sexta-feira, 30 de maio de 2008

I kill the snake and show the stick

Essa noite eu sonhei que eu estava num lugar e uma cobra malévola atacava as pessoas que estavam comigo. E eu era a única no recinto sem medo de cobra. Aí peguei uma pá e, enquanto a cobra dormia num canto, eu fui lá e cortei-a em três partes. Matei a desgramada - e ainda disse "matei e mostro o pau, hahaha". Mas, quando fui enterrar as partes, elas tinham virado tipo salmão grelhado com a pele.

Alguém sabe interpretar isso? Alguém? Bueller? Alguém? Bueller?

quarta-feira, 28 de maio de 2008

A tar da Pirassununga


Aparentemente, estradas me fazem bem. Digo, sair de São Paulo me faz bem, sempre. Mas eu adoro estrada. Aquela coisa super Thelma & Louise (minha amiga disse que é Thelma e Selma e eu rolei de rir) de lenço na cabeça e aventuras do barulho numa estrada muito louca. Acho digno. Pena que nunca apareça um Brad Pitt pra me resgatar. A vida não pode ser perfeita, mesmo.

Aparentemente, intercalar Ypioca (sim, a caninha) com cerveja não é muito sábio. Dizem que deve-se alternar com água, niqui eu pensei: cerveja tem água. DJÓIA. Não poderia fazer dedução mais torpe. O resultado: eu jogando na cara de um menino ligeiramente babaca que ele é babaca (mas essa parte foi legal), eu super achando que tinha virado o Amary Junior do churrasco ("veeeem aqui amigo! Vamos beber mais uma dose de tequila de pobre!") continua...

[pausa explicativa]

Tequila de pobre é um drink do capeta que minha amiga introduziu com amor em nossa última festchenha do gramú. Consiste em: um shot de Ypioca Ouro e um gomo de mexerica. Ou tangerina, caso você seja purista. Goela abaixo com o shot de manguaça, come a tangerina. O mé desce macio e reanima. Sério, você toma 10 shots de tequila-de-pobre (he) e NÃO sente! Você só sente quando acorda depois de ter, tipassim, desmaiado. Não que isso tenha acontecido comigo, é só um exemplo.

[fim da pausa explicativa]

...continuação

Então, eu achei que tivesse vocação pra Amaury Junior, estava super na vibe do keep it coming love, keep it coming love, don't stop now, don't stop now (e no dia seguinte pessoas me cumprimentavam e eu segurava no braço de minha amiga e sussurava: "conhecemos essa pessoa?". Ela geralmente respondia: "Acho que sim. Nada mais me lembro"). Eu também achei que cachaça é água, mas OPA, TÔ BÊBADA, cachaça não é água não.

Aparentemente, eu sempre tenho amigos zelosos que me socorrem quando eu passo um pouquinho da conta no álcool. Eu faço isso uma vez por ano. Fiz no ano passado, tava faltando esse ano. Ano passado foi descuido + estômago vazio. Esse ano foi aquele desejo incontrolável de afogar as mágoas misturado com a minha cabeça dura de me esquecer de beber água. Água é vida, amiguinhos, anotem essa. Fica aqui meu beijo pra quem me socorreu. Não fica aqui meu beijo pra quem me deu apelidos. Vexame e Mexerica não combinam com meu glamour intenso deluxe.

Tirando a vergonha e a culpa porque né, 29 anos no lombo, eu devia ser mais responsável; digo que o saldo geral é: essa semana eu me senti melhor. E, acreditem, depois de quase dois meses chorando todos os dias, isso é um grande, grande progresso. Então acho melhor ter uma reputação a zerar e expurgar todo o mal, amém do que ficar em casa remoendo o que não vai ser digerido de uma hora pra outra. Né?

Fiquem agora com belas imagens pirassununguenses:


sexta-feira, 23 de maio de 2008

Antes tarde do que nunca

Respondi aos comentários dos últimos posts!

Isn't it ironic?

Don't you think?
A little too ironic?
Yeah, I really do think!

