Eu tenho uma queda por francês. Francês, a língua, não o nativo da França. Pois bem, essa queda (livre) me acompanha desde pequena, às vezes mais fraca, às vezes mais forte. Depois de adulta, admito, sem problema algum, que a intensidade da queda varia de acordo com a nacionalidade do bofe do momento. Por exemplo, quando eu tive um breve "crush" num francês lindo e insuportavelmente arrogante, eu queria falar francês fluentemente para ontem e imaginava ma vie en rose com um autêntico français me falando mon amour, voulez vous ma baguette?. O meu francês não melhorou muito, apesar dos CDs que o Monsieur Pedantê me emprestou, mas uma hora eu alcançarei a tão sonhada fluência. Aí veio uma brevíssima fase dinamarquesa, e o francês continuou lá, mas menos intenso. Desnecessário dizer que eu nem cogitei aprender dinamarquês. Eu não consigo repetir palavras onde a minha garganta emita mais sons que a minha boca. O que sobrou do dinamarquês foi uma amizade bem legal (na verdade sempre foi só amizade), e ele me dizendo que entende minha loucura pela França: eu vou amar Paris. C'est vrai? Ãnfãn. Houve, então, a fase de aprender espanhol, sobre a qual não vou discorrer, principalmente porque eu acabei por realmente me interessar em aprender espanhol, independente do bofe. Mas esse último também sempre soube de minha fascinação pelo francês e também compreendia, apesar de sempre dizer que franceses são antipáticos e que eu devia mesmo é aprender espanhol. Em passos de formiga eu tenho aprendido.
Tanta, tanta bobagem. Eu de fato estudei um tempo de francês, aos 12 anos e depois aos 20. Já esqueci muita, muita coisa. Percebi que meu francês "talvez" estivesse se perdendo quando comecei a entender muito melhor espanhol, língua que nunca estudei. Acho o francês uma língua charmosa, sonora. Gosto das chansons françaises apesar de não entender muito do assunto. E quando eu for para a França, e pisar em solo francês, provavelmente terei um dos momentos mais felizes da minha vida. Pois bem, hoje eu estava (estou) de bobeira na internet e encontrei uma música ótima em francês, de uma banda chamada Pink Martini. Não são franceses, mas aparentemente a cantora tem o dom de falar bem, ao menos nas músicas, várias línguas. E além da música ser um charme, da voz da cantora ser uma delícia, tem um trecho que traduz exatamente o que sinto agora:
Je ne veux pas travailler
Je ne veux pas déjeuner
Je veux seulement t'oublier
Et puis je fume...
(Não quero trabalhar
Não quero almoçar
Eu só quero te esquecer
E então eu fumo)
Esse texto enorme só pra concluir isso. De maneira simples, essa parte da música fala EXATAMENTE o que sinto agora. Pelo menos minha tristeza está descrita em francês - assim consigo ver alguma beleza em não querer nada, só esquecer.
(para quem quiser ouvir a música: aqui. Vale a pena, é uma graça!)
E então eu fumo)
Esse texto enorme só pra concluir isso. De maneira simples, essa parte da música fala EXATAMENTE o que sinto agora. Pelo menos minha tristeza está descrita em francês - assim consigo ver alguma beleza em não querer nada, só esquecer.
(para quem quiser ouvir a música: aqui. Vale a pena, é uma graça!)
PS: a tradução estava errada, agora sim está ok!