segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Novo lema de vida

Entro na parte de auto-atendimento do Banco do Brasil com o escudo anti-humanos ligado: fones de ouvido. Termino uma ligação assim que entro no banco, e sigo ouvindo música. De repente sinto um vulto ao meu lado esperneando e gesticulando, olho pro lado, é uma véia loka (trade mark pending) gritando comigo. Tiro um fone, olho com cara de Odete Roittman, e ela diz que estou usando celular, é proibido por lei, estou colocando a vida dela em risco.
- Minha senhora, menos loucura, por favor, estou ouvindo música.
- Mas o celular está ligado! Você está falando!
Ela dirige-se à segurança e começa a gritar com a moça também.
- ELA ESTÁ QUEBRANDO A LEI, ESTÁ USANDO CELULAR.
A segurança faz o seguinte: nada.
A véia loka (TM) volta pro meu lado e fica bufando. Eu apenas saco o celular da bolsa, mostro a tela pra ela e falo pra ela respirar fundo, que o surto vai passar.
Vou até a segurança apenas pra esclarecer que eu estava ouvindo música. Ela olha pra mim com cara de sono e diz:
- Moça, eu não falei nada, nem abri minha boca, nem vi nada, e o que mais tem aqui é gente descompensada.
Saí do banco com duas certezas.
A primeira é que o mundo está cheio de gente descompensada.
A segunda é que tudo o que eu quero na vida é essa paz de espírito da segurança do banco. Novo objetivo. Novo lema pra tudo:
"Eu não falei nada, nem abri minha boca, nem vi nada, e o que mais tem aqui é gente descompensada"
OOOHMMMMM

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Eu quero ler. Mas também quero assistir "The Good Wife" porque estou apaixonada pelo Will Gardner. Mas não tenho tempo de tudo. Também quero escrever uns textos. E também quero ler. Ah, também quero assistir "The Good Wife" porque estou apaixonada pelo Will Gardner. Queria escrever uns textos. E também colocar todas as notas fiscais da semana na planilha. Mentira, isso eu não quero, mas tenho que fazer. Aí penso que quero ler. E assistir. E escrever. E ler. E assistir. E escrever. Ler. Assistir. Escrever.

E essa é a minha vida.

A ala geriátrica

Hoje, pra variar, fui ao Mercado de Pinheiros. Chegando ao meu box favorito (Entreposto da Feijoada ♥), o espaço diminuto estava lotado de hipsters. Em 5 segundos eu resmunguei uma ladainha inteira na minha cabeça. "Esse pessoal metido a moderno, vai hipsterizar "meu" mercado, afff, gente uó, VAZA, SAI DAQUIII".
Nem vou me desculpar por todo esse resmungo porque, vejam bem, ele aconteceu na minha cabeça, ninguém ouviu, e eu nenhum hipster foi machucado nesse processo. Vocês só estão acessando meus pensamentos porque eu estou contando eles aqui.
Pois bem. Tô lá poderosíssima comprando tapioca granulada e queijo coalho, quando um hispstey DE COQUE chega pra mim e fala:
- Nossa, moça, me fala o que você vai fazer com esses ingredientes? Fiquei curioso. Que receita é essa?
E aí, nos mesmos 5 segundos em que resmunguei mentalmente xingando a grande, porém jamais mainstream, nação hipster, imediatamente parei de achar ruim aquelas presenças e comecei a explicar detalhadamente pro moço como fazer dadinhos de tapioca com queijo coalho. No fim, tinham uns 3 em volta, ouvindo a explicação.
Foi aí que caiu a minha ficha de que eu estou lentamente adentrando a ala da geriatria, e aos poucos estou me tornando aquela tiazinha que passa receita aos jovens, não sem antes ter amaldiçoado a todos eles mentalmente, porque o que esses jovens estão fazendo aqui no *meu* mercadinho do bairro?
Será que aos poucos eu me tornarei a minha avó?

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Concorrência desleal

Acabo de ver um curso de inglês online que cobra 59 reais por mês. 59 FUCKING reais por mês. Isso é menos do que a hora/aula que eu cobro. Esse curso é um "braço" de uma editora gigantesca, que investiu e criou um sistema de ensino todo automatizado.

Como concorrer com isso?

59 reais, meu povo. É o valor de um jantar, é o valor de umas biritinhas. 59 reais é dinheiro de pinga. Não tenho como competir com isso.