No começo do ano eu estava saindo com esse moço que é extremamente bonito. Preciso frisar isso porque é um fator importante. Sabe aquele tipo de beleza inquestionável? Pois então. Além disso ele é ótima companhia, ótimo papo, enfim, paremos por aqui. O que aconteceu? Fiquei muito babando por ele. Aquela coisa de "minha santa prelônia do abatedouro, obrigada pela graça alcançada". E aí cometi aquele erro fatal de desejá-lo muito e achar que meu jeito de ser pode ser um pouco too much. Porque eu sou um escracho e tenho consciência disso. No entanto, a velha máxima clichê dos clichês de "a pessoa tem que gostar de você do jeito que você é" é mais do que verdadeira. No entanto parte 2, quem é que nunca, quando estava frente a frente com alguém que parecia ser um sonho lindo que apareceu, se pegou tentando ser mais contido, falar menos besteiras, enfim, todas essas baboseiras? Acho que todo mundo já fez isso uma vez na vida.

Então lá estava eu, tentando ser cocota. Tentando ser tchutchuca e parecer mais namorável. E o que acontece? Ele me fala que eu era estranha. Gente, pensem na decepção: eu estava justamente tentando não parecer estranha. Eu estava tentando dicunforça mesmo! Tipo o Paulie Bleecker em "Juno", quando ela fala que ele é legal e nem se esforça pra isso e ele diz que na verdade ele tenta muito. Mas no meu caso eu não estava sendo chamada de legal. Não acho que ele tenha falado de maneira depreciativa, mas pôxa, eu estava lá comentando sobre umas músicas e provavelmente fazendo alguma graça nada hardcore quando ele me fala: you're so weird. Fué fué fué. Nesse momento o Geninho da She Ra apareceu e disse pros amiguinhos que o importante é ser 100% você o tempo todo. Aí eu dei uma bica nele porque odeio essas frases prontas.

Eu estava sendo eu, mas uma versão mais light de mim. E por que isso? Porque o interesse afetivo-sexual é uma merda. Sério, pessoal, encarem os fatos: estar interessado mesmo em alguém é um fardo. Por quê? Porque você começa a agir de uma maneira meio ensaiada, meio pisando em ovos, seus movimentos passam a ser friamente calculados - e todos sabem que se você começa a agir de maneira a poder parafrasear Chapolim Colorado é porque as coisas não estão indo muito bem. E é quando você age de maneira a querer chamar a atenção do objeto de sua afeição que, em muitos casos, tudo vai por água abaixo. Porque sem naturalidade tudo fica muito difícil. Uma vez li um texto que fazia um contraste entre o comportamente apaixonado e o comportamento apaixonante. Sempre lembro disso, o texto era genial. E o autor falava que quando estamos desinteressados, agimos de maneira apaixonante porque agimos naturalmente. Aí vem o interesse sexual e o que acontece? Ao invés de manter o comportamento apaixonante você começa a ter um comportamento apaixonado, que muitas vezes repele o outro, simplesmente porque, assim como eu fui, você fica meio patético.

Lógico que tudo devia ser mais simples. Mas a vida é uma puta velha e cansada. Ela não quer facilitar. E acho que ela se diverte vendo nós, suas marionetes, agindo de maneira patética e, conseqüentemente, sendo chamados de estranhos. Ela também se diverte colocando nas nossas vidas pessoas legais, interessantes e interessadas quando tudo que queremos é um chocolate quente no final da tarde e nada más. E é nesses momentos em que não queremos nada com nada que agimos de maneira apaixonante. Sendo nós, como bem nos aconselhou Geninho.

Aí você ouve umas frases tipo "Você é incrível, Sabia? Incrível. Não faz charme, fala o que pensa, isso é lindo!" e pensa "Por que caralhos eu não consigo ser assim sempre?". Então você olha pra pessoa que te disse isso, sorri abertamente e diz: "Nossa, esse pastelzinho está uma delícia, me passa a pimenta?".

Ah, vida puta velha e cansada... Tu me cansas...

Isn't it ironic?
I really do think.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Filha, você é a ovelha negra da família

Para mim, um abraço na hora certa vale mais que 1000 palavras.
Para minha família, 1000 palavras valem mais do que um abraço.

