Antes de mais nada, eu confesso: eu sou caxias. Sempre fui, desde a mais tenra idade. Sou caxias daquelas que, às vésperas de pedir demissão, liga pra pai de aluno pra avisar que o nêgo não participa das aulas. Daquelas que, às vésperas de dar adeus, marca reforço com aluno. Daquelas que, pouco antes do bye bye so long farewell, faz horas extras em festa de Halloween - e também vai ao reformatório num sábado participar de exposição cultural dos monstrinhos. E, finalmente, daquelas que estava quase perdendo a colação de grau do marido para não faltar em um dia de trabalho.
É, sou caxias grau 10. A coisa é séria. As pessoas me chamam de responsável, eu acho que sou meio sem limites.
Pois bem. Meu marido demorou 7 anos para se graduar em Turismo na UFF, em Niterói. Ele trancou matrícula inúmeras vezes e levou tudo meio daquele jeito. Quando estava fazendo a monografia, quase desistiu. E aí eu entrei em ação. Eu, professora e caxias. Pensem. A conclusão é que passamos noites em claro juntos, ele escrevendo e eu revisando e dando apoio moral na forma de Red Bull, café, coca-cola e cronogramas colados na parede da sala.
A monografia saiu. Ele tirou nota muito boa. Marcaram a data da colação de grau: uma quinta-feira, às 6 da tarde. Minha primeira reação foi: não posso ir. Minha segunda, terceira e quarta reações foram essa mesma: não posso ir. Não queria pedir dispensa porque minha gerente surtaria e eu acabaria por pedir demissão antes do tempo, algo que não posso fazer - por questões financeiras. Chegou a véspera dele viajar e eu chorava. Fui trabalhar e passei o dia macambúzia. Não tinha mais jeito. No dia seguinte seria feriado e logo depois o dia da colação.
Conversei com duas colegas de trabalho e elas foram unânimes: você vai se arrepender. VÁ. Começou a me dar aquele comichão. Eu não poderia pedir dispensa àquela altura do campeonato porque isso geraria uma guerra. Teria que inventar uma desculpa, das boas. EU, que sou caxias e não sei mentir. Só defeitos. Eu posso até mentir mas me sinto tão culpada depois que deusolivre, fica muito difícil.
Pensei, pensei, pensei. Adiantei o que pude para as aulas de quinta, caso eu resolvesse ir. Pensei em alguma desculpa. Todas as histórias eram muito mirabolantes. Não ia rolar. E eu não conseguiria conversar cara-a-cara com a gerente porque ela ia surtar e eu ia jogar tudo pro alto. Voltei pra São Paulo (trabalho em outro município) conversando com minha colega. E ela lá, falando que eu sou besta. E que devia ir. Liguei pruma amiga. E ela lá, falando que sou besta, que devia ir. Porque é a minha vida e emprego a gente arruma outro. E essa formatura era muito importante e eu não podia deixar de estar ao lado do meu marido. Falei com outra amiga e ela lá, falando que sou besta e que o amor é que importa e que eu devia ir.
AI MEU DEUS.
Liguei na escola e falei com o chefe da secretaria. Fui breve: problema com a família do meu marido e eu teria que ir pro Rio de última hora. Agora só faltava a passagem. Ia tentar avião só por desencargo de consciência porque não daria certo mesmo, estaria muito caro, mimimi. Desci do ônibus em frente a uma loja da Gol. Entrei louca: "moça, vou fazer uma loucura de amor, me consegue passagem em conta pra HOJE pro Rio de Janeiro". A atendente adorou. E me achou passagem pra dali uma hora e meia por 65 dilmas.
OLHA O UNIVERSO CONSPIRANDO, gente.
Correria, fiz a mala em 10 minutos, levei mais uns 5 explicando ao meu marido estupefato que sim, eu iria. Vou faltar no trabalho. E minha prioridade é minha família. Meu amor. Ai, que bichinha. Cheguei no Santos Dumont quase junto com meu marido. E quando ele disse "que bom que você veio" e me deu um abraço, tudo fez sentido.
Em outras palavras:
MELHOR DECISÃO dos últimos tempos. Que bom que tive grilos falantes me aconselhando a ir. Que bom. Voltei a trabalhar ontem, foi tudo bem, a gerente não falou nada, não perguntou nada, não quis saber. Eu agradeci aos céus por isso. Que bom que eu contei uma mentirinha em nome de algo maior. Revi meus cunhados, sogro, sogra e avó fofa do meu marido. E foi tudo tão bom!
Moral da história: tudo vale a pena se a alma não é pequena. BRINKS. A moral é que emprego nenhum está acima de estar ao lado de quem se ama num momento importante. Ai, que bichinha².
sábado, 5 de novembro de 2011
sábado, 22 de outubro de 2011
I know a place where you can get away, it's called a dance floor and here's what's for
Eu não sou exímia dançarina, nunca fiz ballet e sou melhor na dança de salão do que nas coreografias de música pop. Não importa. Desde que eu me entendo por gente, ou seja, desde que eu tinha uns 21 anos, dançar é a minha meditação, a minha reza. Em casa em frente ao espelho ou na buatchy, é dançando que eu esqueço da vida e faço tudo melhorar. O mundo está ruindo? Saio pra dançar. Pra me perder na pista de dança, pra rebolar até o chão, pra cantar alto as músicas que me fazem feliz. Estou feliz? Também saio pra dançar. E é dançar sem me importar com pose, porque fazer pose não combina com a dança.
Essa semana, pra variar, foi um grande cocozão. Então hoje eu vou sair pra dançar. E espero que toque essa música:
Love on Top, Beyonça
Eu entendo a piração da mulherada com "Run the world". É uma música bacana. Mas gente, vai tentar dançar aquele troço. É complicado. Não quero run the world, quero love on top com dancinhas!
Essa semana, pra variar, foi um grande cocozão. Então hoje eu vou sair pra dançar. E espero que toque essa música:
Love on Top, Beyonça
Eu entendo a piração da mulherada com "Run the world". É uma música bacana. Mas gente, vai tentar dançar aquele troço. É complicado. Não quero run the world, quero love on top com dancinhas!
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Deixando de escutar para apenas ouvir
"Hear" é quando você ouve algo sem intenção. "Listen" é quando é intencional. You hear the noise coming from the street, you listen to music. Em português temos ouvir e escutar, mas eu acho que não há uma diferença tão explícita entre um e outro em nossa língua. Ou há? Enfim. Um professor raramente consegue apenas "hear" os alunos. Um professor "listens to" alunos. Não tem como. Você está lá e seus ouvidos estão ligados. Em tudo. Nas fofoquinhas faladas em sussurros. Nas reclamações. Nas frases repetidas na hora do drilling. Em uma turma de 20 alunos eu consigo identificar quem está falando de fato as repetições e quem está apenas mexendo os lábios. Meus alunos querem morrer comigo. Assim como querem morrer quando sussurram uma reclamação e eu respondo em voz alta, pra todo mundo ouvir.
Esse poderia ser considerado um talento. Eu vejo isso como um fardo. Quem de fato escuta não consegue ignorar as bobagens que ouve no dia-a-dia. Quem de fato escuta não consegue praticar o "entra por um ouvido e sai pelo outro". Se eu apenas ouvisse e me atentasse em fazer o que devo fazer, que é corrigir erros falados em inglês, eu seria mais feliz. Eu não absorveria as asneiras que me falam e não carregaria o peso delas depois. Asneiras pesam, sabiam?
Aluno repetente que vem tirar satisfação porque diz que eu cobrei na prova matéria que não dei em aula. Mentira, eu só cobro em prova o que foi ensinado em aula. O energúmeno me mandou recadinho escrito! Entrei na sala-de-aula feito um tufão. "Ô bonitão, posso saber que droga de recadinho do coração foi esse que você mandou?". Falo assim mesmo com o pessoal do ensino médio, senão eles nem olham na minha cara. Fui obrigada a escutar que eu coloquei palavras que não ensinei ainda. Palavras no texto da compreensão de texto. Tive que segurar o riso. "Amiguinho, compreensão de texto é isso mesmo. É encontrar uma palavra desconhecida e entendê-la pelo contexto". Escuto: "mané contexto, cara? Vem cobrar coisa que não ensinou?". Argumentei que um idioma só é idioma se tiver contexto. Contexto é tudo, vamos amar o contexto. Ele virou a cara pra mim e ficou resmungando. É lógico que eu escutei. É lógico que eu fiquei puta da vida.
Estou doente desde quarta-feira, ontem dei aulas o dia todo. Mas estava com tanta dor de garganta que em um momento de uma das aulas eu relaxei. Deixei os alunos conversarem em português mesmo, 5 minutos não matariam ninguém. Alunos na faixa dos 12 anos falando sobre planos para o futuro e o quanto deve ser difícil passar na faculdade. E que pra passar na USP só quem é muito nerd e estuda demais. Interrompi e contei que eu passei sem estudar nada porque era boa aluna e tenho boa memória. Ele ficaram maravilhados. Um aluno me fala: "teacher, mas não estou entendendo uma coisa. Você estudou. E você é inteligente. E sabe inglês. Porque você é professora??? Por que não é bem-sucedida?". Ô tristeza. Ele perguntou sem maldade. Eu expliquei a ele que na minha área, dar aulas naquela escola era uma maneira de ser bem-sucedida. Ele rebateu: "mas ser bem-sucedido não pode ser ter que aturar aluno mal-educado e você atura isso todas as aulas". Sábio, não? Encerrei a conversa e voltamos à aula. Mas estou até agora pensando nisso. E por quê? Porque não sei ouvir. Tivesse eu só ouvido, teria encarado isso como uma conversa besta de alunos adolescentes. E só.
Ontem saí da escola e fui direto pro hospital. Amigdalite. Garganta bastante inflamada, toda cagada mesmo. Liguei para a minha gerente para avisá-la que eu não poderia dar aula hoje. A nêga passou o dia de ontem inteiro vendo como estava difícil para mim por causa da dor de garganta. Ela VIU. E deu-se ao direito de ter chilique comigo ao telefone, horrorizada porque eu tinha atestado para um dia. Como assim eu não daria aula, ai meu deus, e você ME AVISA AGORA? Poxa, eu fiquei horas no hospital, só soube do atestado agora. Tive que escutar grosseria e tive que escutar um "PELO MENOS você mande por email EXATAMENTE o que deve ser dado pra essa turma. É o mínimo que você deve fazer. A gente te ajuda mas você tem que nos ajudar um pouco".
Eu escutei, claro.
E estou remoendo essa merda até agora. Quero sambar na mesa dessa insensível. Quero sair gritando pela escola "filha da putaaaaaaaaaa, estou aqui só porque estou cumprindo a minha palavra, porque não quis te deixar na mão, e você me fala UMA BOBAGEM DESSA? Enfia esse trabalho no orifício que melhor lhe convir e me mande embora!". Mas é claro que segunda-feira ela estará um amor comigo, porque ela sempre percebe quando faz merda e depois vira uma seda.
Nem 4 meses num lugar e já quero deixar de lado um dos meus talentos de vida, que é saber escutar. Cansei, só quero ouvir. Preferencialmente só "blablabla whiskas sachê". Só.
Esse poderia ser considerado um talento. Eu vejo isso como um fardo. Quem de fato escuta não consegue ignorar as bobagens que ouve no dia-a-dia. Quem de fato escuta não consegue praticar o "entra por um ouvido e sai pelo outro". Se eu apenas ouvisse e me atentasse em fazer o que devo fazer, que é corrigir erros falados em inglês, eu seria mais feliz. Eu não absorveria as asneiras que me falam e não carregaria o peso delas depois. Asneiras pesam, sabiam?
Aluno repetente que vem tirar satisfação porque diz que eu cobrei na prova matéria que não dei em aula. Mentira, eu só cobro em prova o que foi ensinado em aula. O energúmeno me mandou recadinho escrito! Entrei na sala-de-aula feito um tufão. "Ô bonitão, posso saber que droga de recadinho do coração foi esse que você mandou?". Falo assim mesmo com o pessoal do ensino médio, senão eles nem olham na minha cara. Fui obrigada a escutar que eu coloquei palavras que não ensinei ainda. Palavras no texto da compreensão de texto. Tive que segurar o riso. "Amiguinho, compreensão de texto é isso mesmo. É encontrar uma palavra desconhecida e entendê-la pelo contexto". Escuto: "mané contexto, cara? Vem cobrar coisa que não ensinou?". Argumentei que um idioma só é idioma se tiver contexto. Contexto é tudo, vamos amar o contexto. Ele virou a cara pra mim e ficou resmungando. É lógico que eu escutei. É lógico que eu fiquei puta da vida.
Estou doente desde quarta-feira, ontem dei aulas o dia todo. Mas estava com tanta dor de garganta que em um momento de uma das aulas eu relaxei. Deixei os alunos conversarem em português mesmo, 5 minutos não matariam ninguém. Alunos na faixa dos 12 anos falando sobre planos para o futuro e o quanto deve ser difícil passar na faculdade. E que pra passar na USP só quem é muito nerd e estuda demais. Interrompi e contei que eu passei sem estudar nada porque era boa aluna e tenho boa memória. Ele ficaram maravilhados. Um aluno me fala: "teacher, mas não estou entendendo uma coisa. Você estudou. E você é inteligente. E sabe inglês. Porque você é professora??? Por que não é bem-sucedida?". Ô tristeza. Ele perguntou sem maldade. Eu expliquei a ele que na minha área, dar aulas naquela escola era uma maneira de ser bem-sucedida. Ele rebateu: "mas ser bem-sucedido não pode ser ter que aturar aluno mal-educado e você atura isso todas as aulas". Sábio, não? Encerrei a conversa e voltamos à aula. Mas estou até agora pensando nisso. E por quê? Porque não sei ouvir. Tivesse eu só ouvido, teria encarado isso como uma conversa besta de alunos adolescentes. E só.
Ontem saí da escola e fui direto pro hospital. Amigdalite. Garganta bastante inflamada, toda cagada mesmo. Liguei para a minha gerente para avisá-la que eu não poderia dar aula hoje. A nêga passou o dia de ontem inteiro vendo como estava difícil para mim por causa da dor de garganta. Ela VIU. E deu-se ao direito de ter chilique comigo ao telefone, horrorizada porque eu tinha atestado para um dia. Como assim eu não daria aula, ai meu deus, e você ME AVISA AGORA? Poxa, eu fiquei horas no hospital, só soube do atestado agora. Tive que escutar grosseria e tive que escutar um "PELO MENOS você mande por email EXATAMENTE o que deve ser dado pra essa turma. É o mínimo que você deve fazer. A gente te ajuda mas você tem que nos ajudar um pouco".