Tá foda, Brasil.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Tem horas em que você para e reflete. E se auto-analisa. E vê que putz, tá bom não. Tá legal não. Tu não tá fazendo nem 1/10 do que deveria, e, embora parte disso seja compreensível, há uma parte que não é porque ela se resume a: você perde tempo com coisas bobas. E o Triângulo das Bermudas da falta de produtividade, para mim, é o Facebook.

Eu acabo escrevendo muitas coisas lá, coisas que eu poderia escrever aqui. Eu percebi que eu realmente não consigo ficar sem escrever, seja onde for. E lá é fácil, as pessoas estão lá, e eu não divulgo esse blog porque é tão pessoal que chega a ser vergonhoso. E lá vai um texto, um textão, uma semi-crônica, uma reflexão. Um comentário no grupo de professores de inglês, um começo de discussão por conta desse comentário. Aquele texto sobre a Dilma, aquele texto sobre depressão, aquele texto sobre vícios, aquele texto. Vídeos de gente engraçada, comentários, mais vídeos, e quando eu vi eu estava soterrada num mundo que não é o meu.

Recentemente um amigo falou "amor, você está gastando energia demais com coisas desnecessárias". Eu não desprezo o mundano, sabem. O mundano faz parte, as frivolidades idem. Mas quando isso está te atrapalhando e fazendo que seus níveis de procrastinação estejam tão altos quanto a poluição em Pequim, é porque chegou a hora de admitir: você tem um vício.

E resolvi gritar um SÓ POR HOJE, e desativei minha conta de lá, temporariamente.

Não acredito em dieta detox mas estou num detox do Facebook. Primeiro dia: fiz em 4 horas o que não fazia há dias. Segundo dia: nada de mais porque fiquei muito ocupada, mas li. Livro. Algo que eu não fazia há muito tempo. Terceiro dia: pretendo ir passear no Centrão porque tirei o dia de folga. Quarto dia: pretendo trabalhar e render no meu trabalho.

E assim por diante.

Uma vez fiz isso com o Twitter e funcionou. Nunca mais eu tive o mesmo hábito doentio de ler tweets compulsivamente. Vamos ver se agora conseguirei ser resgatada do Triângulo das Bermudas da Produtividade e começar a colocar minhas ideias de dominação mundial em prática.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Eu não vou dizer adeus

Eu ainda não sei como me despedir. Adeus me parece muito definitivo, e até logo me parece fatalista demais - eu ainda quero passar um tempo nesse planeta, ainda que eu ache que a humanidade não vale tanto a pena assim. A verdade é que religião nenhuma prepara a gente de verdade para a morte. Ou eu é que não aprendi a lição direito. Anos e anos de centro espírita me ensinaram sobre reencarnação, sobre karma, sobre ninguém partir sem ser a hora certa, sobre as escolhas que os espíritos fazem antes de reencarnar - e, acima de tudo, que a morte não é um fim. Isso tudo com certeza ajuda, mas ninguém me ensinou a lidar com a partida em si. Com olhar para um caixão e pensar que ali dentro está o corpo de um amigo. Não aprendi a confortar quem fica com palavras, porque não sei nem o que pensar, quem dirá o que dizer. Não me ensinaram a lidar com os primeiros dias de ausência, de pensar que aquele amigo não está mais ali.

Há um mês mais ou menos, eu só consigo pensar no quanto a vida é frágil. É um sopro, apenas, um momento breve no meio de toda a história do universo. A fragilidade da vida parece apenas nos mostrar que ela é insignificante. Mas não é. Não é para quem sofre, não é para quem se vai, não é para quem fica. Anos e anos de religião e realmente não sabemos como lidar com a morte. Anos e anos de medicina e ainda não sabem como lidar com o câncer.

Sei que tudo é um ciclo, e o seu, infelizmente para quem fica, terminou. Eu lamento as viagens que pensamos em fazer e não fizemos. Lamento não ter visto mais você, nem te dado um abraço ainda mais apertado da última vez em que nos vimos. Lamento não ter estado mais próxima, ainda que você não quisesse muita proximidade nesses últimos tempos. Eu lamento o tempo perdido, as ligações não feitas, mas você partiu sabendo o quanto nós todos te amamos. Nessas horas parece que bate todo um arrependimento pelo que não foi, pelo que nunca vai ser, pelo tempo que não volta; mas a verdade é que nosso coração esteve contigo o tempo todo.