E aí dá-lhe aquela coisa toda de "entenda", "aceite", "não julgue", "se coloque no lugar" e "entendo sua dor e você tem razão de estar assim, mas você precisa se erguer". Fácil, né. Então tá, vou me reerguer amanhã, 10 da matina porque antes disso é madrugada. Tá marcado, prepare yourselves to the greates rise ever. Existe toda uma boa intenção e a idéia atávica (sim, na minha família já é algo atávico) de que numa hora de desespero você tem que ouvir "verdades" pra se fortalecer e ficar bem. Difícil, porque as minhas verdades sempre foram muito diferentes das do restante da Família Buscapé. Então que coisa é essa de achar que eu tenho que estar preparada pra ouvir muitas coisas, quando tudo que eu quero é ouvir que eu estou fazendo o que posso e estou tentando o meu máximo pra ficar sã e continuar trabalhando? Eu já não ouvi o suficiente no último mês? Eu entendo que é por amor. Eu entendo que é porque acredita-se que esse seja o "certo". Mas eu só quero colo e companhia. Só isso. Porque nada, nada do que me disserem vai tirar o que estou há mais de um mês sentindo sem parar. Pode ajudar, desde que não venha acompanhado de um ou dois absurdos. Eu só quero me permitir sentir tudo que tenho sentido, inclusive raiva, porque eu acredito que assim umahora vai passar. Porque me jogaram numa bagunça novelesca e me enganaram. Por anos. Não tem como exigir que eu não tenha raiva e me sinta mal. O fato d'eu sempre ter tido o desejo de saber minha história não significa que eu tivesse que aceitar de bom grado toda essa merda sem fim. Querer saber é direito meu, aceitar e aquiescer a cabeça dizendo "tudo bem, vocês fizeram o melhor" quando a SUA vida é que foi prejudicada, quando a SUA adolescência foi infernal, quando VOCÊ teve problemas e mais problemas de relacionamento é uma coisa completamente diferente. Talvez eu atinja, algum dia, o nível de perdão que esperam de mim. Talvez. No momento, com toda a sinceridade que eu não escondo, eu só quero que, alguma vez nessa puta vida, coloquem-se no meu lugar e entendam a minha dor. E também entendam que eu não tenho que ir pedir por ajuda quando está claro que eu preciso dela. E que é difícil bater na porta de alguém chorando porque, sinceramente, eu vou fazer isso toda semana se me deixarem. Eu amo minha família, de coração. E sou grata a eles pelo que sou. Mas tem horas em que ser eu, ali dentro, é bem complicado. Engraçado é que ano passado eu disse que eles subiriam no palco comigo, em alusão ao filme "Pequena Miss Sunshine". Continuo achando que subiriam. Mas é muito mais fácil lidar com a mulher em crise porque teve problemas amorosos do que lidar com algo que envolve parte da família e mexe com mamis, que é a protegida das protegidas. Só me fodo Brasil.

Linda é a minha prima que veio me perguntar se estou "de bad" e, ao receber a resposta afirmativa, me manda: "suas unhas estão feitas? Estão pintadas de vermelho?". Sim, estão, não entendi? Coméquié? Explicação: se minhas unhas estivessem feias, ela viria aqui fazê-las direitinho, porque eu não preciso dizer por que tudo está mal, mas ela nunca permitiria que eu chorasse feia e de unhas mal-feitas. Eu achei lindo. Primeiro, que ela me conhece bem. Segundo, que é impressionante como alguém de 18 anos consegue ser mais carinhosa e fofa que todos os marmanjos acima dos 40. Talvez seja disso que eu precise agora: companhia pra fazer as unhas e falar besteirinhas. É bobo? É. Resolve? Não. Mas o que resolve? Melhor me distrair, né?!

ps: reli o texto e parece que, sei lá, sou adotada. Não, não sou. Antes que alguém me mande email lamentando que eu tenha descoberto só agora, a situação envolve outros fatores.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Então, né

Estavam dando drinks de saquê ontem à noite no Conjunto Nacional. Não, você não leu errado: drinks de saquê de graça. Meu humor melhorou exponencialmente depois de beber saquê de graça. Depois fui à Livraria Cultura e comprei a primeira temporada de Dexter. Completinha. Porque assim como minha menina Gi, meu método de terapia intensiva também é me internar em seriados. Porque aí eu não penso, eu fico obssessivamente assistindo algo extremamente interessante e não muito denso e meu dia melhora. Minha cabeça se desanuvia. Então desde ontem tudo o que tenho feito é assistir Dexter e trabalhar.