Eu escutei, claro.
E estou remoendo essa merda até agora. Quero sambar na mesa dessa insensível. Quero sair gritando pela escola "filha da putaaaaaaaaaa, estou aqui só porque estou cumprindo a minha palavra, porque não quis te deixar na mão, e você me fala UMA BOBAGEM DESSA? Enfia esse trabalho no orifício que melhor lhe convir e me mande embora!". Mas é claro que segunda-feira ela estará um amor comigo, porque ela sempre percebe quando faz merda e depois vira uma seda.
Nem 4 meses num lugar e já quero deixar de lado um dos meus talentos de vida, que é saber escutar. Cansei, só quero ouvir. Preferencialmente só "blablabla whiskas sachê". Só.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Mural de mimimi
Como eu sou VINTAGE eu decidi que vou fazer desse blog meu mural de mimimi por um tempo. Em outras palavras, até dezembro. Nos primórdios dos blogs - e acreditem, I was there - blogs não eram essa coisa toda temática e calculada de hoje em dia. Blogs eram amontoado de textos sobre coisas aleatórias sendo que, na maioria das vezes, eram um amontoado de mimimis que, no final das contas, faziam sentido para determinadas pessoas. Tudo era muito mais espontâneo e, consequentemente, mais divertido.
Duvido que meus posts até dezembro sejam divertidos porque estou numa fase bem difícil profissionalmente e não tenho visto muita graça em quase nada. Estou monotemática, só penso em trabalho, me sinto chata. Quero poupar um pouco os que amo. Então vou resmungar aqui mesmo. Tenham paciência ou então voltem só depois do dia 09/12 - tudo bem, sem mágoas.
(Eu nunca menti pra vocês: eu escrevo mimimis em primeira pessoa, diarinho puro. O máximo que faço é filtrar o que escrevo para não ficar pessoal demais ou não ofender ninguém. Não sei se meus amigos leem aqui com frequência, não checo pageviews, entro aqui e despejo bobagens e pronto.)
Duvido que meus posts até dezembro sejam divertidos porque estou numa fase bem difícil profissionalmente e não tenho visto muita graça em quase nada. Estou monotemática, só penso em trabalho, me sinto chata. Quero poupar um pouco os que amo. Então vou resmungar aqui mesmo. Tenham paciência ou então voltem só depois do dia 09/12 - tudo bem, sem mágoas.
(Eu nunca menti pra vocês: eu escrevo mimimis em primeira pessoa, diarinho puro. O máximo que faço é filtrar o que escrevo para não ficar pessoal demais ou não ofender ninguém. Não sei se meus amigos leem aqui com frequência, não checo pageviews, entro aqui e despejo bobagens e pronto.)
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Essa é minha vida, esse é meu clube
Dois meses depois de estar estando me fodendo a nível de transporte coletivo eu descobri um ônibus que passa na esquina de casa e me leva lá pro cu do mundo. É um ônibus bem mais caro e que demora muito mais a passar. Mas é ônibus de viagem e com poltronas confortáveis. A merda é ter descoberto essa maravilha só agora. Que já fiz duas alterações na minha requisição de vale-transporte.
Os dias passam rápido. Muito rápido. Pisquei os olhos e já é o meio do semestre. Já apliquei os midterm tests. Já corrigi mais da metade deles. Já sei que alunos têm muita dificuldade (são poucos) e que alunos têm muita sem-vergonhice (a maioria). Alguns dias eu gosto dos little fuckers. Outros dias, nem tanto. Sempre tenho vontade de dar respostas escrotas a todos, sempre. Na maioria das vezes eu me controlo. Quando me descontrolo sinto um prazerzinho dentro do peito - porque sempre que dou alguma resposta escrota é certeza de que o motivo é que o aluno passou de todos os limites do aceitável. Isso que nem estou falando das aulas na escola regular, só das aulas na unidade da escola de inglês.
As aulas na escola regular são odiosas. Duas únicas vantagens: eu estou aprendendo a lidar com frustração diariamente. E acho que tenho me saído bem. A outra é que meu coração ainda consegue ficar quentinho com algumas atitudes dos alunos dessa escola, que é mais um reformatório. Uma turma indignada porque eu disse que no ano que vem não continuarei lá. "Agora que temos uma professora boa, que explica direito e é legal, vão mudar você daqui?????". Saí de lá sorrindo nesse dia. Mas não é o suficiente para compensar pelos dias em que saí triste. Inconformada. Com o peito apertado porque minha vontade era de gritar "seu bando de playboyzinho metido a besta, vão carpir meia hora na lavoura pra ver se viram gente".
Aluno teve chilique. CHILIQUE. Porque foi mal na prova e ai ai ai com a outra professora ele ia bem. Amiguinho, você sassarica minha aula inteira. Você não sossega esse seu cu um segundo. Não presta atenção. Não faz lição. Bate nos colegas. COMO você ia bem antes? E é claro que não respondi assim, não falei a palavra cu. Respondi e ouvi, como resposta, um ui ui ui você não me dá atenção. Gente. GEN-TÊ. 20 nêgos numa sala chamando meu nome. Eu dou atenção o quanto eu posso. Quer ensino individualizado pague por aulas particulares. E falei isso, claro, que eu sou uma bocuda. Aluno chilica de novo. Belezoca, vá AGORA na diretoria reclamar do meu trabalho. Vá, tem minha autorização.
E foi? Não foi. Porque pode ser boludo pra dar chiliquinho com a professora mas quero ver ter colhões de mentir pra diretora. Porque eu dou aula. Eu explico. Eu dou atenção. Dizer o contrário, malz aê, é mentira. Vai mentir lá, vai. Vai? Claro que não.
Aluno reclama porque mudei ele de lugar, coloquei-o perto de mim. Ah tá. Tá reclamando de sentar perto de mim e admirar minha beleza quando quem deveria reclamar era eu, por te aturar toda semana? Repensa isso aí, amiguinho. E eu falo, falo, falo. Não me seguro. Reclamo pra diretora do treinamento aos sábados. Reclamo pra minha coach sobre observar aulas de outros professores, questiono sempre se eles acham que professor não tem direito a vida social.
E, por conta da minha boca solta ganhei o respeito dos professores que trabalham comigo. Por conta do meu jeito meio despachado minhas turmas de adolescentes na unidade gostam de mim. Uns não muito, mas a maioria gosta muito.
E é aí que eu vejo: já tive crises profissionais, já trabalhei em lugar em que não queria trabalhar. A diferença é que agora eu faço o que gosto, portanto, consigo suportar. É por isso que conseguirei me segurar até o final do semestre. Porque eu gosto do que eu faço. Nunca trabalhei num lugar onde sentisse tantos mixed feelings, uma hora gosto, outra não gosto, outra odeio, outra acho até que bacana. Tudo no mesmo dia. E sigo, porque eu não sou de deixar coisa pela metade. E, se eu sair, quando eu sair, sei que terei feito um trabalho bem decente.
No final, é isso que me move.
Os dias passam rápido. Muito rápido. Pisquei os olhos e já é o meio do semestre. Já apliquei os midterm tests. Já corrigi mais da metade deles. Já sei que alunos têm muita dificuldade (são poucos) e que alunos têm muita sem-vergonhice (a maioria). Alguns dias eu gosto dos little fuckers. Outros dias, nem tanto. Sempre tenho vontade de dar respostas escrotas a todos, sempre. Na maioria das vezes eu me controlo. Quando me descontrolo sinto um prazerzinho dentro do peito - porque sempre que dou alguma resposta escrota é certeza de que o motivo é que o aluno passou de todos os limites do aceitável. Isso que nem estou falando das aulas na escola regular, só das aulas na unidade da escola de inglês.
As aulas na escola regular são odiosas. Duas únicas vantagens: eu estou aprendendo a lidar com frustração diariamente. E acho que tenho me saído bem. A outra é que meu coração ainda consegue ficar quentinho com algumas atitudes dos alunos dessa escola, que é mais um reformatório. Uma turma indignada porque eu disse que no ano que vem não continuarei lá. "Agora que temos uma professora boa, que explica direito e é legal, vão mudar você daqui?????". Saí de lá sorrindo nesse dia. Mas não é o suficiente para compensar pelos dias em que saí triste. Inconformada. Com o peito apertado porque minha vontade era de gritar "seu bando de playboyzinho metido a besta, vão carpir meia hora na lavoura pra ver se viram gente".
Aluno teve chilique. CHILIQUE. Porque foi mal na prova e ai ai ai com a outra professora ele ia bem. Amiguinho, você sassarica minha aula inteira. Você não sossega esse seu cu um segundo. Não presta atenção. Não faz lição. Bate nos colegas. COMO você ia bem antes? E é claro que não respondi assim, não falei a palavra cu. Respondi e ouvi, como resposta, um ui ui ui você não me dá atenção. Gente. GEN-TÊ. 20 nêgos numa sala chamando meu nome. Eu dou atenção o quanto eu posso. Quer ensino individualizado pague por aulas particulares. E falei isso, claro, que eu sou uma bocuda. Aluno chilica de novo. Belezoca, vá AGORA na diretoria reclamar do meu trabalho. Vá, tem minha autorização.
E foi? Não foi. Porque pode ser boludo pra dar chiliquinho com a professora mas quero ver ter colhões de mentir pra diretora. Porque eu dou aula. Eu explico. Eu dou atenção. Dizer o contrário, malz aê, é mentira. Vai mentir lá, vai. Vai? Claro que não.
Aluno reclama porque mudei ele de lugar, coloquei-o perto de mim. Ah tá. Tá reclamando de sentar perto de mim e admirar minha beleza quando quem deveria reclamar era eu, por te aturar toda semana? Repensa isso aí, amiguinho. E eu falo, falo, falo. Não me seguro. Reclamo pra diretora do treinamento aos sábados. Reclamo pra minha coach sobre observar aulas de outros professores, questiono sempre se eles acham que professor não tem direito a vida social.
E, por conta da minha boca solta ganhei o respeito dos professores que trabalham comigo. Por conta do meu jeito meio despachado minhas turmas de adolescentes na unidade gostam de mim. Uns não muito, mas a maioria gosta muito.
E é aí que eu vejo: já tive crises profissionais, já trabalhei em lugar em que não queria trabalhar. A diferença é que agora eu faço o que gosto, portanto, consigo suportar. É por isso que conseguirei me segurar até o final do semestre. Porque eu gosto do que eu faço. Nunca trabalhei num lugar onde sentisse tantos mixed feelings, uma hora gosto, outra não gosto, outra odeio, outra acho até que bacana. Tudo no mesmo dia. E sigo, porque eu não sou de deixar coisa pela metade. E, se eu sair, quando eu sair, sei que terei feito um trabalho bem decente.
No final, é isso que me move.
sábado, 17 de setembro de 2011
1 ano morando juntos!
1 ano morando juntos. Passou tão rápido! E pensar que há um ano eu estava maluca tentando provar que eu não era a minha homônima fora-da-lei. E pensar que tudo começou numa viagem super despretensiosa à Bahia. E pensar que, numa viagem em que eu tinha jurado não ficar com ninguém, eu encontrei o amor da minha vida. :)
A vida é bem bonita às vezes.
<3
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Hoje eu vim aqui abrir meu coração
Eu amo o que eu faço. Dou aulas de inglês por amor mesmo. Dá trabalho, é cansativo, mas eu acho o máximo quando vejo resultado, quando vejo alunos aprendendo, melhorando, evoluindo. Eu gosto de trabalhar focada em resultados porque é aí que está a graça do que eu faço. Não é a camaradagem entre aluno e professora que me atrai, eu já tenho muitos bons amigos e não consigo dar conta de mais. Eu realmente não ligo muito para essa coisa de agradar a todos e todos me agradarem que é bastante comum na minha profissão. Eu quero é ver nêgo chegar pra mim falando que aprendeu. Que sente que melhorou. Que nem viu a hora da aula passar.
Eu adoro dar aulas para grupos. É muito mais dinâmico e divertido do que aulas particulares onde fica-se à mercê do humor do aluno. E aí temos aquele velho dilema: dar aulas particulares dá muito mais grana, mas é instável. Dar aulas para grupos é mais interessante mas trabalhar em escolas é quase sinônimo de escravidão. Aí eu fui lá e abri a minha empresa. De aulas em empresas. Só que para tocar as coisas eu tive que dar menos aulas e o óbvio aconteceu: comecei a sentir falta e entrei em crise. Até escrevi sobre isso aqui. Tentei achar saídas onde eu pudesse dar aulas para grupos e manter meu negócio. A saída veio em duas grandes escolas me chamando para processo seletivo. E eu optei pela mais antiga e tradicional pensando "se é pra ir, que seja na maior".
Acho que eu comecei a me enganar aí. Empresa no ranking das 100 melhores empresas pra se trabalhar no Brasil é bastante atrativo, né? Empresa com o seu ex-tutor-do-CELTA-atual-amigo lá é mais atrativo ainda - porque trabalhar com ele é um sonho. O cara é só um dos mais fodões da minha área, é claro que eu optaria pelo lugar onde ele está. Sem contar o nome da escola, que abre portas. Abre sim. As pessoas te olham diferente quando você fala que trabalha lá. E para lá eu fui.
O período de treinamento já deu indícios de que tudo seria muito difícil. Eu persisti. Há uma unidade a um quarteirão da minha casa, não havia vagas, me mandaram para uma unidade onde a gerente dá medo. Não foi legal. Aí fui contratada de fato pela unidade que fica em outro município. Eu não tenho carro. Vou de ônibus todos os dias estrada afora. Trabalho num lugar lindo com pessoas amigáveis e com uma gerente que tenta fazer o melhor.
Mas sempre há o mas. No meu caso, há muitos "mases". Achando que turmas de adolescentes não seriam tao insuportáveis, achando que turmas de adolescentes poderiam ser divertidas e querendo uma grande mudança e novas experiências (mais de 8 anos dando aulas para executivos dá um certo cansaço) eu disse sim. Sim, sim, sim, vamos lá, I embrace changes. NOVE turmas de aproximadamente VINTE alunos. Apenas uma turma de adultos. O resto é só de pirralhos. Mimados. Três turmas são em ESCOLA NORMAL. Eu não pensei que teria turmas em escola normal.