Você viverá pra sempre em nossas lembranças, amigo. Não tem como esquecer da sua alegria, das suas danças, da sua voz, da sua presença tão solar - o amor da sua vida te definiu assim, e não há realmente melhor definição. Seu tempo foi curto, mas a marca que você deixou é eterna. Eu não vou dizer adeus pois vamos nos reencontrar. Eu não vou dizer adeus porque você deixou um pouco de ti em cada um de nós. Eu não vou dizer adeus porque sei que sua ausência física não será para sempre. E nossos corações estarão sempre com um pouco de você ali. Uma hora a gente se vê de novo, amigo. Bom descanso, e te amamos muito.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Três semanas de um curso duas vezes por semana, um recente vício em Gossip Girl, e eu me vi sem tempo para nada. Isso de estudar, mesmo que seja duas vezes por semana, é muito cansativo. Fico pensando como pessoas da minha idade fazem faculdade, porque olha, gente, que canseira. Claro que aí entra a minha rotina insana, em que eu ando a cidade toda pra dar aulas, administro minha empresa, coordeno professores, preparo aulas, cuido da casa, e por aí vai. Claro que adicionar mais um compromisso vai me deixar zureta. Mas valeu a pena! Foi um curso para professores de inglês, com um dos meus ex tutores do CELTA. Ele é muito, muito competente e deu pra aprender e refletir muito. Sexta vou a uma palestra do outro ex tutor, que é meu amigo, e é um dos profissionais mais reconhecidos na minha área - e assim, com curso e palestra bacana, posso dizer que maio está sendo excelente. A nerd em mim está satisfeitíssima.

Gossip Girl, obviamente, não tem nada com isso. Eu comecei a assistir porque uma amiga que assistiu umas temporadas de Pretty Little Liars - PLL para os íntimos, e disse que GG é ótimo porque é cheio de romance e intrigas. Resolvi dar uma chance, tinha um pouco de preconceito. E amei. Já estou na terceira temporada - descobri que o Netflix funciona bem na internet do meu celular, então eu sou aquela pessoa que está almoçando no quilão com o celular encostado no vidro de azeite, fones de ouvido, e atenção todinha voltada pra vidinha riquíssima do pessoal do Upper East Side. Ajuda o fato de ser em NY, e ajuda o fato dos personagens serem muito bem construídos. Eu amo/sou Rufus, o pai do Dan e da Jenny. E amo/sou ele com a Lilly. Infelizmente já estou naquele ponto da vida em que me identifico mais com os casais mais velhos, dos pais. O legal é ver que não importa a idade, não importa quantos milhões na conta, pessoas serão sempre pessoas. Romances serão sempre romances, as inseguranças sempre existirão, as dúvidas e poucas certezas idem, e as intrigas idem. Embora as intrigas em GG estejam num nível muito mais alto.

Podemos concluir que minha onda são esses seriadinhos de adolescentes. Adoro mesmo. Justamente porque, no fundo, muda o cenário, muda a idade, muda o tanto de dinheiro que pode ser gasto, mas os conflitos, ah, os conflitos. Eles sempre estarão lá.

Vou ali terminar meu episódio de GG, terminar as obrigações de trabalho, e outro dia eu falo mais sobre GG e PLL.


terça-feira, 28 de abril de 2015

Ocitocina e o aconchego

Usei esse TED talk em umas duas aulas, e cada vez que assisto a ele mais uma vez, fico mais encantada com o funcionamento do nosso cérebro e do nosso corpo.
Basicamente ela fala que o estresse é prejudicial só se você acreditar que ele é prejudicial, e mesmo que isso pareça balela de auto-ajuda, há uma pesquisa científica que prova isso.
Mas a parte mais fascinante é como a ocitocina é fundamental para lidarmos com o stress. A ocitocina é um neuro-hormônio produzido pela glândula pituitária, no hipotálamo, e é conhecida como o "hormônio do amor", porque ela é liberada quando abraçamos alguém, por exemplo.
No entanto, a ocitocina é também um hormônio liberado em situações de stress. Ela faz você querer contato físico. Sabe quando você está loko loko loko do koo, a vida está ruim, e você procura pessoas que você ama pra desabafar, procura um abraço, um colinho, um ombro amigo? Isso é um mecanismo do corpo, é a ocitocina agindo pra que você reaja de alguma maneira e se acalme.
O coração tem receptores para esse neuro-hormônio, então quando a gente está lá, lokona com rímel borrado escorregando pela parede e com o coração aceleradão por causa do stress, a ocitocina vai lá, fala pro coração que tudo vai ficar bem, e ajuda células a se regenerarem e se curarem de qualquer dano que o stress possa ter causado. A ocitocina é responsável por nos tornar empáticos, e preocupados com os outros.
Então podemos dizer que um abraço naquela hora de tristeza ou de stress realmente acalma o coração. Cientificamente acalma o coração. O chamego num momento difícil, o ombro amigo silencioso e presente, o colo naquela hora de desespero - tudo o que procuramos nesses momentos, e que achávamos que era algo social, não é somente. É o nosso cérebro querendo nos ajudar, é a ocitocina querendo ir acalmar o coração.
Se isso não é bonito pra caralho, não sei mais o que pode ser.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Paga baratinho, paga!