Agora vou ali, sair com um dos meus dinamarqueses favoritos. Ritmo de despedida dos meus amados danes, que irão embora do Brasil de vez em uma semana. Sim, estou abalada. Mas não, não tenho me focado nisso porque senão nem Dexter me salva. E eu tenho certeza que os verei de novo. Então não vamos sofrer, né, pessoal. Que a vida já tá bem dura.

Enfim, tudo isso pra dizer que estou menos histérica. Ontem quando escrevi o post anterior estava faltando pouco para eu sair gritando pelada pela rua que Jesus voltou, como bem diria a Lilla.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Martha Rocha

Não passei por dois centímetros.

Não foi porque meu Inglês não é bom o suficiente, porque o entrevistador disse que meu Inglês é wonderful. Não foi porque eu estava mal-vestida ou mal-maquiada, porque o entrevistador elogiou minha roupa e disse que eu estava extremamente elegante. Estava mesmo. Não foi porque eu sou feia. Não foi porque sou burra. Não foi porque eu não tenho a ver com o trabalho, porque eu ouvi, também da boca do entrevistador que tinha acabado de me conhecer, que meu perfil tinha tudo a ver. Não, não foi por nada disso. Foi por dois caralhos de centímetros filhos de um puto.

Sabe quem passou? A monga que fala "helpi" e pronuncia "nervous" como se lê. Ela tem dois centímetros a mais que eu. Sem contar todos os miguxos que eu vi no orkut - que passaram e já estão lá, do outro lado do mundo.

Eu acabei de descarregar um mundo de tristezas e frustrações em cima da minha mãe, por MSN. Porque as pessoas acham que, ok, eu não passei, tenta aquele seu outro plano. Só que eu não sei mais que merda de plano eu quero. Eu cansei de estar sozinha, de ter que ser mãe quando eu quero ser filha, cansei de ser forte, cansei de dizer que vou melhorar e que vou ficar bem. Eu sei que vou ficar bem. Mas quer saber minha vontade agora? A vontade é de mandar o mundo inteiro se explodir. E de gritar que eu não vou ficar bem porra nenhuma porque a vida resolveu jogar a maior quantidade de informações em cima de mim achando que I could handle mas SURPRESA, tá difícil demais e por muito menos muita gente já teria surtado de verdade.

Estou CANSADA. De verdade.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Lei da Selva

Esqueci de contar que logo após o fatídico assalto eu fui pro ponto de ônibus mais próximo, aos prantos. O meliante havia me levado até as moedas e eu não me lembrei que poderia pegar um táxi e pagar com cheque. Aí um microônibus que faz o trajeto Diadema a.k.a. Cu do Mundo - Berrini parou e eu pedi pra motorista me dar uma carona. Eu ainda estava aos prantos. Contei que havia sido assaltada e ela disse que me deixaria na Berrini sem problema. E começou a me contar causos da vida, pra ver se eu me acalmava. Até que ela me solta:

- Pra você ver, né. O pessoal fala de Diadema, mas aqui nesse bairro de bacana, você é assaltada e não tem pra quem recorrer. Vai fazer o quê depois disso? Lá em Diadema não, você é assaltada mas tem quem te defenda. Você vai nas quebradas e fala com os chefes das bocas que eles vão atrás do desgraçado e obrigam ele a te devolver tudinho. Marginalzinho não volta a roubar lá em Diadema não... Se você estivesse lá já tinham pegado tudo seu de volta...

Caramba! Será que a solução é mudar pra Diadema??

Fazer um amor gostoso?

Acabei não indo ao forró no sábado pois o pessoal estava exausto. Acabei indo com eles prum barzinho tomar "capeletti in brodo". E cerveja, é claro. Aproveitei pra chocar dois colegas de curso, ambos com mais de 27 anos, usando as expressões "trepar" e "dar". Eu me divirto quando consigo chocar as pessoas com coisas absolutamente prosaicas e bobas. Porque no meu mundo, chocante é um homem barbado falar que "faz amor". O cara de 20 anos que estava com a gente é mais esperto que os marmanjos de 27 e 32. Vai entender esse mundo...

E agora uma enquete: vocês acham a expressão "fazer amor" aceitável???

Eu realmente preciso entender por que algumas pessoas insistem em dizer essa cafonice ao invés de usar os verbos apropriados. Que não, não precisam ser chulos. "Fazer sexo" não é chulo. "Transar" também não. Pode ser engraçado, mas não é chulo.

