Eu tenho isso de deixar minha cara estampar o que eu estou sentindo. E hoje, a caminho da aula de dança, eu tive uma crise de choro. Não propriamente uma crise porque eu não choro fazendo escândalo, mas as lágrimas pulavam dos meus olhos e eu não conseguia parar. Ouvia The Killers e chorava. Eu devo ser a única pessoa que ouve The Killers e chora, mas enfim, meus últimos dias têm se resumido a isso. Ouvir The Killers e chorar. Desci do ônibus e fui comprar lenços de papel para poder secar as lágrimas puladoras e não borrar a maquiagem. Porque eu posso estar fumbecada na vida, fodida mesmo, mas eu uso corretivo, blush e batom. Um pouco de glamour é sempre indispensável. Entrei na aula já sem os olhos vermelhos, mas com aquela cara de "oi, morri". E o pessoal vinha me cumprimentar e eu dava aquele meio sorriso. Meu professor veio e me tirou pra dançar e falou que eu estava com cara de triste. Nisso, quem chega atrasado? Cheek to Cheek. Isso significava que o professor não dançaria mais comigo e me largaria dançando com CTC. Em outras palavras, pânico e sofrimento. Não tive dúvidas: falei pro professor que se ele me largasse dançando com CTC eu ia ter que abandonar a aula porque teria uma depressão instantânea e que eu estava muito triste e semi-traumatizada porque havia sido assaltada e ninguém merece dançar com o CTC quando está muito triste porque isso só potencializa tudo. Não sei se por medo de mim, por medo da minha reação ou por peninha mesmo, meu professor fez uma gambiarra na troca dos pares e eu caí pra dançar com Hairspray. Que continua dançando bem, mas agora está emagrecendo e acho que faz bronzeamento artificial. Sério.
No intervalo chega minha amiga surtada do curso e fala "minha filha, que cara é essa, não me diga que aconteceu algo mais". E eu: "fui assaltada". Choque, conto a história, sou parabenizada pelo meu sangue frio. Aí ela pergunta: "mas além disso, não aconteceu mais nada familiar, né?". Pois é, aconteceu. O que já era ruim ficou mais bizarro. A escola de dança promove uns jantares dançantes bem divertidos mas eu não consegui comprar ingresso. Porque eu tinha um encontro, cancelei esse encontro por causa do meu estado de não conseguir não chorar e aí não dava mais tempo. Aí a amiga quer saber se irei no jantar. Porque dançar anima. E é verdade, eu dancei salsa e forró hoje e posso dizer que fiquei melhorzinha. Mas, como não consegui convite pro jantar não vou me animar.
Só que o mundo está cheio de gente muito legal, apesar d'eu pensar o contrário. E aí um pessoal vai sair do jantar, passar aqui em casa e me levar prum forró. Não que eu ame forró, o tipo de música, mas eu realmente gosto de forró, a dança. E cá estou eu, meia-noite, esperando o pessoal passar aqui pra eu dar uma reboladinha lá no Largo da Batata. Potato Square, pros íntimos.
Não consigo dizer se é bom ou ruim ser transparente. Eu realmente não sei disfarçar sentimentos. Acho que só disfarço quando dou aulas (a não ser que a aluna seja a Amber, porque aí a gente fica fofocando). Mas mesmo não conseguindo decidir se é bom ou ruim sair por aí com cara de "pessoal, eu estou sofrendo e não vou sorrir de graça só pra fazer média", eu ainda consigo me divertir. E aceitar convites pra ir ao forró. E amanhã eu vou numa aula de samba de gafieira. Eu também consigo tirar sarro da minha situação e chamar meu pai biológico de Serguei frustrado. E dizer que eu preferia que ele fosse um travesti. Sei lá, eu acho que isso é senso de humor, e senso de humor é o que tem me salvado.
Agora vou ali colocar uma roupa fuleira pra ir pro forró zoado na Potato Square.
4 comentários:
forró no lgo da Batata com roupiha fuleira, no sábado à noite, anima qualquer alma deprê...sério, já levantei o astral muitas vêzes no feira de S.Cristóvão ("feira dos paraíbas"),com muito forró e cervejotas...tomara que tenha funcionado, que vc tenha ficado bem e que o fds tenha sido o melhor possível!
Acho que o importante, Cami, é vc poder desabafar tudo isso. O seu corpo também deve estar exausto de toda essa carga emocional dos últimos tempos, e chorar é um jeito dele extravasar, de jogar tudo pra fora.
O bom também é que você está procurando fazer coisas que gosta bastante, pra distrair e se divertir, mesmo que seja por uns momentos. Isso é bem legal ;-)
Há um tempinho atrás, quando eu estava passando por uma situação meio foda, e queria literalmente socar as paredes, eu botava umas músicas que eu gosto muito, no último volume, e cantava até acabar a voz. Não resolvia diretamente nenhum problema, mas me ajudava muito, porque eu amo cantar.
Kisses,
Pôlo.
Nunca fui ao forró em lugar nenhum, e os pés dos dançarinos de forró deveriam me agradecer por isso. Mas passar no Largo da Batata sempre me fazia dar risada porque lá tinha uma "boite" chamada "Predinho Club". Não tinha como passar por lá sem pelo menos um sorrisinho de canto de boca.
Por isso, espero que tenha sido bom pra vc!
Eu ando com vontade de chorar. Abrir o berreiro por uns 40 minutos. Acho que tô precisando.
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