É cada uma que eu vejo. Professor começa a dar aula sem fazer teste de nível nenhum. E aí, escolhe material como? Escolhe material errado, né. E isso por que? Porque pessoal quer pagar 20 reais a hora pro professor particular ir até a empresa e dar aulas personalizadas.

Alunos compram material, o mesmo é inadequado ao nível, as aulas começam e não rendem nada. Param as aulas, me procuram pois fui bem indicada. E eu não consigo esconder a cara de horror ao saber que não houve nenhuma nivelação.

Resultado: estão usando material para Upper Intermediate quase Advanced quando deviam estar usando para Intermediate.

Isso mesmo, gente, continuem contratando aventureiros, native speakers sem nenhum tipo de treinamento, gente que cobra super barato. Continuem assim, que aí as aulas vão pro vinagre e eu ganho alunos novos.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Being Camila

Uma aluna ia passar um ano no Canadá e queria se acostumar um pouco com o sotaque de lá. Eu expliquei que não havia necessidade, pois sotaque canadense está longe de ser o escocês, irlandês ou - valha-me - australiano (no meu ranking de sotaques o australiano é o último. Não perguntem). Ela insistiu, disse que queria se sentir mais segura, e lá fui eu procurar coisas além de Alanis Morissette e Mandy Patinkin. Encontrei um seriado que se passa em Toronto chamado "Being Erica".

A premissa do seriado é simples: mulher nos seus trinta e pouquinhos, toda fodida, demitida, pé na bunda, família querendo que ela case; conhece um terapeuta que diz que pode ajudá-la. É isso, mas não só isso. O terapeuta é meio estranho (pleonasmo?) e oferece a ela uma oportunidade única: Erica pode listar todos os momentos-chave de sua vida, momentos em que ela fez merdinha, e ela poderá voltar no tempo e mudar aquela situação. Ela só não pode alterar a morte.

E lá vai Erica listar todos os seus grandes arrependimentos, desde os tempos de escola, até os mais recentes. E os episódios vão rolando com um retorno ao passado por vez, onde ela tem a chance de agir diferente e, é claro, enxergar as situações de maneira diferente também. É um sci-fi meio chick flick meio sem noção mas é um bom divertimento.

Passei todos os episódios da primeira temporada refletindo sobre meu passado. Olha, se tem uma coisa que eu realmente faço é refletir sobre o passado, e não é porque não superei algumas coisas, mas porque eu curto mesmo relembrar. Minha cabeça é uma timeline, eu lembro de datas, roupas, situações. Se eu pudesse voltar no tempo, talvez eu mudasse algumas pequenas situações na adolescência porque eu era tão esquista e tão tonta que me irrito só de lembrar. Mas tirando essas situações bobas em que eu daria um fora em quem me tratasse mal, eu não mudaria mais nada.

Minha vida está longe de ser perfeita, mas quem tem uma vida perfeita? Mesmo quem tem uma vida que consideraríamos perfeita acha motivos para achar coisas ruins. Somos todos imperfeitos e assim são nossas vidas. E mesmo com toda essa imperfeição, eu não mudaria nada. Qualquer alteração mínima certamente alteraria tudo, e eu não estaria aqui, hoje, escrevendo esse post.

Talvez eu não desistisse da faculdade, mas e se eu continuasse, e fizesse amigos, e não conhecesse os amigos que tenho hoje? E se eu fizesse aquele intercâmbio, e morasse pra sempre no exterior, e não conhecesse meu marido? E por aí vai. O bullying que sofri, o cyberbullying que sofri, os abandonos, as vitórias, os acertos, os tropeços, os muitos erros me fizeram ser exatamente quem eu sou e me colocaram exatamente onde estou.