Pra mim, quem faz amor é o Wando e o Benito de Paula. Eles amam no chão, eles querem te fazer mulher fazendo um amor delícia. Porque tá delícia, tá gostoso. Tirando esses dois, que têm toda uma licença poética, a expressão fica completamente vetada. Ficadika.

domingo, 11 de maio de 2008

Transparência

Eu tenho isso de deixar minha cara estampar o que eu estou sentindo. E hoje, a caminho da aula de dança, eu tive uma crise de choro. Não propriamente uma crise porque eu não choro fazendo escândalo, mas as lágrimas pulavam dos meus olhos e eu não conseguia parar. Ouvia The Killers e chorava. Eu devo ser a única pessoa que ouve The Killers e chora, mas enfim, meus últimos dias têm se resumido a isso. Ouvir The Killers e chorar. Desci do ônibus e fui comprar lenços de papel para poder secar as lágrimas puladoras e não borrar a maquiagem. Porque eu posso estar fumbecada na vida, fodida mesmo, mas eu uso corretivo, blush e batom. Um pouco de glamour é sempre indispensável. Entrei na aula já sem os olhos vermelhos, mas com aquela cara de "oi, morri". E o pessoal vinha me cumprimentar e eu dava aquele meio sorriso. Meu professor veio e me tirou pra dançar e falou que eu estava com cara de triste. Nisso, quem chega atrasado? Cheek to Cheek. Isso significava que o professor não dançaria mais comigo e me largaria dançando com CTC. Em outras palavras, pânico e sofrimento. Não tive dúvidas: falei pro professor que se ele me largasse dançando com CTC eu ia ter que abandonar a aula porque teria uma depressão instantânea e que eu estava muito triste e semi-traumatizada porque havia sido assaltada e ninguém merece dançar com o CTC quando está muito triste porque isso só potencializa tudo. Não sei se por medo de mim, por medo da minha reação ou por peninha mesmo, meu professor fez uma gambiarra na troca dos pares e eu caí pra dançar com Hairspray. Que continua dançando bem, mas agora está emagrecendo e acho que faz bronzeamento artificial. Sério.

No intervalo chega minha amiga surtada do curso e fala "minha filha, que cara é essa, não me diga que aconteceu algo mais". E eu: "fui assaltada". Choque, conto a história, sou parabenizada pelo meu sangue frio. Aí ela pergunta: "mas além disso, não aconteceu mais nada familiar, né?". Pois é, aconteceu. O que já era ruim ficou mais bizarro. A escola de dança promove uns jantares dançantes bem divertidos mas eu não consegui comprar ingresso. Porque eu tinha um encontro, cancelei esse encontro por causa do meu estado de não conseguir não chorar e aí não dava mais tempo. Aí a amiga quer saber se irei no jantar. Porque dançar anima. E é verdade, eu dancei salsa e forró hoje e posso dizer que fiquei melhorzinha. Mas, como não consegui convite pro jantar não vou me animar.

Só que o mundo está cheio de gente muito legal, apesar d'eu pensar o contrário. E aí um pessoal vai sair do jantar, passar aqui em casa e me levar prum forró. Não que eu ame forró, o tipo de música, mas eu realmente gosto de forró, a dança. E cá estou eu, meia-noite, esperando o pessoal passar aqui pra eu dar uma reboladinha lá no Largo da Batata. Potato Square, pros íntimos.

Não consigo dizer se é bom ou ruim ser transparente. Eu realmente não sei disfarçar sentimentos. Acho que só disfarço quando dou aulas (a não ser que a aluna seja a Amber, porque aí a gente fica fofocando). Mas mesmo não conseguindo decidir se é bom ou ruim sair por aí com cara de "pessoal, eu estou sofrendo e não vou sorrir de graça só pra fazer média", eu ainda consigo me divertir. E aceitar convites pra ir ao forró. E amanhã eu vou numa aula de samba de gafieira. Eu também consigo tirar sarro da minha situação e chamar meu pai biológico de Serguei frustrado. E dizer que eu preferia que ele fosse um travesti. Sei lá, eu acho que isso é senso de humor, e senso de humor é o que tem me salvado.

