem cogitem a possibilidade de dizer que preciso conhecer outra pessoa agora. Eu preciso do meu tempo. E é aqui que vou expurgar todas as lembranças boas e as tristezas desse meu tempo.

E pra você, que uma hora ou outra vai acabar lendo isso aqui: caralho, como eu vou sentir sua falta.

8 comentários:

Ariett disse...

Você não tem noção de como eu te entendo...

A. F. disse...

Isso é tão tão triste... Poxa vida, realmente não há nada que se possa dizer. Mas me solidarizo com você, se servir pra alguma coisa.

Andre Viegas disse...

...

Anônimo disse...

Oh, meo bem... A gente pode se juntar pra chorar mágoas juntas e sermos monotemáticas quando vc quiser. MESMO!!!

gi disse...

xuxu, tenho orgulho que você acreditou nesta história e fez dela um plot point da tua vida.



mudando um pouco: mandei e-mail, mas não sei se você ainda usa o do hotmail. :}

Juliana Eliezer (Joo) disse...

Então... estamos ambas online no messenê. Mais fácil, né? bjks.

Anônimo disse...

eu sei. *abracinho*

Srta.T disse...

Precisando, grita. A roça é pertinho, eu vou ouvir. =)