Logo mais vou fazer sopa, meu marido vai me ajudar, e vamos assistir "Game of Thrones". Hoje paguei minhas contas todas e ainda sobraram uns caraminguás. Falei de Martin Scorcese pra minha aluna de 14 anos e ela ficou super interessada em assistir alguns filmes dele. Pra uma quarta-feira chuvosa, pós feriado, acho que tá muito bom. Eu podia estar rica, numa ilha paradisíaca, tomando piña colada? Podia. Mas queria estar numa ilha incrível sendo o meu eu de agora, com as pessoas que me cercam agora.

Tá tudo bem, mas não tá perfeito. Tá tudo mais ou menos legal. E pode melhorar. Eu gosto de quem eu sou hoje em dia.




segunda-feira, 13 de abril de 2015

Resmungos

- Não aguento mais artigos de princesas da Disney fazendo isso ou aquilo. "Veja o artista que fez as princesas da Disney fazerem xyz". Aí é princesa pulando corda, princesa cagando, princesa usando moletom, princesa dançando o tchan (se bem que se fizerem alguma princesa dançar o tchan eu vou achar divertido).

- Não aceito mulheres com mais de 20 anos dizendo que são princesas. Parem, vocês são adultas! Coisa chata! "Ah, mas o espírito de criança blablabla". Aham, espírito de criança, ok, você curte brincar, ok. Mas tem que postar nas redes sociais o tempo todo esse lance de ser princesa? TEM QUE? Não, não tem que.

- Foto de gente nessas micaretas de protestos vestidos de verde e amarelo achando que estão fazendo A GRANDE MUDANÇA no país. Aí postam hashtag orgulho, hashtag chega de corrupção, hashtag viva o coronel metralha. HASHTAG BURRICE pra você, beijos.

- Cara, e a galera fazendo FILA para tirar foto com ex torturador da época da ditadura? As pessoas estão comendo merda e bebendo chorume? O que está acontecendo com esse mundo?

- E a mania de escrever gratidão pra tudo? Não dá mais pra dizer "muito obrigada", "obrigada", "valeu", "flw vlws", todas essas formas perfeitamente aceitáveis de se agradecer por algo? Tem que escrever a caceta da gratidão? Não faz sentido! Pessoa te deu uma informação, você responde "gratidão". Gratidão é só o substantivo, é um sentimento. A pessoa te dá um pé na bunda e você em vez de falar "que ódio, vai se foder" fala "raiva, angústia, depressão"? Você fica feliz com alguma coisa e em vez de dizer "estou muito feliz!" fala "felicidade, júbilo, regozijo"? Não, porque você não é o Arnaldo Antunes compondo! Então fale "muito obrigada" mesmo.

Por hoje é só.

domingo, 12 de abril de 2015

Hoje eu vou tomar um porre, não me socorre, que eu tô feliz!

Fazia muito tempo que eu não tomava um porre, um porre daqueles de gente grande mesmo. Eu tenho uma tolerância alta com destilados, já cheguei a beber uma garrafa de cachaça com mais dois amigos e não fiquei bêbada. Mas com fermentados a coisa não fica muito boa. Vinho é a minha bebida favorita do mundo todo, e quando eu fico bêbada de vinho - acontece pouquíssimo, as acontece - eu fico meio possuída pelo ritmo Ragatanga.

A Ragatanga me faz falar MUITO e, claro, muita merda. Vou tirando sarro das pessoas, faço dancinhas, conto histórias - eu geralmente não me lembro, mas os amigos me contam depois. O problema da Ragatanga é que eu falo merda por horas, e aí começo a passar mal. E me dá um blackout tão sério que eu acordo no dia seguinte sem nem saber onde estou ou como cheguei ali, Berenice segura, nós vamos bater, nada mais me lembro.

Ontem foi a noite do meu grande porre anual 2015. Tenho um grupo de amigos que é minha segunda família, e eles estiveram ao meu lado, segurando minha mão, desde a descoberta do câncer, cirurgia, o susto do ano passado, o alívio dessa semana. O apoio que recebi deles foi imenso: me acompanharam em exames, foram buscar resultados comigo, foram me buscar no hospital, me ouviram chorar, me ouviram lamentar, me mandavam mensagens, me ligavam. Tive todo o apoio da minha mãe, marido, e dos meus amigos.

Pois ontem foi com eles que eu comemorei que não tinha horcrux do Voldemort no meu corpo. Faltaram 3 pessoas essenciais nessa comemoração, mas sei que poderemos comemorar todos de novo, outras vitórias. Eu fiz risoto ao pesto, um amigo que também cozinha bem fez um lombinho assado, e ficamos lá, comendo, bebendo e conversando. Mas aí o vinho bateu. Eu acho que bateu forte daquele jeito porque a emoção era muito grande. Ou talvez porque esteja meio fraca de tanto tomar antibióticos pra sinusite. Ou talvez tenha sido tudo.