Agora vou ali colocar uma roupa fuleira pra ir pro forró zoado na Potato Square.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Diálogo de um assalto

Sei lá por que raios esses dias eu estava pensando que se eu fosse assaltada provavelmente morreria, já que minha primeira reação é reagir e na minha atual situação "sangue nos olhos quero explodir a humanidade" eu com certeza reagiria em dobro. É nesse momento que entra a pessoa onipotente roteirista da minha vida e escreve mais um capítulo na bizarrice que ele acha que será sucesso de bilheteria mas que, na verdade, parece mais novela mexicana daquelas bem ruins, ainda que isso seja um pleonasmo. Porque não basta colocar no roteiro: mulher de 29 anos descobre quem é o pai depois de, bem, 29 anos. Não basta, a essa história já bastante dramática, adicionar elementos tão absurdos que deixariam Almodóvar e seus transsexuais e pessoas insanas com certa inveja. Também não basta fazer com que essa mulher de 29 anos descubra, um mês depois da revelação, mais coisas a respeito da história que antes já era bizarra. Não, nada disso basta. Não está tão emocionante assim, vamos acrescentar mais drama e dar vida ao que ela pensou outro dia. Aí eu fui assaltada hoje.

E não morri, como vocês podem comprovar através desse post. Acredito que o além ainda não tenha computadores e acesso à internet. Uma pena.

E eu estou aqui, viva para escrever esse texto porque, por um milagre, eu não reagi. Diferentemente da vez de anos atrás em que eu dei uma bolsada num meliante e saí correndo e diferentemente do ano passado em que xinguei até a quinta geração de um tarado que disse que ia chupar meu pé - e ganhei um tarado que disse que ia chupar meu pé me seguindo até a porta de casa e me mostrando seu er, membro ereto; eu não reagi. Na verdade fiquei tão calma que mais um pouco e viraria truta do assaltante. Não sei se aquilo foi calma, cinismo, falta de noção ou um enorme "foda-se tudo", mas uma parte do assalto deu-se dessa maneira:

Depois de me fazer sentar na guia, me mandar parar de tremer e me ameaçar, eu consegui respirar fundo e me acalmar. Dei todo o meu dinheiro para ele (e eu tinha acabado de sacar uma quantia razoável) e comecei a falar:

Eu: Moço, não leva meus documentos, por favor.
Ele: Vou levar não dona. Me mostra a bolsa, mostra tudo que tem aí.
*escancaro a bolsa*
Ele: O que é isso aí?
Eu: Maquiagem.
Ele: Não fala, dona, mostra. Abre esse troço aí.
*mostro as maquiagens, rezando para no fundo ele ser uma bicha louca que ia querer meu batom e devolver meu dinheiro, rá*
Ele: Mostra aquela outra bolsa.
*mostro*
Eu: É remédio.
Ele: Ah, você toma remédio, é?
Eu: Quando tenho dor, sim.
Ele: Ah...

Bom, aí o assalto ficou bizarro porque mais um pouco o cara ia me add no orkut.

Ele: O que tem na sacolinha?
Eu: Notas fiscais.
Ele: Pra quê?
Eu: Pra comprovar gastos pra empresa.
Ele: Ah, você trabalha, né, tem que mostrar. Mas fica quieta aí, eu tô armado.
Eu: Tá.
Ele: No saquinho, o que tem?
Eu: Amendoim. Quer? Pode levar.

PAUSA: que pessoa oferece amendoim prum assaltante. Poi zé. Eu. :-(

Ele: Seu celular vou levar, já era. Senão você liga pra polícia.
Eu: Moço, esse aparelho é novo mas custou 90 reais. É vagabundo.
Ele: É? Não vale?
Eu: Não. Mas se o senhor levar, pode me dar meu chip?
Ele: O chip?
Eu: É, eu tenho muitos telefones de trabalho, pode me dar o chip?
Ele: Tá bom, abre aí e pega.
Eu: Não consigo.
Ele: Deixa eu abrir.
*abre e me dá o chip*
Ele: Agora fica aí e espera eu pegar o ônibus. Fica aí sentadinha, quieta que nada vai te acontecer.
Eu: Tá.

Aí ele pegou o ônibus e eu tive uma crise de choro no meio da rua.

Agora, contando a história, fica claro que o cara não estava armado coisa nenhuma. Eu consegui me manter calma, mas eu sou 8 ou 80. Ou reajo e dou bolsada ou ofereço amendoim e pego meu chip de volta.

Estou TÃO cansada...