Peço que vocês voltem no tempo comigo. Eu tinha 19 anos e passei em Pedagogia na USP sem estudar. Nunca abri um livro. Passei. Beleza que Pedagogia nem é isso tudo na concorrência mas eu tava lá, na USP, aquele lugar onde só tem gente metida a besta. Quatro anos de magistério não foram suficientes para me convencer de que dar aula em escola é uma BOSTA. Bosta fedida. Entrei na faculdade e a ficha caiu: cara, dar aulas em escolas fede. É ruim. É pra quem ama mesmo e eu não amo isso. Abandonei a faculdade e nunca mais voltei.
Muitos anos depois, cá estou eu, tentando me encontrar, tentando pertencer, querendo ter colegas de trabalho para fofocar durante o intervalo de aulas. Quando eu dei aulas numa outra grande escola de inglês eu tinha isso. Adorava. Estava sentindo falta de pertencer a um lugar maior. E fiz essa escolha. Onde fui parar? Fui parar dando aula em escola normal, aquilo que eu não queria fazer, não quero fazer, aquilo que eu detesto. Os alunos mal olham na minha cara. Eles não querem fazer nada. Eu não vou ver resultado nenhum no meu trabalho. E não me venham dizer que conseguirei tocar o coração de um deles e isso fará valer a pena. Bullshit. Vai valer a pena todo o stress pelo qual estou passando? Sinto dores no corpo diariamente. Choro todos os dias, praticamente, de desespero, de "o que foi que eu fiz?".
Dou muitas horas de aula por semana, longe, para adolescentes ingratos que eu apelidei de "little fuckers" - se eu não puder fazer piada, aí fodeu tudo mesmo. Little fuckers são ingratos, ficam contando o tempo da aula pra ir embora, falam mal de você na sua cara. Eu já dei tanta comida de rabo em duas semanas que olha, nem sei. Já falei, inclusive, que eles nem precisam gostar de mim porque minha vida é super ok sem gostar deles também. HAHAHA, olha a que ponto cheguei. Sabemos que pra alguém que ama o que faz isso é mentira, né. Eu quero que me meus alunos gostem de mim e da minha aula e aprendam e saim satisfeitos sem ver o tempo passar.
E isso que nem comecei a contar que totabilizo a insana quantia de mais de 150 alunos adolescentes e que em 2 pontos do semestre eu terei que ligar para todos os pais e mães deles. Vocês não imaginam a carga extra de trabalho pedida por essa escola.
E eu assumi um compromisso por um semestre. Não posso sair porque não quero queimar meu filme. Minha coach e meu amigo de lá me falam que tenho que fazer vista grossa. Eu sou CDF. Eu não sei fazer vista grossa! Eu sou nerd, gente, nerd quer que o trabalho saia lindo. Não é da minha personalidade fazer vista grossa. Ontem eu fiz vista grossa e saí da aula com o coração doendo. Tive dor de cabeça o dia todo - e estou com dor até agora. Nenhum professor que trabalha comigo está feliz, ninguém gosta de dar aulas lá, só reclamam. Mas ninguém pede demissão porque todos pensam que se lá é daquele jeito, em outros lugares é pior ainda. Eu discordo.
É muito difícil admitir que apesar do tamanho da empresa, apesar de tudo, apesar dos pesares, eu acho que não fiz a escolha certa. Eu não lido bem com insatisfação. Estou insatisfeita? Eu faço algo pra mudar. Sempre deu certo, essa é a primeira vez em que deu errado. Tenho que aguentar esse semestre.
Já estou na contagem regressiva.
Eu adoro dar aulas para grupos. É muito mais dinâmico e divertido do que aulas particulares onde fica-se à mercê do humor do aluno. E aí temos aquele velho dilema: dar aulas particulares dá muito mais grana, mas é instável. Dar aulas para grupos é mais interessante mas trabalhar em escolas é quase sinônimo de escravidão. Aí eu fui lá e abri a minha empresa. De aulas em empresas. Só que para tocar as coisas eu tive que dar menos aulas e o óbvio aconteceu: comecei a sentir falta e entrei em crise. Até escrevi sobre isso aqui. Tentei achar saídas onde eu pudesse dar aulas para grupos e manter meu negócio. A saída veio em duas grandes escolas me chamando para processo seletivo. E eu optei pela mais antiga e tradicional pensando "se é pra ir, que seja na maior".
Acho que eu comecei a me enganar aí. Empresa no ranking das 100 melhores empresas pra se trabalhar no Brasil é bastante atrativo, né? Empresa com o seu ex-tutor-do-CELTA-atual-amigo lá é mais atrativo ainda - porque trabalhar com ele é um sonho. O cara é só um dos mais fodões da minha área, é claro que eu optaria pelo lugar onde ele está. Sem contar o nome da escola, que abre portas. Abre sim. As pessoas te olham diferente quando você fala que trabalha lá. E para lá eu fui.
O período de treinamento já deu indícios de que tudo seria muito difícil. Eu persisti. Há uma unidade a um quarteirão da minha casa, não havia vagas, me mandaram para uma unidade onde a gerente dá medo. Não foi legal. Aí fui contratada de fato pela unidade que fica em outro município. Eu não tenho carro. Vou de ônibus todos os dias estrada afora. Trabalho num lugar lindo com pessoas amigáveis e com uma gerente que tenta fazer o melhor.
Mas sempre há o mas. No meu caso, há muitos "mases". Achando que turmas de adolescentes não seriam tao insuportáveis, achando que turmas de adolescentes poderiam ser divertidas e querendo uma grande mudança e novas experiências (mais de 8 anos dando aulas para executivos dá um certo cansaço) eu disse sim. Sim, sim, sim, vamos lá, I embrace changes. NOVE turmas de aproximadamente VINTE alunos. Apenas uma turma de adultos. O resto é só de pirralhos. Mimados. Três turmas são em ESCOLA NORMAL. Eu não pensei que teria turmas em escola normal.
Peço que vocês voltem no tempo comigo. Eu tinha 19 anos e passei em Pedagogia na USP sem estudar. Nunca abri um livro. Passei. Beleza que Pedagogia nem é isso tudo na concorrência mas eu tava lá, na USP, aquele lugar onde só tem gente metida a besta. Quatro anos de magistério não foram suficientes para me convencer de que dar aula em escola é uma BOSTA. Bosta fedida. Entrei na faculdade e a ficha caiu: cara, dar aulas em escolas fede. É ruim. É pra quem ama mesmo e eu não amo isso. Abandonei a faculdade e nunca mais voltei.
Muitos anos depois, cá estou eu, tentando me encontrar, tentando pertencer, querendo ter colegas de trabalho para fofocar durante o intervalo de aulas. Quando eu dei aulas numa outra grande escola de inglês eu tinha isso. Adorava. Estava sentindo falta de pertencer a um lugar maior. E fiz essa escolha. Onde fui parar? Fui parar dando aula em escola normal, aquilo que eu não queria fazer, não quero fazer, aquilo que eu detesto. Os alunos mal olham na minha cara. Eles não querem fazer nada. Eu não vou ver resultado nenhum no meu trabalho. E não me venham dizer que conseguirei tocar o coração de um deles e isso fará valer a pena. Bullshit. Vai valer a pena todo o stress pelo qual estou passando? Sinto dores no corpo diariamente. Choro todos os dias, praticamente, de desespero, de "o que foi que eu fiz?".
Dou muitas horas de aula por semana, longe, para adolescentes ingratos que eu apelidei de "little fuckers" - se eu não puder fazer piada, aí fodeu tudo mesmo. Little fuckers são ingratos, ficam contando o tempo da aula pra ir embora, falam mal de você na sua cara. Eu já dei tanta comida de rabo em duas semanas que olha, nem sei. Já falei, inclusive, que eles nem precisam gostar de mim porque minha vida é super ok sem gostar deles também. HAHAHA, olha a que ponto cheguei. Sabemos que pra alguém que ama o que faz isso é mentira, né. Eu quero que me meus alunos gostem de mim e da minha aula e aprendam e saim satisfeitos sem ver o tempo passar.
E isso que nem comecei a contar que totabilizo a insana quantia de mais de 150 alunos adolescentes e que em 2 pontos do semestre eu terei que ligar para todos os pais e mães deles. Vocês não imaginam a carga extra de trabalho pedida por essa escola.
E eu assumi um compromisso por um semestre. Não posso sair porque não quero queimar meu filme. Minha coach e meu amigo de lá me falam que tenho que fazer vista grossa. Eu sou CDF. Eu não sei fazer vista grossa! Eu sou nerd, gente, nerd quer que o trabalho saia lindo. Não é da minha personalidade fazer vista grossa. Ontem eu fiz vista grossa e saí da aula com o coração doendo. Tive dor de cabeça o dia todo - e estou com dor até agora. Nenhum professor que trabalha comigo está feliz, ninguém gosta de dar aulas lá, só reclamam. Mas ninguém pede demissão porque todos pensam que se lá é daquele jeito, em outros lugares é pior ainda. Eu discordo.
É muito difícil admitir que apesar do tamanho da empresa, apesar de tudo, apesar dos pesares, eu acho que não fiz a escolha certa. Eu não lido bem com insatisfação. Estou insatisfeita? Eu faço algo pra mudar. Sempre deu certo, essa é a primeira vez em que deu errado. Tenho que aguentar esse semestre.
Já estou na contagem regressiva.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Tá trânsito, né? Que fila, né?
Acho que eu posso morrer, reencarnar como uma linda borboleta Monarca, viver minha breve vida de borboleta e morrer de novo e, ainda assim, não entenderei todas as nuancas do incrível (not) comportamento humano. No episódio de hoje da série "Exploda mundo sem noção" falaremos de gente que gosta de atestar o óbvio só pelo prazer de abrir o buraco da boca e dela fazer sair sons completamente inúteis para qualquer ser vivente.
Temos como exemplo eu, hoje de manhã. às 6:15, para ser mais exata. Estava frio, escuro e eu nunca sou feliz tão cedo. Tinha que estar às 6:50 na Granja Fucking Viana, aquele bairro belo e distante onde só se chega através da Raposo Fucking Tavares. Eu dou aulas na Granja nesse semestre. Não estou feliz com isso, menos feliz ainda às 6 fucking quinze da manhã.
Pego o coletivo e vislumbro um lugar vazio. No afã de repousar minha bunda nem olhei para o lado para ver quem estava ali, simplesmente sentei-me. Ipod, música alta para acordar e maravilha. Quando vejo que a senhora ao meu lado falava sozinha. Hum, isso requer artilharia mais pesada, isso exige o kit anti ceresumanos completo: óculos escuros e olhos fechados para fingir que está dormindo. Tudo a postos, sinto um cutucão. Dois cutucões. Três. E uma voz à la professora do Charlie Brown. Abri os olhos com cara de simpática (not). Era a véia ao meu lado falando que estava trânsito. E pedindo para eu olhar para o trânsito.
Cara, eu olho para o trânsito todos os dias. Eu pego a Raposo Fucking Tavares diariamente em transporte coletivo. Eu SEI o que é o trânsito pois sinto esse maldito em minha alva pele todos os dias. O que fiz? Não dei atenção. Fechei os olhos de novo. Fui cutucada, DE NOVO. Abri os olhos mais uma vez e, dessa vez, a véia louca estava brava comigo porque eu tinha que olhar. Olhei. Falei com uma voz simpática (not) "Tá trânsito, e daí?". Ela pareceu entender o recado e voltou a falar sozinha. Mais tarde, cutucou a moça que estava em pé e as duas pessoas sentadas à nossa frente só para saber se ali era a Granja Viana.
Não me venham pedir compreensão com gente louca porque olhem, eu não sou obrigada a aturar gente lelé às 6 da manhã de uma terça-feira em que trabalharei DOZE horas. Porque o principal aqui não é que a véia é doida. Ou digna de pena. Ela só é sem noção, sofre desse mal que acomete a humanidade inteira e que só vem piorando, dia-a-dia, vitimizando um número cada vez maior de gentalha.
Jamais entenderei a necessidade das pessoas em falarem o óbvio. Tá fila. Tá chovendo. Tá frio. Tá trânsito. Gentê. Eu estou na mesma merda que vocês, eu estou vivenciando a mesma porcaria de experiência que você nessa fila, nesse trânsito, nesse dia chuvoso. Eu não quero conversar contigo porque eu detesto conversar com estranhos. Então vamos combinar que você cala a sua boca e eu continuo com a minha calada. Olha que fácil.
Em alguns momentos eu dou graças aos céus por eu não ter nenhum poder sobrenatural. Porque eu adoraria, vez em quando, olhar para a cara das pessoas com fogo saindo dos meus olhos. Pra ficar bem clara a mensagem.
Temos como exemplo eu, hoje de manhã. às 6:15, para ser mais exata. Estava frio, escuro e eu nunca sou feliz tão cedo. Tinha que estar às 6:50 na Granja Fucking Viana, aquele bairro belo e distante onde só se chega através da Raposo Fucking Tavares. Eu dou aulas na Granja nesse semestre. Não estou feliz com isso, menos feliz ainda às 6 fucking quinze da manhã.
Pego o coletivo e vislumbro um lugar vazio. No afã de repousar minha bunda nem olhei para o lado para ver quem estava ali, simplesmente sentei-me. Ipod, música alta para acordar e maravilha. Quando vejo que a senhora ao meu lado falava sozinha. Hum, isso requer artilharia mais pesada, isso exige o kit anti ceresumanos completo: óculos escuros e olhos fechados para fingir que está dormindo. Tudo a postos, sinto um cutucão. Dois cutucões. Três. E uma voz à la professora do Charlie Brown. Abri os olhos com cara de simpática (not). Era a véia ao meu lado falando que estava trânsito. E pedindo para eu olhar para o trânsito.
Cara, eu olho para o trânsito todos os dias. Eu pego a Raposo Fucking Tavares diariamente em transporte coletivo. Eu SEI o que é o trânsito pois sinto esse maldito em minha alva pele todos os dias. O que fiz? Não dei atenção. Fechei os olhos de novo. Fui cutucada, DE NOVO. Abri os olhos mais uma vez e, dessa vez, a véia louca estava brava comigo porque eu tinha que olhar. Olhei. Falei com uma voz simpática (not) "Tá trânsito, e daí?". Ela pareceu entender o recado e voltou a falar sozinha. Mais tarde, cutucou a moça que estava em pé e as duas pessoas sentadas à nossa frente só para saber se ali era a Granja Viana.