Eu fiz brinde e saí abraçando a todos. Chorei de soluçar abraçada a um amigo. Agradeci a presença deles. Dancei Macarena. Derrubei uma amiga no chão. Passei mal e fui socorrida. Acordei na cama de uma amiga sem nem saber como tinha chegado ali, e meu marido teve que me contar o que tinha acontecido. Saí de lá descalça, 6 da manhã. Que noite gloriosa!

Se tem uma coisa da qual eu orgulho é das amizades que eu fiz depois de adulta. Esse grupo de amigos começou pelo meu outro blog, fui conhecendo as pessoas, e aí todo mundo foi se gostando, mais pessoas chegaram, e estamos aí, não mais tão jovens, mas nos divertindo juntos até hoje. É uma enorme benção ter ao seu lado pessoas que te deixam 100% confortável, com quem você pode falar o que for que fica tudo bem.

Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi. E bebi.

Obrigada, meus amigos. Vocês são a riqueza da minha vida!




quinta-feira, 9 de abril de 2015

Café TPM




Fui à pet shop e tinha esse café aí, o PMS. PMS é tensão pré-menstrual em inglês.

O mocinho da loja ficou olhando pra minha cara com curiosidade pois eu resolvi tirar uma foto, e eis que eu achei que era o momento de ser didática e ter o seguinte monólogo:

- Tirei foto porque PMS quer dizer tensão pré-menstrual em inglês. Tirei a foto porque achei engraçado esse nome, imagine, um café tensão pré-menstrual, hahahaha.

- ...

Não é apropriadíssimo ter uma conversa assim com o atendente da pet shop? Ele nem ficou desconfortável, só parecia que ia enfiar a cabeça num buraco no chão.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

XÔ VOLDEMORT

A antecipação de abrir um resultado de punção + biópsia: as mãos tremem, as pernas ficam meio bambas, o tempo meio que para.
E a felicidade indescritível de ver que o resultado é bom, é excelente, é incrível.
Sobraram uns tecidinhos de tireoide que a gente tira na iodoterapia.
MAS NÃO TEM HORCRUX NESSE CORPO NÃO, GENTE!!!
Não sei se eu choro, se eu dou risada, se eu pulo, se eu danço. Só sei que saúde é o que interessa, o resto não tem pressa!
Eu participo de um grupo de professores e coordenadores de inglês aqui no Facebook. Fico impressionada como a minha raça às vezes é insuportável, principalmente porque muita gente se acha e ainda por cima fica corrigindo o inglês alheio na maior arrogância, sem nem perceber que também comete erros. Tem dias que algumas discussões lá parecem luta livre.

Eis que ontem um maluco começou a criticar quem, nas palavras dele, se sujeita a dar aulas em algumas redes grandes. Na maior cara dura mesmo o cara falava "não sei como vocês se prestam a esse papel" e coisas assim.

Eu não dou aulas em redes grandes de franquias porque tenho minha empresa e porque o esquema das franqueadas geralmente vai totalmente contra os meus princípios. E eu posso nem ter tantos princípios assim na vida, mas na minha área eu tenho muitos. Não quero me sujeitar a um esquema de ensino que não é de ensino, só de lucro. Não quero dar aulas em escola que defende que turmas devem ter níveis misturados, não quero dar aulas dentro de uma caixinha.

Mas se acontecer algo catastrófico no Brasil, na economia, e o que me restar for dar aulas em alguma porqueira dessas da vida, eu irei. Questão de sobrevivência. Cada um sabe onde seu calo aperta, e quem prefere trabalhar em franqueadas, pelo registro e etcs, deve mesmo ir atrás do que quer.

Aí naquela discussão com o cara arrogante que escrevia errado e ainda assim soltava pérolas do tipo "você fala inglês? Porque quem fala não se sujeita a trabalhar nessas escolas", todo mundo respondeu pra ele, inclusive eu - eu posso ser chata com erros, tenho meus princípios, mas é MUITO feio detonar colegas de trabalho desse jeito. Eis que tal qual Dado da primeira temporada de Malhação, o rapaz começa a escrever citações de filósofos e educadores.

