terça-feira, 25 de setembro de 2007

Me amarrota que eu tô passada - ou - mais uma história envolvendo puteiros

Quando eu acho que estou perdendo a capacidade de me surpreender ou de me chocar, já que me chocar é algo realmente difícil, lá vêm eles, meus alunos, para me jogar na cara que eu ainda consigo. Eu ouço histórias mirabolantes às vezes, e, vez ou outra, alguém me conta algo que me deixa realmente de queixo caído. Principalmente as alunas, quando me contam suas desventuras amorosas - a quantidade de filhos-da-puta no mundo só aumenta, meu povo. E lá fico eu com minha cara de teacher-mãe-psicóloga, querendo ligar pro corno casqueré sanguinolento e dizer umas poucas e boas.

Mas hoje eu fiquei meio bege quando um aluno me perguntou o que é um PUB. Tipo, leu no livro, não tinha a menor noçã do que era e queria uma traduçã. Morador de São Paulo, com vinteepoucosanos, aparentemente solteiro e esteticamente aceitável, a pessoa não sabe o que é um pub. Comassim? Que nunca tenha ido num, que odeie sair à noite, que goste de rezar o Pai Nosso de cueca em casa, ok. Mas nem fazer idéia do que seja... Fiquei chocada.

Aí eu lembrei que há pouco mais de um ano tive uma aluna que não sabia que nos puteiros as putas iam para quartos e, pasmem!, entregavam seus corpos em troca de uns caraminguás ali mesmo. Gentem, elas vendem suas jóinhas ali, nos quartos mesmo, elas fazem um amor gostoso com desconhecidos naquele ambiente onde, cinco segundos antes, estavam esfregando as partes pudentas em algum rapaz! HOW SHOCKING IS THAT? Sem nem um cineminha antes?

Ela achava que as moças das casas de tolerância marcavam um encontro pra depois. E o papo todo começou porque um aluno da turma disse que teve que levar uns amigos gringos ao Bahamas e ela disse, animada "ai, sempre quis ir lá! Me leva? Sempre ouvi falar dessa balada, tava querendo ir com umas amigas". O aluno, muito escolado na arte da malandragem, me olhou divertido e respondeu para a moça, tentando ficar sério: "Levo, claro, mas é melhor eu levar uns amigos para protegerem também suas amigas". Foi quando eu vi a cara de interrogação dela e resolvi revelar que o Bahamas era um puteiro. Whore house, darling. E aí ela me revela aquilo que vocês já leram no parágrafo anterior e. A cara da menina de choque quando soube que putas dão no puteiro só perdia para a cara de pasmem do aluno e para a minha de "cadê a câmera escondida?". Tive certeza que aquilo era Pegadinha do Mallandro.

Semanas depois, mesma aluna, mesma sala, mesmas pessoas. Ela me conta que foi num ensaio de escola de samba e, perto dela e das amigas, havia um grupo de gays dançando muito entusiasticamente. Travas muito loucas aprontando altas jogações muito dignas na escola de samba. Ahazaram, bees! Minha ex-aluna, novamente em choque, disse que ficou perplexa com a soltação de penas e completou que prefere ir em casa de suíngue que em buatchy gay. Eu não me contive, confesso. Soltei sonora gargalhada, enquanto perguntava se ela tinha noção de que casa de suíngue não é balada pra dançar com muito suingue e malemolência. E aí fui obrigada a explicar o que é uma casa de suingue e dizer que, se ela prefere ir ali, ok, mas que ela esteja ciente do que terá pela frente. Mais uma vez ela ficou chocada (pessoas fazem SEXO? ALI? TROCA DE CASAIS? ISSO EXISTE?), o aluno estava com a cara mais chocada ainda (você tem 26 anos e não sabia o que era um puteiro e uma casa de suingue?? HOW COME?) e eu tive a certeza de que, em se tratando de dar aulas, eu sempre, sempre terei mil motivos para me surpreender. E até mesmo me chocar.

No fim, acho que foram as aulas mais informativas que dei na vida. E aposto que nenhuma outra professora que minha ex-aluna tiver vai explicá-la tão didaticamente sobre as coisas da vida. Eu prometi levá-la à Augusta, porque, acreditem, ela nunca passou por ali no lado neon da coisa. E o legal é que ela encarou tudo tão numa boa que, meses depois no aniversário dela, fez questão de me apresentar ao namorado dizendo: "amor, essa é minha professora, aquela que me ensinou o que é puteiro".

Jemt, tenho orgulho, sabe? Ao menos alguma coisa eu tenho certeza que ensinei direito e pra vida toda: o que é um puteiro.

9 comentários:

Anônimo disse...

Pelo menos a explicação foi só oral, oops, quer dizer você não precisou lançar mão de outros recursos além dos lingüísticos para dar uma ideía aos seus alunos, nem estar in loco na casa de remelexo de casais, hehehe. Um beijo.

neutron disse...

Alunos podem ser um tanto tapados, né? Tenho que confessar, mesmo sendo um...

Anônimo disse...

meu deos três vezes.

simone disse...

chu, me parti de dar risada! como bem disse o david, ainda bem que a explicação foi oral! presume-se que o resto, a parte mais fisica, o namorado tenha ensinado, senão essa menina não deve saber muito da parte legal da vida até hoje!!!

levei pela primeira vez umas amigas minhas no clube das mulheres duas semanas atrás. foi a mesma coisa. "eles vão pro quartinho com a mulherada? mas é só tomar o champanhe junto, né???" o mundo me assusta! eu não tenho medo de crianças de 10 anos que saibam o que é sexo, eu tenho medo é desse povo que não trepa! #_#

opiumseed disse...

Minhas aulas nunca foram tão divertidas. Isso é que dá ficar ensinando desenho animado para nerds feios e barbudos.

Em vários momentos me ocorreu parar a aula e tentar explicar para aquele bando de punheteiros o que era uma buceta e o bem que ela faz.

Anônimo disse...

hohoho, eu ri muuuuito, mesmo.
a vida é um aprendizado, néam? :)

A. F. disse...

Essa sua aluninha veio de onde?

JM disse...

O melhor professor é aquele que ensina algo que os alunos possam aprender de fato. Hoje em dia, professores fingem que ensinam, alunos, que aprendem. Vomitam a matéria, pra dizer que foi toda dada, sem se importar com o tempo que os alunos precisam para assimilar aquilo...
Ela sempre vai se lembrar de você, também porque você evitou que ela passasse vergonha na frente de outras pessoas, dali em diante!
Abraço

Anônimo disse...

assim...eu tenho tolerância -17 com pessoas "desinformadas" (seria essa a palavra correta?????). você será beatificada, minha cara.