Não me venham pedir compreensão com gente louca porque olhem, eu não sou obrigada a aturar gente lelé às 6 da manhã de uma terça-feira em que trabalharei DOZE horas. Porque o principal aqui não é que a véia é doida. Ou digna de pena. Ela só é sem noção, sofre desse mal que acomete a humanidade inteira e que só vem piorando, dia-a-dia, vitimizando um número cada vez maior de gentalha.
Jamais entenderei a necessidade das pessoas em falarem o óbvio. Tá fila. Tá chovendo. Tá frio. Tá trânsito. Gentê. Eu estou na mesma merda que vocês, eu estou vivenciando a mesma porcaria de experiência que você nessa fila, nesse trânsito, nesse dia chuvoso. Eu não quero conversar contigo porque eu detesto conversar com estranhos. Então vamos combinar que você cala a sua boca e eu continuo com a minha calada. Olha que fácil.
Em alguns momentos eu dou graças aos céus por eu não ter nenhum poder sobrenatural. Porque eu adoraria, vez em quando, olhar para a cara das pessoas com fogo saindo dos meus olhos. Pra ficar bem clara a mensagem.
terça-feira, 26 de julho de 2011
Bye bye...
Eu ouvi Amy pela primeira vez mais ou menos em maio de 2007. Duas amigas queridas falaram dela pra mim e aí eu ouvi "Rehab". Foi amor à primeira ouvida. Baixei o CD todo e meu amor cresceu. Procurei por vídeos dela no Youtube e me surpreendi com o visual cabelão + delineador e cara de Janice do Friends. Num dos vídeos ela cantava num programa de TV junto com Charlotte Church. Visivelmente bêbada e visivelmente incomodando Charlotte, Amy não estava nem aí. Dançou sem jeito e cantou lindamente. Mesmo trôpega, ela cantava lindamente. Amy me embalou na minha fossa daquele ano. She went back to black with me. Ela me dizia que love is a losing game e eu só falava "Amy, you're so damn right". Amy sofria nas músicas. Amy sofria na vida real. E eu emendei uma fossa com um período trevoso e muito triste na minha vida. Tropegamente eu me recuperei.
Quando conheci meu marido numa viagem, lembro que estávamos indo de carro com uns amigos para algum lugar bonito da Bahia e ele estava dirigindo. No som, um CD que ele havia gravado. Até ali ele era um cara legal que eu havia conhecido. O CD foi avançando e eu vi que ele gostava de algumas músicas que eu gostava também. Ben Harper começou a cantar, eu sorri internamente. De repente veio Amy. E eu sorri. Pra ele. Puxa, você também gosta de Amy! Fazia tempo que eu não conhecia alguém que tivesse a ver comigo. Naquele dia passamos o dia conversando. Alguns dias depois demos o primeiro beijo. O resto, é isso, estamos juntos e felizes até hoje. Acho que ele não sabe que ter ouvido Amy com ele naquele dia acendeu uma luzinha dentro de mim.
Amy piorou. A olhos vistos, na frente de todos, sem pudores. E, nem tão pouco a pouco assim, ela se tornou uma mulher muito doente. Vício é doença. Alcoolismo é doença, vício em drogas também. Eu sempre tive a impressão de que Amy era tão sozinha que não tinha amigos que realmente a ajudassem. Parecia que eram amigos ocasionais e uma família maluca. Diversas vezes morri de pena dela. Via pelos vídeos de shows que os backing vocals seguravam a onda dela e dos shows. Ela parecia uma criancinha. Tão frágil. Fiquei verdadeiramente triste com a morte dela. E mais triste ainda com as besteiras que li a respeito dessa morte. "Vício em drogas é fraqueza moral", "já foi tarde", "nem é surpresa, ela já devia ter morrido muito antes". "Previsível". Triste, né? A mulher sofreu, sofreu e sofreu. E tinha um talento absurdo que devia estar acima de qualquer julgamento imbecil. Mas o que fica pras pessoas que adoram apontar o dedinho podre e se colocar acima do bem e do mal é que ela era fraca e devia ter morrido antes. Amy tinha um talento difícil de se achar hoje em dia. Ela era realmente autêntica.
Amy, no meu coração você será sempre a maluca talentosa pra caralho que viveu tudo aquilo que achou que devia viver até as últimas consequências. Como disse minha amada amiga Lilla, se você cagou no pau o problema é inteiramente seu. Mas seu mérito e seu talento ninguém tira não. Obrigada por todas aquelas músicas sofridas de amor que acalentaram e acalentam meu coração. <3
Quando conheci meu marido numa viagem, lembro que estávamos indo de carro com uns amigos para algum lugar bonito da Bahia e ele estava dirigindo. No som, um CD que ele havia gravado. Até ali ele era um cara legal que eu havia conhecido. O CD foi avançando e eu vi que ele gostava de algumas músicas que eu gostava também. Ben Harper começou a cantar, eu sorri internamente. De repente veio Amy. E eu sorri. Pra ele. Puxa, você também gosta de Amy! Fazia tempo que eu não conhecia alguém que tivesse a ver comigo. Naquele dia passamos o dia conversando. Alguns dias depois demos o primeiro beijo. O resto, é isso, estamos juntos e felizes até hoje. Acho que ele não sabe que ter ouvido Amy com ele naquele dia acendeu uma luzinha dentro de mim.
Amy piorou. A olhos vistos, na frente de todos, sem pudores. E, nem tão pouco a pouco assim, ela se tornou uma mulher muito doente. Vício é doença. Alcoolismo é doença, vício em drogas também. Eu sempre tive a impressão de que Amy era tão sozinha que não tinha amigos que realmente a ajudassem. Parecia que eram amigos ocasionais e uma família maluca. Diversas vezes morri de pena dela. Via pelos vídeos de shows que os backing vocals seguravam a onda dela e dos shows. Ela parecia uma criancinha. Tão frágil. Fiquei verdadeiramente triste com a morte dela. E mais triste ainda com as besteiras que li a respeito dessa morte. "Vício em drogas é fraqueza moral", "já foi tarde", "nem é surpresa, ela já devia ter morrido muito antes". "Previsível". Triste, né? A mulher sofreu, sofreu e sofreu. E tinha um talento absurdo que devia estar acima de qualquer julgamento imbecil. Mas o que fica pras pessoas que adoram apontar o dedinho podre e se colocar acima do bem e do mal é que ela era fraca e devia ter morrido antes. Amy tinha um talento difícil de se achar hoje em dia. Ela era realmente autêntica.
Amy, no meu coração você será sempre a maluca talentosa pra caralho que viveu tudo aquilo que achou que devia viver até as últimas consequências. Como disse minha amada amiga Lilla, se você cagou no pau o problema é inteiramente seu. Mas seu mérito e seu talento ninguém tira não. Obrigada por todas aquelas músicas sofridas de amor que acalentaram e acalentam meu coração. <3
domingo, 26 de junho de 2011
Esqueci de contar.
Eu caí no grupo dessas meninas chatinhas umas vezes. E tô lá exercendo minha paciência. Juro que não faço caretas. Juro que não reviro os olhos. Juro que, olhando pra mim, imagina-se que eu seja até tolerante. Até porque as pessoas podem ser cafonas por um erro do universo e isso não interfere em nada no resto. Eu sei que elas podem ser legais. Juro que eu sei disso. Acreditem em mim. Mas estou lá, sendo fofa e fazendo o trabalho em grupo, quando a moça que precisa de hidratação começa a falar um monte de coisas nada a ver. E eu tentando avisar "mas o tutor pediu diferente, ele quer outra coisa". Ninguém me ouve. Repito e a moça olha pra mim com nariz empinado e fala:
- Mas o que você acha então?
Eu respondi com calma. Disse o que o tutor tinha explicado. Da boca pra fora eu fui uma LADY. Mas internamente eu só pensava:
- O que EU acho? Você quer saber o que eu ACHO? Eu acho que seu cabelo precisa urgentemente de uma hidratação. Eu acho que sua amiga aí ao lado precisa entender que roxo com marrom não é legal. Também precisa entender que se quiser usar bota pata de vaca, que pelo menos endireite a coluna. Olha, eu acho que ela parece uma trongola quando anda. E você tá parecendo uma zebra com sapato preto, meia roxa, saia preta, blusa roxa... Nada está ornando aí. É isso que eu acho. Quem pergunta, quer saber.
Eu já sei que eu vou pro inferno. Ninguém precisa me avisar.
Eu caí no grupo dessas meninas chatinhas umas vezes. E tô lá exercendo minha paciência. Juro que não faço caretas. Juro que não reviro os olhos. Juro que, olhando pra mim, imagina-se que eu seja até tolerante. Até porque as pessoas podem ser cafonas por um erro do universo e isso não interfere em nada no resto. Eu sei que elas podem ser legais. Juro que eu sei disso. Acreditem em mim. Mas estou lá, sendo fofa e fazendo o trabalho em grupo, quando a moça que precisa de hidratação começa a falar um monte de coisas nada a ver. E eu tentando avisar "mas o tutor pediu diferente, ele quer outra coisa". Ninguém me ouve. Repito e a moça olha pra mim com nariz empinado e fala:
- Mas o que você acha então?
Eu respondi com calma. Disse o que o tutor tinha explicado. Da boca pra fora eu fui uma LADY. Mas internamente eu só pensava:
- O que EU acho? Você quer saber o que eu ACHO? Eu acho que seu cabelo precisa urgentemente de uma hidratação. Eu acho que sua amiga aí ao lado precisa entender que roxo com marrom não é legal. Também precisa entender que se quiser usar bota pata de vaca, que pelo menos endireite a coluna. Olha, eu acho que ela parece uma trongola quando anda. E você tá parecendo uma zebra com sapato preto, meia roxa, saia preta, blusa roxa... Nada está ornando aí. É isso que eu acho. Quem pergunta, quer saber.
Eu já sei que eu vou pro inferno. Ninguém precisa me avisar.
O tempo não para. E nem a minha cabeça.
Estou na reta final de um curso de quase um mês para professores. Outro. Digamos que isso é uma reciclagem promovida por uma grande escola de inglês. E, mesmo tendo feito o CELTA, eu estou exausta mentalmente. Mesmo tendo ouvido muita informação repetida, muita coisa que eu sei de trás pra frente, estou cansada. Fiquei essa semana analisando esse meu cansaço mental e percebi que ele acontece porque minha cabeça nunca para. As pessoas falam a e eu já estou pensando em abcdefg... Não consigo conceber que professores não entendam a importância de, numa aula, não ficar levantando a mão pra falar o que já foi dito. Não consigo entender por que a galera acha que legal é sentar na primeira fileira e ficar balançando a cabeça pra tudo que o tutor fala. Se eu fosse tutora teria uma vontade incontrolável de perguntar a essas pessoas se elas têm algum parentesco com aqueles cachorrinhos cafonas que as pessoas colocavam nos carros. Aqueles cujas cabeças ficavam mexendo eternamente.
As pessoas falam e eu só penso "mas como pode dar aula falando errado assim?". Eu cometo erros. Inglês não é minha língua materna. Eu cometo erros inclusive em minha língua materna. Mas eu aprendo sempre. Eu tento absorver o máximo de informação que eu puder, sempre. Eu vivo de ensinar inglês, eu não posso me acomodar achando que sei tudo. Não sei. Tem sempre algo a mais a aprender. Mas as pessoas falam como se além de catedráticas na língua, elas fossem também as mais experientes. Porra, gente, humildade é bom às vezes.
E como se não bastasse minha cabeça constantemente questionando se as pessoas não têm pai e mãe pra ensinarem a elas o significado da palavra "relevância", muita gente não entende que se vestir de maneira apropriada é importante sim. Eu gostaria de chacoalhar cada ser humano que acha que se vestir bem é futilidade. "Eu não julgo pela aparência". Bullshit. Julga sim, amiguinha. Porque se você, do alto de toda sua profundidade, olha pra alguém que demonstra ter preocupação com vestimenta e fala "aquela ali é fútil", PÃM, você julgou pela aparência. Eu, que estou longe de ser uma pessoa elevada, profunda e magnânima, presto atenção em roupa sim. E não tem NADA a ver com marcas. Não tem NADA a ver com usar calça x com blusa y. Não tem nada a ver com Gloria Khalil. Eu só acho que se vestir de maneira apropriada ao seu tipo físico é uma maneira de mostrar que você se ama e se respeita. Que você se preocupa com a maneira que se apresentará ao mundo. É só isso.
Então estou lá, com a cabeça fervilhando com informações novas, com informações antigas, com pessoas do curso que são MUITO legais, com pessoas que são o absurdo da falta de bom senso; e me aparece uma moça usando bota pata de vaca com salto de madeira, calça justa apertando tudo e blusa de moletom roxa. Putz. Aí ela tira a blusa e tá usando uma blusa apertada marrom. Meus olhos doeram. A coleguinha dela tem franjinha mal cortada e cabelos que precisam muito de hidratação. Qualquer creme de hidratação Seda, que custa menos de 10 reais, ajuda muito. Pode até resolver o problema. Mas "puxa, se eu andar com os cabelos hidratados vai parecer que eu me preocupo com aparência, e eu estou acima disso. Sou evoluída". Aham. E olha torto pra mim toda vez que eu abro a boca.
E eu fico lá, queimando a minha mufa e analisando tudo. Por que olha torto se eu não olho torto, apesar de achar chata? Por que não tentam aprender mais? Por que os legais ali são poucos? Por que não podemos subdividir a turma pra economizar meu cansaço? O mundo não está a meu dispor? Mas como essa pessoa não percebe que isso já foi dito de 5 maneiras diferentes? Por quê? Por quê????
E aí eu fico exausta. Porque minha cabeça não para. Nunca.
As pessoas falam e eu só penso "mas como pode dar aula falando errado assim?". Eu cometo erros. Inglês não é minha língua materna. Eu cometo erros inclusive em minha língua materna. Mas eu aprendo sempre. Eu tento absorver o máximo de informação que eu puder, sempre. Eu vivo de ensinar inglês, eu não posso me acomodar achando que sei tudo. Não sei. Tem sempre algo a mais a aprender. Mas as pessoas falam como se além de catedráticas na língua, elas fossem também as mais experientes. Porra, gente, humildade é bom às vezes.