Olha, coleguinha, na minha terra só tenta encerrar discussão com citação quem não consegue argumentar. Quer me ver revirar os olhos eternamente é chegar com uma frase pronta achando que está sendo inteligente ou que desse jeito encerrará a discussão. Vê se eu vou parar de argumentar só porque um palhaço falou "Aristoteles disse ..." Com todo respeito, dane-se Aristóteles!

Prefiro ter um filho velha que um filho citação.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Apenas muito passada que o último post do ano passado, em que eu desabafei sobre o assalto que sofri, teve quase 500 visualizações. Não sei nem de onde vieram, só sei que a gente gosssssssta de uma desgraça, né?!

Hahaha
É um pouco cansativa a vida de educadora. Muita gente me diz que sou educadora na alma mesmo, que é algo tão dentro de mim, arraigado, que já é parte de mim. Eu concordo. Não sei não ser professora. Se eu for te ensinar a fazer alguma coisa, pode ter certeza que eu vou pensar em como fazer isso didaticamente, ainda que eu esteja te ensinando a cozinhar um ovo.

E essa vida é cansativa porque eu enxergo o mundo através dos olhos de uma educadora, e não de uma mulher de negócios. Eu sou as duas coisas, e tento ser as duas coisas da melhor maneira possível, mas eu sei que sou mais professora. Não adianta negar.

Quando você é uma pessoa de negócios você vai levar contratos cartesianamente, e quem não cumprir é errado. E é isso mesmo, não cumpriu, é errado. Mas eu não consigo chegar pra pessoa batendo o meu pau imaginário na mesa e falando "está no contrato, se não quiser cumprir você será acionado judicialmente". Não consigo fazer isso, mas devia ter os colhões de fazer. Porque no fim, as pessoas são abusadas mesmo. Tudo pensam em "jeitinho", em "pena", em "ah, mas eu não sabia", quando a coisa é realmente simples: leia o contrato antes de assinar.

Estou com um perrengão de trabalho por conta de uma mãe que mimou demais a filha, e agora a filha quer parar as aulas, e a mãe não quer pagar a multa de contrato - que é apenas pagar 50% da mensalidade do mês, nada de mais. A mulher já reclamou, já esperneou, e eu lá argumentando que está no contrato, explicando a cláusula, explicando mo motivo da multa - ou seja, sendo professora. Ela está há algumas horas sem reclamar, mas sei que isso me dará um trabalho enorme ainda.

Passei o dia inteiro nesse duelo entre a mulher de negócios (que tem que receber sua multa) e a professora (que entende que às vezes o aluno não gosta do professor e ponto final). É realmente cansativa a vida de educadora.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Mercado Municipal de Pinheiros

Eu adoro mercadões, e sou chegada num bom comércio popular. Não sou a louca da 25 de março, mas moro numa área bem popular de Pinheiros e acho bem legal. Moro bem perto do Mercado Municipal do bairro, que não é nada conhecido, e isso é uma pena. O Mercadão do centro e o Mercado da Lapa dão de mil no de Pinheiros pela quantidade absurdamente maior de produtos vendidos, mas esse mercado de onde moro é charmoso, tem bastantes (sabiam que "bastante" como sinônimo de "muito" vai pro plural? Descobri isso e fiquei choquê) produtos e os preços são ótimos.


Eu amo queijo meia-cura. Lá sempre tem, e eles deixam você provar um pedaço antes de levar. Outro dia comprei goiabada, e já me deram um pedaço junto com queijo, pra eu ter certeza de que era aquilo mesmo. Se isso não é amor, não sei mais o que é.

Eu entrei numas de fazer granola em casa, e fica uma loucura de gostoso. Uso aveia, chia, quinoa em flocos, todas as oleaginosas possíveis, damasco, coco, goji berry. Sabem quanto é o quilo da chia por lá? 10 PAU É ou não é pra mandar o Mundo Verde à merda? E além de tudo isso, rola comprar todos os tipos de temperos e condimentos que você puder imaginar. 


Esse aí é o Entreposto das Feijoadas, onde compro tudo pra granola, queijos, costelinha pro feijão e, às vezes, um pouco dessa calabresinha curada que é simplesmente divina pra acompanhar uma cerveja gelada.

No segundo andar há açougues, peixaria, e frangaria (é isso? Existe isso?). O pessoal é geralmente muito atencioso, e só lá eu consegui osso pra fazer caldo de carne caseiro.