E como se não bastasse minha cabeça constantemente questionando se as pessoas não têm pai e mãe pra ensinarem a elas o significado da palavra "relevância", muita gente não entende que se vestir de maneira apropriada é importante sim. Eu gostaria de chacoalhar cada ser humano que acha que se vestir bem é futilidade. "Eu não julgo pela aparência". Bullshit. Julga sim, amiguinha. Porque se você, do alto de toda sua profundidade, olha pra alguém que demonstra ter preocupação com vestimenta e fala "aquela ali é fútil", PÃM, você julgou pela aparência. Eu, que estou longe de ser uma pessoa elevada, profunda e magnânima, presto atenção em roupa sim. E não tem NADA a ver com marcas. Não tem NADA a ver com usar calça x com blusa y. Não tem nada a ver com Gloria Khalil. Eu só acho que se vestir de maneira apropriada ao seu tipo físico é uma maneira de mostrar que você se ama e se respeita. Que você se preocupa com a maneira que se apresentará ao mundo. É só isso.
Então estou lá, com a cabeça fervilhando com informações novas, com informações antigas, com pessoas do curso que são MUITO legais, com pessoas que são o absurdo da falta de bom senso; e me aparece uma moça usando bota pata de vaca com salto de madeira, calça justa apertando tudo e blusa de moletom roxa. Putz. Aí ela tira a blusa e tá usando uma blusa apertada marrom. Meus olhos doeram. A coleguinha dela tem franjinha mal cortada e cabelos que precisam muito de hidratação. Qualquer creme de hidratação Seda, que custa menos de 10 reais, ajuda muito. Pode até resolver o problema. Mas "puxa, se eu andar com os cabelos hidratados vai parecer que eu me preocupo com aparência, e eu estou acima disso. Sou evoluída". Aham. E olha torto pra mim toda vez que eu abro a boca.
E eu fico lá, queimando a minha mufa e analisando tudo. Por que olha torto se eu não olho torto, apesar de achar chata? Por que não tentam aprender mais? Por que os legais ali são poucos? Por que não podemos subdividir a turma pra economizar meu cansaço? O mundo não está a meu dispor? Mas como essa pessoa não percebe que isso já foi dito de 5 maneiras diferentes? Por quê? Por quê????
E aí eu fico exausta. Porque minha cabeça não para. Nunca.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
É o mínimo esperado
Hoje vou sair com meu marido e os amigos dele do trabalho. Será a primeira vez que saio com a galera do trampo dele. E não, eu não falo trampo, mas como a maioria é jovem e do sexo masculino achei que o uso dessa gíria seria bastante apropriado. Pena que quando eu tento usar esse tipo de gíria eu fique parecendo um gringo falando Português pela primeira vez. Fica bizarro.
Pois bem. Estou aqui toda preocupada com a produção. Usarei uma roupa bem bonita e vou até tentar colocar cílios postiços. Não que a ocasião requeira isso, mas achei que seria uma boa oportunidade de treinar a colocação deles e sair por aí dando piscadelas de simpatia. Sairemos pra dançar salsa, o que é ótimo, já que eu sei dançar salsa razoavelmente bem. Posso até ensinar uns dois passinhos a quem quiser.
Então depois de todo esse planejamento de traje e de simpatia, eu acho que o mínimo que os colegas do meu marido podem fazer é virar para ele no final da noite e dizer "nossa, você é um homem de muita sorte mesmo, sua mulher é tão legal, tão bonita, PARABÉNS! Cuide bem dela!".
Porque isso é mesmo algo que homens falam uns aos outros, não é? E esse é o mínimo esperado depois de tanta produção.
Rapazes, não me decepcionem.
Pois bem. Estou aqui toda preocupada com a produção. Usarei uma roupa bem bonita e vou até tentar colocar cílios postiços. Não que a ocasião requeira isso, mas achei que seria uma boa oportunidade de treinar a colocação deles e sair por aí dando piscadelas de simpatia. Sairemos pra dançar salsa, o que é ótimo, já que eu sei dançar salsa razoavelmente bem. Posso até ensinar uns dois passinhos a quem quiser.
Então depois de todo esse planejamento de traje e de simpatia, eu acho que o mínimo que os colegas do meu marido podem fazer é virar para ele no final da noite e dizer "nossa, você é um homem de muita sorte mesmo, sua mulher é tão legal, tão bonita, PARABÉNS! Cuide bem dela!".
Porque isso é mesmo algo que homens falam uns aos outros, não é? E esse é o mínimo esperado depois de tanta produção.
Rapazes, não me decepcionem.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Eu já sabia. Essa coisa de dieta não dá certo comigo. Eu tenho força de vontade pra muita coisa, muita mesmo. Mas comer é uma das coisas que mais amo fazer na vida. Passei anos, muitos, querendo engordar. Nunca precisei controlar nada em minha alimentação. Na verdade, eu fazia questão de comer coisas engordativas (e gostosas) porque elas eram a minha chance de engordar algumas gramas. Eu não sei o que é ter que controlar o que como. Nunca soube. Desenvolvi paixão por comer. Eu amo ir a restaurantes bons, aprender receitas novas, comer a comidinha da minha mãe. E, vocês sabem, eu amo cozinhar.
Aí passei dos 30. Casei. E ganhei em meses quilos que levava anos (!!!) para ganhar. Decidi, claro, começar a controlar a alimentação. Nada de dieta, só um controle maior. Acontece que é inverno. E, no inverno, o Taz baixa em mim. Quero comer tudo. Fico com muita fome. Quero carne. Brigadeiro. Queijos. Mais carne. Manteiga de amendoim no pão. Pão de queijo quentinho com manteiga. Quero muito tudo isso! Estou há duas semanas tomando sopas sem gordura na maior parte das noites.
Acontece que quando fico cansada, eu quero comer algo gostoso e gorduroso. Quando estou triste, idem. Quando estou estressada, também. Não ligo muito para chocolates e, pra ser sincera, eu prefiro um bom prato salgado do que um doce - não que eu dispense um doce, só não sou compulsiva louca por açúcar. Essa semana foi extremamente cansativa pra mim. E o que não devia acontecer, aconteceu: comi pizza. Comi um pastel de banana. Tomei muito vinho (vamos todos mandar um salve ao Baco!). Isso foi o equivalente a abrir as porteiras pra toda a boiada do Pantanal passar. Hoje só pensei em comida. Já comentei tanto sobre comida no Twitter que uma amiga me perguntou se estou grávida!
E foi aí que a confirmação veio: controle alimentar é algo muito difícil pra mim principalmente porque, quando dou essa pausa, eu quero sair comendo toda a comida gostosa existente no mundo! Até porque acho que a vida é tão difícil, não fico feliz tornando-a ainda mais difícil. Comer é prazer! Mas... E a balança? E as gordurinhas? E o fato d'eu estar proibida de fazer exercícios físicos por conta de um pé machucado? Viver é tão complicado, a convivência com os ceresumanos é tão complexa... Eu só quero um brigadeiro quentinho pra fazer meu dia feliz! Só quero comer e não engordar! Não é pedir muito.
Aí passei dos 30. Casei. E ganhei em meses quilos que levava anos (!!!) para ganhar. Decidi, claro, começar a controlar a alimentação. Nada de dieta, só um controle maior. Acontece que é inverno. E, no inverno, o Taz baixa em mim. Quero comer tudo. Fico com muita fome. Quero carne. Brigadeiro. Queijos. Mais carne. Manteiga de amendoim no pão. Pão de queijo quentinho com manteiga. Quero muito tudo isso! Estou há duas semanas tomando sopas sem gordura na maior parte das noites.
Acontece que quando fico cansada, eu quero comer algo gostoso e gorduroso. Quando estou triste, idem. Quando estou estressada, também. Não ligo muito para chocolates e, pra ser sincera, eu prefiro um bom prato salgado do que um doce - não que eu dispense um doce, só não sou compulsiva louca por açúcar. Essa semana foi extremamente cansativa pra mim. E o que não devia acontecer, aconteceu: comi pizza. Comi um pastel de banana. Tomei muito vinho (vamos todos mandar um salve ao Baco!). Isso foi o equivalente a abrir as porteiras pra toda a boiada do Pantanal passar. Hoje só pensei em comida. Já comentei tanto sobre comida no Twitter que uma amiga me perguntou se estou grávida!
E foi aí que a confirmação veio: controle alimentar é algo muito difícil pra mim principalmente porque, quando dou essa pausa, eu quero sair comendo toda a comida gostosa existente no mundo! Até porque acho que a vida é tão difícil, não fico feliz tornando-a ainda mais difícil. Comer é prazer! Mas... E a balança? E as gordurinhas? E o fato d'eu estar proibida de fazer exercícios físicos por conta de um pé machucado? Viver é tão complicado, a convivência com os ceresumanos é tão complexa... Eu só quero um brigadeiro quentinho pra fazer meu dia feliz! Só quero comer e não engordar! Não é pedir muito.
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Dias almodovarianos
Numa dia chora sentada no ponto de táxi, depois de um dia cansativo, frio. Chora de cansaço, chora pela dor no pé, chora porque está resfriada há dias, chora porque andou muito para chegar a um ponto de táxi e, quando chegou, o único táxi saiu. Percebe que chorar não a levará para casa e anda até o outro ponto. Com muita dor. Consegue chegar em casa e chora no colo do marido.
No dia seguinte acorda sem vontade mas, de repente, fica bem. Fica feliz na aula, conversa com os colegas, arruma a casa, faz o que tem que fazer. Vai ao supermercado e fica feliz porque está tendo degustação de queijos e vinhos. Compra um vinho. Fica feliz porque vai beber vinho, fica feliz porque vai colocar flores na casa, fica feliz porque vai fazer torradinhas para o jantar, fica feliz pelo banho quente e demorado.
Horas depois o marido vai viajar. E ela chora, porque não quer dormir duas noites sozinha.
Muitas emoções femininas em dois dias.
Mas essa aí não sou eu não, viu, gente. É a prima da amiga da minha vizinha, vê se pode, chorando em ponto de táxi, que papelão...
No dia seguinte acorda sem vontade mas, de repente, fica bem. Fica feliz na aula, conversa com os colegas, arruma a casa, faz o que tem que fazer. Vai ao supermercado e fica feliz porque está tendo degustação de queijos e vinhos. Compra um vinho. Fica feliz porque vai beber vinho, fica feliz porque vai colocar flores na casa, fica feliz porque vai fazer torradinhas para o jantar, fica feliz pelo banho quente e demorado.
Horas depois o marido vai viajar. E ela chora, porque não quer dormir duas noites sozinha.
Muitas emoções femininas em dois dias.
Mas essa aí não sou eu não, viu, gente. É a prima da amiga da minha vizinha, vê se pode, chorando em ponto de táxi, que papelão...
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Particularidades de um treino de corrida com meu marido, parte 1
Eu e meu marido decidimos emagrecer e fazer exercícios físicos. Casamento engorda, é fato. Pós 30 anos também. Ele ainda não tem 30, mas como é muito companheiro, engordou comigo pra não me deixar sozinha (not). Optamos por começar com corrida porque é fácil e custo zero. Uma amiga me passou uma planilha de treinamento para sedentários. Beleza, é só memorizar o treino e sair correndo por aí. Vai dar tudo certo!
E eu realmente acho que vai dar tudo certo, mas eu não contava com o fato de meu marido, pessoa tranquila, virar um personal trainer muito bravo quando está fazendo exercícios. Primeiro que ele achou que o treino inicial era para "recém acidentados que estão começando fisioterapia". Achou por bem pular umas etapas porque, senão, ele morreria de tédio. Gente, eu não aguento correr muito tempo. Resultado: ele teve que aturar meu treino de velhinha em fisioterapia mesmo.
Como não temos cronômetro sugeri que a gente conte a partir das músicas que ouvirmos. Aí ele lança:
- Você tem Legião Urbana no seu Ipod?
Claro que não tenho Legião Urbana. Claro que eu fujo de Legião. Claro que sei cantar as músicas, mas é claro que não ouço nenhuma delas por livre e espontânea vontade. E claro que ele sabe de tudo isso. Respondi com voz de estranheza:
- Não tenho. Por quê?
- Ué, porque não adianta eu ouvir músicas curtas e você ouvir músicas longas.
- E Legião tá nessa porque...
- Me diz se adianta você ouvir "Faroeste Caboclo" e eu ouvir "Sabão crá crá". Adianta?
É, não. Nem questionei sabão nem crá crá porque fiquei com receio dele ficar mais general ainda.
Ele corrigiu minha respiração o tempo todo. Quando voltamos ele me fez fazer abdominais. Fiquei impressionada com a exigência da pessoa. E admito que, pra eu me exercitar, só com um general mesmo.
Obedeci, segui as instruções, nem questionei o fato dele ser turismólogo, e não personal trainer. Qualquer ajuda é bem-vinda e sei que preciso mesmo dos exercícios. Além disso, sei que o tempo está ao meu lado. Sei que o melhor agora é ser fofa. Porque em breve eu darei aulas de inglês a ele. E aí, minha gente, só digo que a vingança é um prato que se come frio. MWAHAHAHAHAHAAHA!
(brincadeira, amor, te amo e você é super fitness!)
E eu realmente acho que vai dar tudo certo, mas eu não contava com o fato de meu marido, pessoa tranquila, virar um personal trainer muito bravo quando está fazendo exercícios. Primeiro que ele achou que o treino inicial era para "recém acidentados que estão começando fisioterapia". Achou por bem pular umas etapas porque, senão, ele morreria de tédio. Gente, eu não aguento correr muito tempo. Resultado: ele teve que aturar meu treino de velhinha em fisioterapia mesmo.
Como não temos cronômetro sugeri que a gente conte a partir das músicas que ouvirmos. Aí ele lança:
- Você tem Legião Urbana no seu Ipod?
Claro que não tenho Legião Urbana. Claro que eu fujo de Legião. Claro que sei cantar as músicas, mas é claro que não ouço nenhuma delas por livre e espontânea vontade. E claro que ele sabe de tudo isso. Respondi com voz de estranheza:
- Não tenho. Por quê?
- Ué, porque não adianta eu ouvir músicas curtas e você ouvir músicas longas.
- E Legião tá nessa porque...
- Me diz se adianta você ouvir "Faroeste Caboclo" e eu ouvir "Sabão crá crá". Adianta?
É, não. Nem questionei sabão nem crá crá porque fiquei com receio dele ficar mais general ainda.
Ele corrigiu minha respiração o tempo todo. Quando voltamos ele me fez fazer abdominais. Fiquei impressionada com a exigência da pessoa. E admito que, pra eu me exercitar, só com um general mesmo.
Obedeci, segui as instruções, nem questionei o fato dele ser turismólogo, e não personal trainer. Qualquer ajuda é bem-vinda e sei que preciso mesmo dos exercícios. Além disso, sei que o tempo está ao meu lado. Sei que o melhor agora é ser fofa. Porque em breve eu darei aulas de inglês a ele. E aí, minha gente, só digo que a vingança é um prato que se come frio. MWAHAHAHAHAHAAHA!
(brincadeira, amor, te amo e você é super fitness!)
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Sumida tá a minha estrovenga
Se tem uma coisa que eu não entendo nessa vida é a mania das pessoas em transferir responsabilidade pro outro. Exemplo simples: você tem lá aquela amiga que não é próxima. Você ficam muito tempo sem se falar. Aí se encontram por acaso. Ou ela te manda um recado em alguma rede social. A frase, invariavelmente, será: "Oi Ca, sua sumida!". BRODER. MALUCO. MANÉ. Sumida tá a minha estrovenga, já que ela nunca existiu. Qualquer relacionamento tem duas vias. Se eu sumi, se você não ouviu falar sobre mim por meses, é porque VOCÊ, cara colega, TAMBÉM sumiu. Senão saberia sobre mim e vice-versa. Não venha me jogar a batata quente da ausência pra cima de moi. Não vai rolar. Eu cresci super consciente de que relacionamentos são vias de mão dupla. E posso ter escondido essa consciência toda no recôndito mais profundo de minh'alma por anos, mas eu sempre soube disso.
Eu peguei tanta birra de quem me chama de sumida que o que acontece é o chamado efeito rebote. Fala que estou sumida que aí eu sumo mesmo. Pego implicância da pessoa por muito tempo. Hoje em dia temos muitos recursos pra entrar em contato com alguém. Se nenhuma das partes entrou em contato com a outra, é porque não deu. Não rolou. Passou o tempo, sei lá. Mas ninguém entrou em contato. Não é? Porque eu, ao menos, quando quero falar com um amigo ou amiga com quem não falo há tempos, faço algo simples: ligo. Mando email. Qualquer coisa.
Ninguém tem que ficar grudado no outro e falar com todo mundo sempre. Não tem como. Mas pelo menos tenha a sensatez de não cobrar do outro algo que você não fez.
Eu peguei tanta birra de quem me chama de sumida que o que acontece é o chamado efeito rebote. Fala que estou sumida que aí eu sumo mesmo. Pego implicância da pessoa por muito tempo. Hoje em dia temos muitos recursos pra entrar em contato com alguém. Se nenhuma das partes entrou em contato com a outra, é porque não deu. Não rolou. Passou o tempo, sei lá. Mas ninguém entrou em contato. Não é? Porque eu, ao menos, quando quero falar com um amigo ou amiga com quem não falo há tempos, faço algo simples: ligo. Mando email. Qualquer coisa.
Ninguém tem que ficar grudado no outro e falar com todo mundo sempre. Não tem como. Mas pelo menos tenha a sensatez de não cobrar do outro algo que você não fez.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Dublagem de felinos
Meu marido faz a dublagem dos nossos gatos. É muito engraçado e a gente dá várias risadas com os diálogos que ele cria. Mas como meu marido fala muito e é muito engraçado, não chega a ser uma surpresa ele fazer esse tipo de coisa. Surpresa mesmo foi descobrir que a diarista dubla os gatos. Sério.
Ciça ama Malaquias e Margarida de paixão. Toda vez que ela chega em casa ela dá oi pra eles, pergunta se eles sentiram saudade, pega-os no colo e tenta abraçá-los. Ela faz isso toda segunda-feira. Malaquias, bonachão, adora o colinho. Margarida fica parecendo a namoradinha do Peppe Le Peu. Não lembra? Tô gente fina então vou refrescar sua memória desinformada:
Margarida fica igualzinha a essa gata.
Ciça tem a maior paciência com os gatos. E eu vejo: eles enchem o saco dela. Muito. E ela lá: "ô Garidinha, deixa a Ciça passar roupa" ou "Malaquias, meu amor, sai de cima da roupa passada". Até aí, tudo bem. Minha grande surpresa foi ouvir, na última segunda, Ciça fazendo diálogos com os bichanos. Ela falava:
- Garidinha, você vai correr atrás do aspirador, vai, Garidinha?
Aí ela mesmo respondia, fingindo que era a Margarida:
- Vou sim, Ciça, porque eu gosto!
Ciça é gente que faz. Passa roupas, faz faxina, cuida dos seus bichinhos e faz dublagem felina!
Ciça ama Malaquias e Margarida de paixão. Toda vez que ela chega em casa ela dá oi pra eles, pergunta se eles sentiram saudade, pega-os no colo e tenta abraçá-los. Ela faz isso toda segunda-feira. Malaquias, bonachão, adora o colinho. Margarida fica parecendo a namoradinha do Peppe Le Peu. Não lembra? Tô gente fina então vou refrescar sua memória desinformada:
Margarida fica igualzinha a essa gata.
Ciça tem a maior paciência com os gatos. E eu vejo: eles enchem o saco dela. Muito. E ela lá: "ô Garidinha, deixa a Ciça passar roupa" ou "Malaquias, meu amor, sai de cima da roupa passada". Até aí, tudo bem. Minha grande surpresa foi ouvir, na última segunda, Ciça fazendo diálogos com os bichanos. Ela falava:
- Garidinha, você vai correr atrás do aspirador, vai, Garidinha?
Aí ela mesmo respondia, fingindo que era a Margarida:
- Vou sim, Ciça, porque eu gosto!
Ciça é gente que faz. Passa roupas, faz faxina, cuida dos seus bichinhos e faz dublagem felina!
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Minhas aventuras culinárias
Ter a minha casa me fez descobrir que eu amo cozinhar para quem eu gosto. Amo mesmo. A "obrigação" de cozinhar diariamente é meio chata - por isso mesmo eu não cozinho todos os dias, e, às vezes, meu marido se arrisca com as panelas também. Agora, cozinhar em datas especiais, para a família e amigos, amo muito! Gosto de tirar fotos dos pratos, mas nem sempre dá tempo. Estou sempre muito mais preocupada em comer do que em fotografar. Mas aqui estão as fotos de algumas delícias preparadas chez nous:
Mini cheesecake com calda de mirtilo. Foi meu primeiro cheesecake, feito para o almoço de Dia das Mães. Meu irmão, que geralmente não gosta das minhas invencionices, amou! Pediu que eu fizesse uma cheesecake grande só pra ele. :) Receita daqui.
Torta de limão. É uma receita simples mas de muito sucesso. Uma vez fiz a massa com farinha de amêndoas, ficou excelente. A Rena é uma das amigas que aaaama essa torta. Ela geralmente alterna os pedidos: às vezes tem vontade de comer cinnamon rolls. Noutras vezes, essa torta de limão. Eu, que gosto de dar umas mimadinhas nos amigos, costumo atender aos pedidos da mocinha. Receita do site da Nestlé.
Rocambole de chocolate com recheio de côco. Côco sempre terá circunflexo pra mim. Chocolate com côco é uma das minhas combinações favoritas. Essa receita, tirada de uma daquelas revistinhas Ana Maria da vida, é bacana na teoria, porque o rocambole já assa com o recheio. Na prática, faz uma lambança só. E fica meio seco. Mas valeu a pena, ficou gostosinho.
Bolo de milho e côco com cobertura de goiabada. Não me lembro de onde tirei a receita. Sei que o resultado é delicioso e fez sucesso no trabalho do meu marido.
Embora não pareça, sim, eu gosto de cozinhar pratos salgados. Eu amo salgados, inclusive. Mais do que doces. Pois bem, esse aí foi invenção minha. Carne de porco com aspargos e um toque de óleo de gergelim, arroz e cogumelos refogados no shoyu. Para harmonizar, um belo copo de Sukita safra 2011.
UPDATE: a Lívia acabou de me lembrar qual é a receita do bolo de milho! É essa: http://pecadodagula.blogspot.com/2011/04/bolo-caipira-de-milho-delicioso.html. Obrigada, Lívia!
Mini cheesecake com calda de mirtilo. Foi meu primeiro cheesecake, feito para o almoço de Dia das Mães. Meu irmão, que geralmente não gosta das minhas invencionices, amou! Pediu que eu fizesse uma cheesecake grande só pra ele. :) Receita daqui.
Torta de limão. É uma receita simples mas de muito sucesso. Uma vez fiz a massa com farinha de amêndoas, ficou excelente. A Rena é uma das amigas que aaaama essa torta. Ela geralmente alterna os pedidos: às vezes tem vontade de comer cinnamon rolls. Noutras vezes, essa torta de limão. Eu, que gosto de dar umas mimadinhas nos amigos, costumo atender aos pedidos da mocinha. Receita do site da Nestlé.
Rocambole de chocolate com recheio de côco. Côco sempre terá circunflexo pra mim. Chocolate com côco é uma das minhas combinações favoritas. Essa receita, tirada de uma daquelas revistinhas Ana Maria da vida, é bacana na teoria, porque o rocambole já assa com o recheio. Na prática, faz uma lambança só. E fica meio seco. Mas valeu a pena, ficou gostosinho.
Bolo de milho e côco com cobertura de goiabada. Não me lembro de onde tirei a receita. Sei que o resultado é delicioso e fez sucesso no trabalho do meu marido.
Embora não pareça, sim, eu gosto de cozinhar pratos salgados. Eu amo salgados, inclusive. Mais do que doces. Pois bem, esse aí foi invenção minha. Carne de porco com aspargos e um toque de óleo de gergelim, arroz e cogumelos refogados no shoyu. Para harmonizar, um belo copo de Sukita safra 2011.
UPDATE: a Lívia acabou de me lembrar qual é a receita do bolo de milho! É essa: http://pecadodagula.blogspot.com/2011/04/bolo-caipira-de-milho-delicioso.html. Obrigada, Lívia!
sábado, 7 de maio de 2011
Desapego e anacronismo
Há 7 meses eu não entrava no msn. Entrei hoje, vi que tinha 400 emails não lidos - a grande maioria spams, detestei a nova aparência do messenger (detestei não, odiei. Nada funcional aquilo), vi que tinha contatos absolutamente inúteis ali e optei por deletar minha conta do Hotmail. Não tenho mais messenger. Assim como, por falta de uso, excluí minha conta de email do Terra. Agora só tenho Gmail.
Só não deleto meu orkut porque tenho depoimentos lindos lá. Declarações do meu marido quando ainda namorávamos. Não consigo deletar.
E só não deleto Twitter porque não tenho vergonha na cara. Toda semana eu decido que o melhor é deletar aquela porra, mas também toda semana eu fico sabendo de algum babadão por ali, aí acabo adiando a exclusão. Fico incrível como eu consigo perder tempo naquele troço. E olha que eu nem sou das usuárias mais assíduas.
---
Acho que a verdade é que eu sou old-school. Que é apenas uma maneira mais delicada de me chamar de anacrônica. Eu não sei usar feeds/rss - tentei usar Google Reader e me deu desespero. Aquele monte de ítens não lidos, esperando para serem zerados, eu ocupada, ai jisuis. Continuo adorando blogs, mas meus favoritos são os diarinho style, e não os temáticos. Blog diarinho é coisa de 2001. Não consigo entrar na onda de que mídias sociais são a coisa mais maravilhosa e incrível dos últimos tempos. Acho que são legais. E, nesse mundo atual, dizer que mídias sociais são apenas legais é assinar atestado de velhinha.
Só não deleto meu orkut porque tenho depoimentos lindos lá. Declarações do meu marido quando ainda namorávamos. Não consigo deletar.
E só não deleto Twitter porque não tenho vergonha na cara. Toda semana eu decido que o melhor é deletar aquela porra, mas também toda semana eu fico sabendo de algum babadão por ali, aí acabo adiando a exclusão. Fico incrível como eu consigo perder tempo naquele troço. E olha que eu nem sou das usuárias mais assíduas.
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Acho que a verdade é que eu sou old-school. Que é apenas uma maneira mais delicada de me chamar de anacrônica. Eu não sei usar feeds/rss - tentei usar Google Reader e me deu desespero. Aquele monte de ítens não lidos, esperando para serem zerados, eu ocupada, ai jisuis. Continuo adorando blogs, mas meus favoritos são os diarinho style, e não os temáticos. Blog diarinho é coisa de 2001. Não consigo entrar na onda de que mídias sociais são a coisa mais maravilhosa e incrível dos últimos tempos. Acho que são legais. E, nesse mundo atual, dizer que mídias sociais são apenas legais é assinar atestado de velhinha.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
União de quem se ama
“Aqui, o reino é da igualdade pura e simples, pois não se pode alegar que os heteroafetivos perdem se os homoafetivos ganham. E quanto à sociedade como um todo, sua estruturação é de se dar, já o dissemos, com fincas na fraternidade, no pluralismo e na proibição do preconceito, conforme os expressos dizeres do preâmbulo da nossa Constituição”. (voto do Ministro Ayres Britto)
Hoje é um dia bonito para o Brasil. Para todos os cidadãos - não só para os gays. Hoje foi a prova de que, apesar de todo o preconceito, apesar da oposição de vários deputados evangélicos, apesar da ignorância geral, é possível sim votar pelo DIREITO que as pessoas têm de viverem com quem elas bem entenderem. Se eu posso me casar com o Thiago e tenho direitos como casada, por que, até hoje, o João não tinha direitos ao se casar com José? E nem a Antônia com a Diana? Não fazia sentido. Eu não sou a mais orgulhosa das brasileiras. Eu não visto a camisa verde-amarela. Eu acho que o Brasil tem muita gente bunda. Fico pra morrer quando fico sabendo sobre violência contra quem quer que seja. Fico pra morrer e sem entender qual é o motivo de gente escrota bater em gays. Um amigo meu levou um soco numa boate outro dia. Ele estava com os amigos dele, numa boate gay, curtindo a noite. Levou um soco no olho de um maluco, por motivo algum. Aquela menina de 16 anos foi assassinada só porque namorava a filha do fazendeiro.
Pra que? Por quê?