Além disso, estão dando uma repaginada no visú do local pra ver se atrai mais clientela. Sou super a favor. Vão reformar o deque, para colocarem mesinhas e você poder ir lá comer uma feijoada e beber sua cachacinha num sábado à tarde. Além de restaurantes de prato feito, recentemente abriu lá a Comedoria Gonzales, que está sempre lotada, e serve um ceviche fresquíssimo e delicioso, e alguns assados. Ceviche a 15 contos, franguinho assado também a 15 com direito a acompanhamento. Tudo num tamanho que satisfaz seu ogro interior. O bacana da Comedoria, além da comida deliciosa e do preço super amigo, é que usam produtos comprados ali mesmo. Vegetais, peixes, carnes, tudo vem dali de dentro, num esquema de camaradagem que enche meu coração.



Dizem por aí que o Alex Atala vai assumir parte do processo de revitalização do Mercado, e vão rolar stands com comidas regionais do Brasil todo. Venda de ingredientes mesmo, o que é bem bacana. Há o projeto de um stand estilo o Comedoria, mas que será do famoso Restaurante Mocotó. Acho lindo.

Se tudo isso acontecer, será ótimo - SE os vendedores atuais e que estão lá há milênios puderem continuar fazendo e vendendo como sempre fizeram. Será ótimo SE não resolverem que o Mercadão é lugar pra gourmetizar. Parem de gourmetizar Pinheiros. 

Eu acho que o Mercado merece mais atenção, investimento, e movimento de gente comprando com a galera que já trabalha lá. Mas, como moradora do entorno, tenho bastante receio disso ser o início de um processo de gentrificação que tiraria toda a identidade do Largo da Batata. O Largo é a Teodoro lotada, os puteiros porcaria, aquele vai e vem de todo tipo de gente. O Largo é o Mercado com dondocas comprando, e com os trabalhadores indo almoçar.

É isso que eu amo no meu bairro. 

Visitem o Mercado de Pinheiros, comam o ceviche do Checho, comprem um queijinho lá no Entreposto. Vai valer a pena!



domingo, 5 de abril de 2015

Uma saudade: escrever livremente

No ano passado uma amiga recomendou meu blog num post dela no Facebook, e um moço comentou algo como "ela escreve bem, mas nossa, os últimos posts me deixaram deprimidos".

E foi por isso que eu não escrevi mais aqui.

Não me incomodou o moço, de maneira alguma, foi a experiência dele. Incomodou-me a minha situação, a minha tristeza, a minha vida. Eu não quero escrever para ninguém se sentir mal por mim, eu quero escrever porque é algo que eu realmente gosto de fazer, sempre gostei.

Sempre escrevi em diários, cadernos, papeizinhos e afins. Quando descobri os blogs foi uma felicidade enorme, pela primeira vez na vida eu sentia que pertencia a alguma coisa, nem que essa coisa fosse uma parte tão específica do mundo enorme da internet. Meus melhores amigos, até hoje, conheci por blogs. Deles, sou a única que ainda tem essa relação de querer escrever para outros lerem. Sou meio heroína da resistência bloguística. (Se bem que a incrível Renata continua na ativa, e que continue assim!)

O Facebook estragou um pouco a relação que tenho com esse blog porque eu acabo escrevendo muito por lá. Alguns causos, alguns desabafos, algumas reclamações. Mas não rola a mesma liberdade que tenho aqui. E tem muita coisa chata por lá. Por exemplo, gente que me fala "ah, mas você escreve demais, às vezes nem leio". Não leia, colega, oculte. Mas não precisa vir me avisar que você não leu. 

Eu ando com o propósito de escrever aqui com mais frequência porque realmente sinto falta. Ninguém mais liga pra blogs, ninguém curte ler nada com mais de três parágrafos. Mas outro dia a Dionete deixou um comentário aqui pedindo notícias e isso me tocou muito. Alguém que ainda me lê, sem ser meu amigo, e que mesmo depois de 6 meses de ausência veio aqui ter notícias minhas. Isso é legal. Pra caralho.

Eu estou bem! Essa semana finalmente fico sabendo se meu câncer deu metástase, mas tudo indica para que não! :) o fim do ano passado foi um pesadelo, e eu achei que fosse surtar de verdade. Mas sabem pra onde eu fui? New York! E também fui pro Jalapão! E o apartamento onde estamos agora é incrível. No fim, tudo ficou bem - se eu viajo, eu fico bem.

Então, pessoal, voltei para ficar porque o blog é meu lugar. E em breve conto sobre minhas viagens maravilhosas!

Feliz 2015 atrasadíssimo a todos!