Nunca entendi. Eu tive que aprender a me controlar pra não dar respostas grossas a alunos meus que fizeram comentários preconceituosos em aula. Um dia eu não aguentei, ouvi tanta bobagem, tanta "a pessoa ser gay, ok, mas bicha, não". Ou então "quer ser viado, que seja, mas não esfrega isso na cara das pessoas. Não tem que beijar em bar. Nem andar de mãos dadas. Como eu explico viadagem pros meus filhos?"; que eu respondi. Perdi o aluno, é claro. Que, uma aula depois da minha resposta, resolveu me humilhar durante a aula. Depois ele tentou fazer campanha contra mim na empresa. Tudo porque eu não aguentei as bobagens que ele falava.
A aprovação da união homoafetiva é um primeiro grande passo. Eu disse lá em cima que não sou a mais orgulhosa das brasileiras, mas hoje eu senti orgulho do meu país. Só hoje.
(leaim aqui um post super esclarecedor a respeito dessa aprovação: http://ladyrasta.com.br/2011/05/05/uniao-estavel-bibalandia-10-bolsonaros-zero-e-agora/)
Hoje é um dia bonito para o Brasil. Para todos os cidadãos - não só para os gays. Hoje foi a prova de que, apesar de todo o preconceito, apesar da oposição de vários deputados evangélicos, apesar da ignorância geral, é possível sim votar pelo DIREITO que as pessoas têm de viverem com quem elas bem entenderem. Se eu posso me casar com o Thiago e tenho direitos como casada, por que, até hoje, o João não tinha direitos ao se casar com José? E nem a Antônia com a Diana? Não fazia sentido. Eu não sou a mais orgulhosa das brasileiras. Eu não visto a camisa verde-amarela. Eu acho que o Brasil tem muita gente bunda. Fico pra morrer quando fico sabendo sobre violência contra quem quer que seja. Fico pra morrer e sem entender qual é o motivo de gente escrota bater em gays. Um amigo meu levou um soco numa boate outro dia. Ele estava com os amigos dele, numa boate gay, curtindo a noite. Levou um soco no olho de um maluco, por motivo algum. Aquela menina de 16 anos foi assassinada só porque namorava a filha do fazendeiro.
Pra que? Por quê?
Nunca entendi. Eu tive que aprender a me controlar pra não dar respostas grossas a alunos meus que fizeram comentários preconceituosos em aula. Um dia eu não aguentei, ouvi tanta bobagem, tanta "a pessoa ser gay, ok, mas bicha, não". Ou então "quer ser viado, que seja, mas não esfrega isso na cara das pessoas. Não tem que beijar em bar. Nem andar de mãos dadas. Como eu explico viadagem pros meus filhos?"; que eu respondi. Perdi o aluno, é claro. Que, uma aula depois da minha resposta, resolveu me humilhar durante a aula. Depois ele tentou fazer campanha contra mim na empresa. Tudo porque eu não aguentei as bobagens que ele falava.
A aprovação da união homoafetiva é um primeiro grande passo. Eu disse lá em cima que não sou a mais orgulhosa das brasileiras, mas hoje eu senti orgulho do meu país. Só hoje.
(leaim aqui um post super esclarecedor a respeito dessa aprovação: http://ladyrasta.com.br/2011/05/05/uniao-estavel-bibalandia-10-bolsonaros-zero-e-agora/)
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Cabelo, cabeleira, cabeludo, descabelada
Olha, vou dizer pra vocês: se há algo que me fascina e aterroriza ao mesmo tempo nessa vida, esse algo é cabelo. Cabelos. Sou fascinada por cabelos bem cuidados e desde a mais tenra idade sou obcecada por melhorar a aparência de minhas melenas. No entanto, tenho horror a cabelos alheios. Horror as in nojo mesmo. Claro que cabelos de amigas e familiares não entram no pacote do nojinho; acredito na limpeza e asseio das que me cercam. E claro que se eu vejo uma mulher com cabelos à la Bündchen tenho vontade de tocar só pra ver se aquilo é de verdade mesmo - porque, se for, quero saber que produtos a nêga usa. Vai que aqueles cabelos lindos são resultado de Seda Ceramidas. Perguntar não ofende...
Meu nojo é porque eu acho que as pessoas lavam pouco seus cabelos. Ou então empastam os fios de cremes e fica aquele cabelo cremoso, pingando Kolene. Não rola. Não encosto num cabelo ensebado nem por dinheiro. Jamais seria cabelereira, jamais. Fico pensando que cabelereiros têm que lavar aquelas cabelas de gente que só lava uma vez por semana, no inverno ou verão. Aí os fios ficam grudados no couro cabeludo, que, de quebra, ficam com aquele DENDÊ grudado. Arrepio-me só de pensar. Tenho pânico de transporte coletivo lotado por causa do contato capilar indiscriminado. Você está lá, sendo apertada por corpos desconhecidos, já total sem dignidade, segurando naquele ferro contaminado, aí chega uma fia do cabelo cremoso e PÁ, encosta a cabeçorra no mesmo ferro onde está sua mão. E você sente aquela umidade em seus dedos. Não tem como ser feliz.
Outra coisa que me dá nos nervos, capilarmente falando, é gente com cabelos muito ressecados. Fuázão. Estilo Vanessa da Mata. Existem máscaras hidratantes poderosas e baratíssimas no mercado. Vamos usar, pessoal! Cabelo à la Gal nos anos 80 não é bonito, não é roots, é feio. E também dá nojinho. Parece que a pessoa nunca lava, nunca cuida. Vanessa da Mata, eu já te acho chata pra dedéu, com os cabelos desse jeito, então, não dá pra gente ser amiga nem no Facebook. Lavar os cabelos não é luxo, amiguinhos. É limpeza. Anotem aí a dica.
Meu nojo é porque eu acho que as pessoas lavam pouco seus cabelos. Ou então empastam os fios de cremes e fica aquele cabelo cremoso, pingando Kolene. Não rola. Não encosto num cabelo ensebado nem por dinheiro. Jamais seria cabelereira, jamais. Fico pensando que cabelereiros têm que lavar aquelas cabelas de gente que só lava uma vez por semana, no inverno ou verão. Aí os fios ficam grudados no couro cabeludo, que, de quebra, ficam com aquele DENDÊ grudado. Arrepio-me só de pensar. Tenho pânico de transporte coletivo lotado por causa do contato capilar indiscriminado. Você está lá, sendo apertada por corpos desconhecidos, já total sem dignidade, segurando naquele ferro contaminado, aí chega uma fia do cabelo cremoso e PÁ, encosta a cabeçorra no mesmo ferro onde está sua mão. E você sente aquela umidade em seus dedos. Não tem como ser feliz.
Outra coisa que me dá nos nervos, capilarmente falando, é gente com cabelos muito ressecados. Fuázão. Estilo Vanessa da Mata. Existem máscaras hidratantes poderosas e baratíssimas no mercado. Vamos usar, pessoal! Cabelo à la Gal nos anos 80 não é bonito, não é roots, é feio. E também dá nojinho. Parece que a pessoa nunca lava, nunca cuida. Vanessa da Mata, eu já te acho chata pra dedéu, com os cabelos desse jeito, então, não dá pra gente ser amiga nem no Facebook. Lavar os cabelos não é luxo, amiguinhos. É limpeza. Anotem aí a dica.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Pertencer e ser único
Nós, seres humanos, somos todos muito contraditórios. Sempre. Começamos, desde muito cedo, a querer pertencer - e lá estamos nós, no maternal, buscando amiguinhos que também fazem castelo de areia e depois derrubam tudo imitando um furacão. Os colegas que fazem castelo de areia e não destroem nada imitando furacão não são tão legais. E aqueles que jogam um baldinho de água na bela construção fingindo que é maremoto, putz, esses aí são mesmo uns chatos.
Crescemos e continuamos querendo pertencer. Se isso não fosse verdade, adolescentes não seriam todos iguais e a pressão da turma não poderia ser responsabilizada por tantas babaquices feitas. Buscamos popularidade, nem sempre a conseguimos. Mas há sempre uma turma, por mais torta que seja, pronta pra nos receber. E aí podemos nos contentar com o prêmio de consolação de sermos populares dentro daquele pequeno grupo de pessoas estranhas. Às vezes qualquer similaridade serve. "Nossa, você bebe água depois de escovar os dentes? EU TAMBÉM!". Pronto, formou-se uma aliança. Tornamo-nos adultos e continuamos buscando semelhantes. É extremamente reconfortante estar entre pessoas parecidas - eu sei disso, vocês também sabem disso.
E nem adianta dizer que você é super diferente. Porque corta o cabelo assim ou assado. Porque usa roupa desse ou daquele tipo. O exército de rapazes com camisa xadrez, barba e atitude pseudo-cool que circula ali pela área da Paulista prova exatamente o que estou falando. E é aí que entra a grande contradição. É inerente a todos nós a busca por semelhantes. Ninguém quer ser sozinho. Ninguém quer chamar a atenção por ser o completo oposto da humanidade. Mas, ao mesmo tempo, todos queremos ser únicos. E vemos aquela galera cafona, coxinha, que trabalha em escritório e vai pra "baladinha" e grita "ah uhu, ai ai ai ai ai" e ouve alguma música do U2 e diz pra amiga, com as mãos no coração "UAU ESSA È MINHA MÚSICA". Os caras com copinho de whisky, as meninas todas de saia de cintura alta, regata e batom rosa. E putz, eu não pertenço a essa galera. Eu quero ser diferente dessa galera. Eu SOU diferente dessa galera. Eu sou única.
Aí eu saio desse lugar coxinha e vou pra "náite" da Augusta. Onde todos, supostamente, são cool. Onde o pessoal é "fashion". Eu até posso usar batom rosa, mas meu batom rosa tem atitude. Meu corte de cabelo não é um corte de cabelo, é uma escultura pós-moderna que demonstra toda a minha rebeldia e sede de ser eu mesma. Meus amigos são todos descolados. Aí vem o choque de realidade: seu batom é o mesmo que a menina coxinha do Kiaora usa. Seu corte de cabelo é bizarro, é um Chitãozinho e Xororó piorado. E seus amigos são todos uns metidos que vomitam referências mas, na verdade, são rasos. Eu sou rasa também. E basta você ir a alguma baladinha Vila Olímpia pra ver o quanto ser diferente não é tudo isso. Vão te olhar torto. Vão te chamar de exótica. E você vai querer voltar pro seu reduto, onde todos são parecidos contigo. E se uma patricinha coxa style vai lá pra Augusta, também vão olhar torto pra ela. Vão sim. Porque ela é diferente. Porque, ali, no meio dos pseudo intelectualóides que vomitam referência e sentam na calçada bebendo cerveja, a menina de batom Snob e salto mega alto é diferente. Ali, ela é a única.
E seguimos nessa eterna contradição. Buscamos namorados, namoradas, amigos, amigas, coleguinhas de baia que nos considerem únicos. Porque ao mesmo tempo em que estar cercado de iguais é reconfortante, se saber única aos olhos dos outros é especial.
Eu acho legal ser diferente. No meio da galera coxa eu sou mesmo diferente. Mas ali na baladinha rock eu sou mais uma. Essa é a verdade. Eu também quero pertencer, assim como você também quer. Perceber isso é um alívio, sabem. Porque você para de agir de maneira babaca tentando provar que você pensa diferente, age diferente, suas roupas são diferentes e putz, você frequenta os lugares mais variados e tudo bem. Eu frequento lugares variados e tenho amigos bem variados. Isso me encaixa exatamente no mesmo grupo de pessoas que pensa parecido comigo.
Essa é a realidade: buscamos ser diferentes, mas estamos sempre entre iguais.
Crescemos e continuamos querendo pertencer. Se isso não fosse verdade, adolescentes não seriam todos iguais e a pressão da turma não poderia ser responsabilizada por tantas babaquices feitas. Buscamos popularidade, nem sempre a conseguimos. Mas há sempre uma turma, por mais torta que seja, pronta pra nos receber. E aí podemos nos contentar com o prêmio de consolação de sermos populares dentro daquele pequeno grupo de pessoas estranhas. Às vezes qualquer similaridade serve. "Nossa, você bebe água depois de escovar os dentes? EU TAMBÉM!". Pronto, formou-se uma aliança. Tornamo-nos adultos e continuamos buscando semelhantes. É extremamente reconfortante estar entre pessoas parecidas - eu sei disso, vocês também sabem disso.
E nem adianta dizer que você é super diferente. Porque corta o cabelo assim ou assado. Porque usa roupa desse ou daquele tipo. O exército de rapazes com camisa xadrez, barba e atitude pseudo-cool que circula ali pela área da Paulista prova exatamente o que estou falando. E é aí que entra a grande contradição. É inerente a todos nós a busca por semelhantes. Ninguém quer ser sozinho. Ninguém quer chamar a atenção por ser o completo oposto da humanidade. Mas, ao mesmo tempo, todos queremos ser únicos. E vemos aquela galera cafona, coxinha, que trabalha em escritório e vai pra "baladinha" e grita "ah uhu, ai ai ai ai ai" e ouve alguma música do U2 e diz pra amiga, com as mãos no coração "UAU ESSA È MINHA MÚSICA". Os caras com copinho de whisky, as meninas todas de saia de cintura alta, regata e batom rosa. E putz, eu não pertenço a essa galera. Eu quero ser diferente dessa galera. Eu SOU diferente dessa galera. Eu sou única.
Aí eu saio desse lugar coxinha e vou pra "náite" da Augusta. Onde todos, supostamente, são cool. Onde o pessoal é "fashion". Eu até posso usar batom rosa, mas meu batom rosa tem atitude. Meu corte de cabelo não é um corte de cabelo, é uma escultura pós-moderna que demonstra toda a minha rebeldia e sede de ser eu mesma. Meus amigos são todos descolados. Aí vem o choque de realidade: seu batom é o mesmo que a menina coxinha do Kiaora usa. Seu corte de cabelo é bizarro, é um Chitãozinho e Xororó piorado. E seus amigos são todos uns metidos que vomitam referências mas, na verdade, são rasos. Eu sou rasa também. E basta você ir a alguma baladinha Vila Olímpia pra ver o quanto ser diferente não é tudo isso. Vão te olhar torto. Vão te chamar de exótica. E você vai querer voltar pro seu reduto, onde todos são parecidos contigo. E se uma patricinha coxa style vai lá pra Augusta, também vão olhar torto pra ela. Vão sim. Porque ela é diferente. Porque, ali, no meio dos pseudo intelectualóides que vomitam referência e sentam na calçada bebendo cerveja, a menina de batom Snob e salto mega alto é diferente. Ali, ela é a única.
E seguimos nessa eterna contradição. Buscamos namorados, namoradas, amigos, amigas, coleguinhas de baia que nos considerem únicos. Porque ao mesmo tempo em que estar cercado de iguais é reconfortante, se saber única aos olhos dos outros é especial.
Eu acho legal ser diferente. No meio da galera coxa eu sou mesmo diferente. Mas ali na baladinha rock eu sou mais uma. Essa é a verdade. Eu também quero pertencer, assim como você também quer. Perceber isso é um alívio, sabem. Porque você para de agir de maneira babaca tentando provar que você pensa diferente, age diferente, suas roupas são diferentes e putz, você frequenta os lugares mais variados e tudo bem. Eu frequento lugares variados e tenho amigos bem variados. Isso me encaixa exatamente no mesmo grupo de pessoas que pensa parecido comigo.
Essa é a realidade: buscamos ser diferentes, mas estamos sempre entre iguais.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Crise profissional anual
Passo por isso todo ano. Repenso as decisões que tomei, penso se foram as mais acertadas e sofro (todo ano!) com o tempo que perdi quando estava com uns 20 e pouquíssimo anos. Se eu pudesse dar um conselho à juventude seria "não se enganem, o tempo passa muito rápido e vocês estão perdendo tempo com bobagens". Ah, como eu perdi tempo com bobagens. Ainda perco. No entanto, gostaria de dizer que essa crise anual é inútil. Outra perda de tempo. Não é. Grandes decisões foram tomadas em momentos de crise. O problema é que, dessa vez, eu realmente não sei como resolver essa crise. Você descobre algo que gosta de fazer. Depois descobre outra coisa. Mas pra essa outra coisa você teria que tipo, voltar no tempo. Não rola.
Eu gosto do que faço atualmente. Queria ter um investidor pras coisas decolarem, mas não tenho. E, apesar de gostar do que faço, tenho dúvidas, muitas. Mas existe um mito, que talvez minha cabeça louca tenha criado, de que quem tem um micro negócio não tem dúvidas. Tem que meter as caras e seguir em frente. Tem também o lance da influência insana da minha tia na minha criação. Que eu luto super contra, mas vou dizer, tá aqui dentro. Eu brigo com ela, acho ela uma déspota. Mas a verdade é que o despotismo tá impresso em meu coração: gente produtiva de verdade não entra em crise. Não parece uma piada? Mas estou eu aqui, sofrendo há algum tempo, com muitas dúvidas. Inúmeras. E não tenho nem com quem conversar.
Como sofro nessa vida.
Eu gosto do que faço atualmente. Queria ter um investidor pras coisas decolarem, mas não tenho. E, apesar de gostar do que faço, tenho dúvidas, muitas. Mas existe um mito, que talvez minha cabeça louca tenha criado, de que quem tem um micro negócio não tem dúvidas. Tem que meter as caras e seguir em frente. Tem também o lance da influência insana da minha tia na minha criação. Que eu luto super contra, mas vou dizer, tá aqui dentro. Eu brigo com ela, acho ela uma déspota. Mas a verdade é que o despotismo tá impresso em meu coração: gente produtiva de verdade não entra em crise. Não parece uma piada? Mas estou eu aqui, sofrendo há algum tempo, com muitas dúvidas. Inúmeras. E não tenho nem com quem conversar.
Como sofro nessa vida.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Sob influência do alcool
Então, é o seguinte. Essa semana eu fiquei extremamente irritada com todo aquele lance da Arezzo. E não, não me irritei porque a Arezzo usou peles de bichinhos lindos na coleção. Sobre isso falarei logo mais. O que achei escrota foi toda a comoção das pessoas falando a respeito e achando lindo TROLLAR a Arezzo indo às lojas físicas e fazer reclamação com as vendedoras. Eu já fui vendedora de loja. Já fui sub-gerente de loja. E vou contar aqui pra vocês, em primeira mão, qual é a influência que vendedoras e gerentes têm sobre a coleção:
NENHUMA.
ÓÓÓÓ!!!! Surpresa, não? Pois é.
Achei completamente idiota o vídeo que eu vi, de uma menina que foi a uma loja, perguntou se o colete era de pele de raposa, e saiu da loja fingindo que ia vomitar. Sério. Uau, quanta atitude. A vendedora ligou NA HORA pro dono da Arezzo pra reportar essa atitude rebelde de uma transeunte. Sério, gente. Vamos parar com a ideia de que vocês podem mudar o mundo? Vamos parar para pensar antes de tomar uma atitude que todos estão tomando, só porque quem está tomando a atitude é cool ou politicamente correto? Vocês acham mesmo que as vendedoras vão comunicar às gerentes, que depois comunicarão às supervisoras, até chegar aos estilitas, que aí dirão, com lágrimas nos olhos, "nossa, como fomos idiotas, usamos peles de animais, vamos tirar tudo das prateleiras". Sério???
Eu me segurei a semana toda com essa história, mas hoje eu bebi e a verdade OPS, saiu. Não é legal usar pele de animais. Sou contra a caça. Absolutamente contra. MAS, até onde eu saiba, a Arezzo não saiu caçando bichinhos lindos na natureza. Eles não seriam tão idiotas. Eles certamente usaram peles fornecidas por fornecedores legalizados e etc. Assim como utilizam couro de vacas fornecidos legalmente. Eu jamais usaria um colete de peles, por diversos motivos - parece uma mortalha, acho cafona e não existe justificativa para uso de peles no frio de São Paulo. Aqui não faz frio o suficiente para peles, nem a pau.
Então fica aqui minha dica de quem já trabalhou na área: quer protestar, proteste. Mas faça algo efetivo. Ligue pra porra do atendimento ao cliente. Mande emails para a imprensa. Saia pelada na rua, mostrando sua periquita. É sua, mostre mesmo. Mas não vá encher os pacovás de quem está trabalhando e ganhando seu salarinho suado. Simplesmente porque 1- é ineficaz e 2- é mexer com quem está só fazendo sua parte.
E ó, se quiser me dar unfollow por causa desse post, fique à vontade. Aproveite e vá aprender a ler direito, porque em momento algum eu defendi o uso de peles de animais. Beijos.
NENHUMA.
ÓÓÓÓ!!!! Surpresa, não? Pois é.
Achei completamente idiota o vídeo que eu vi, de uma menina que foi a uma loja, perguntou se o colete era de pele de raposa, e saiu da loja fingindo que ia vomitar. Sério. Uau, quanta atitude. A vendedora ligou NA HORA pro dono da Arezzo pra reportar essa atitude rebelde de uma transeunte. Sério, gente. Vamos parar com a ideia de que vocês podem mudar o mundo? Vamos parar para pensar antes de tomar uma atitude que todos estão tomando, só porque quem está tomando a atitude é cool ou politicamente correto? Vocês acham mesmo que as vendedoras vão comunicar às gerentes, que depois comunicarão às supervisoras, até chegar aos estilitas, que aí dirão, com lágrimas nos olhos, "nossa, como fomos idiotas, usamos peles de animais, vamos tirar tudo das prateleiras". Sério???
Eu me segurei a semana toda com essa história, mas hoje eu bebi e a verdade OPS, saiu. Não é legal usar pele de animais. Sou contra a caça. Absolutamente contra. MAS, até onde eu saiba, a Arezzo não saiu caçando bichinhos lindos na natureza. Eles não seriam tão idiotas. Eles certamente usaram peles fornecidas por fornecedores legalizados e etc. Assim como utilizam couro de vacas fornecidos legalmente. Eu jamais usaria um colete de peles, por diversos motivos - parece uma mortalha, acho cafona e não existe justificativa para uso de peles no frio de São Paulo. Aqui não faz frio o suficiente para peles, nem a pau.
Então fica aqui minha dica de quem já trabalhou na área: quer protestar, proteste. Mas faça algo efetivo. Ligue pra porra do atendimento ao cliente. Mande emails para a imprensa. Saia pelada na rua, mostrando sua periquita. É sua, mostre mesmo. Mas não vá encher os pacovás de quem está trabalhando e ganhando seu salarinho suado. Simplesmente porque 1- é ineficaz e 2- é mexer com quem está só fazendo sua parte.
E ó, se quiser me dar unfollow por causa desse post, fique à vontade. Aproveite e vá aprender a ler direito, porque em momento algum eu defendi o uso de peles de animais. Beijos.
terça-feira, 19 de abril de 2011
Aluno
Meu aluno de 13 anos estava hoje me contando sobre suas aulas de piano.
- Minha professora não gosta de nada que eu gosto. Ela não gosta de Black Eyed Peas, nem de Lady Gaga. Gosta só de UMA música da Shakira!
- É mesmo? Ela é muito mais velha?
- Não, ela tem só uns 30 anos (pessoa de 13 anos que não considera 30 anos velho = raridade). Nas férias eu fiquei treinando "Speechless", da Lady Gaga, pra tocar quando voltássemos a ter aula. Sabe qual foi a reação dela quando eu toquei?
- Ela amou muito?
- Não!!!! Ela só disse "ah, legal". Eu pratiquei muito! E ganhei um "ah, legal".
- Puxa vida! Mas ela não se interessa nenhum pouco pelas músicas que você gosta?
- Ela gostou de uma música só, da Shakira. Só!
Fico pra MORRER com essas coisas. Como assim o aluno se esforçou, se interessou, praticou, aprendeu e ganha só um "ah, legal"? Que tristeza.
----
Depois:
- Passado de take é took, né?
- Sim, sim.
- Então de make é MOOK!
- Ixe, não é assim que funciona... Make, made.
- Então shake é shade?
- Não, é shook.
- AH CAMILA PARA VAI!
----
Mais tarde, na mesma aula:
- Teacher, como você era na minha idade?
- Feia, CDF e desajeitada.
- NÃO!
- É verdade!
- NÃO É POSSÍVEL! Quero fotos, você traz fotos na próxima aula?
- Trago.
- Vou desenhar aqui no meu caderno como eu acho que você era: tinha o nariz assim, e os cabelos lisinhos, e uma cara de feliz, sabe? De sorrindo?
- Cara de boba?
- Não! De sorrindo!
E o resultado dessa arte em aula foi esse aqui:
:)
- Minha professora não gosta de nada que eu gosto. Ela não gosta de Black Eyed Peas, nem de Lady Gaga. Gosta só de UMA música da Shakira!
- É mesmo? Ela é muito mais velha?
- Não, ela tem só uns 30 anos (pessoa de 13 anos que não considera 30 anos velho = raridade). Nas férias eu fiquei treinando "Speechless", da Lady Gaga, pra tocar quando voltássemos a ter aula. Sabe qual foi a reação dela quando eu toquei?
- Ela amou muito?
- Não!!!! Ela só disse "ah, legal". Eu pratiquei muito! E ganhei um "ah, legal".
- Puxa vida! Mas ela não se interessa nenhum pouco pelas músicas que você gosta?
- Ela gostou de uma música só, da Shakira. Só!
Fico pra MORRER com essas coisas. Como assim o aluno se esforçou, se interessou, praticou, aprendeu e ganha só um "ah, legal"? Que tristeza.
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Depois:
- Passado de take é took, né?
- Sim, sim.
- Então de make é MOOK!
- Ixe, não é assim que funciona... Make, made.
- Então shake é shade?
- Não, é shook.
- AH CAMILA PARA VAI!
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Mais tarde, na mesma aula:
- Teacher, como você era na minha idade?
- Feia, CDF e desajeitada.
- NÃO!
- É verdade!
- NÃO É POSSÍVEL! Quero fotos, você traz fotos na próxima aula?
- Trago.
- Vou desenhar aqui no meu caderno como eu acho que você era: tinha o nariz assim, e os cabelos lisinhos, e uma cara de feliz, sabe? De sorrindo?
- Cara de boba?
- Não! De sorrindo!
E o resultado dessa arte em aula foi esse aqui:
:)
domingo, 17 de abril de 2011
Professor
Durante todo o curso do CELTA eu fiquei apaixonada por um dos meus professores. "Apaixonada" com muitas aspas, ele é gay e eu sou mulé comprometida. "Apaixonada" de admirá-lo, porque ele é um profissional incrível, que sabe MUITO, era meu professor mais casca grossa, mais exigente e mais respondão. Como tudo isso pra mim são grandes qualidades, ficava lá, babando nas aulas dele. Nerd é assim mesmo, não tem jeito. Sempre falava pro meu marido que queria ser amiga dele. No último dia de curso eu criei coragem, cheguei pra ele e disse:
- Professor, eu te acho tão legal, você quer ser meu amigo?
Foi isso, eu pedi meu professor em amizade. E, embora ele tenha me olhado com cara de "que louca", respondeu de maneira super fofa e aceitou meu pedido. Quando os resultados do curso saíram, eu fiquei muito revoltada. Pessoas que ao meu ver não mereciam passar, passaram. Uma mulher que estava no meu grupo e foi extremamente folgada e ligeiramente desonesta passou. Ela abusou de mim e dos meus amigos de grupo. E, digo de novo: nerd é assim mesmo. Eu nem devia ligar, mas ligo. Fiquei com aquilo entalado na garganta. Sei que é caxias demais achar que só quem merece deve passar, o mundo não é assim e coisa e tal. Tive que refletir muito pra aceitar que eu não tenho como mudar a pessoa que não gosta de estudar. E pra concluir que, no final, a prejudicada será sempre ela, que nunca vai conseguir se garantir como profissional.
Ontem eu chamei meu professor (ele não me dá mais aulas mas será sempre meu professor) pra sair comigo e com uma das meninas do curso. Uma menina muito legal, que meio que me pediu em amizade - não do mesmo jeito cara-de-pau que eu pedi o professor, mas no último dia de curso ela falou "eu vou tanto com a sua cara, tenho certeza que vamos nos encontrar muito ainda". E eu achei fofo, porque também vou com a cara dela. Pois bem, ontem marquei de sair com ela e disse que ia chamar o professor - ela também adora ele. Pra nossa surpresa e alegria, ele foi.
E no meio do monte de bobagens que conversamos, no meio de todas as polêmicas faladas, não aguentei e perguntei a ele que merda foi aquela da tal mulher ter passado - estávamos num momento de descontração, achei que a pergunta não ofenderia. Não ofendeu. Ele disse que já sabia que eu estava incomodada com isso. E me explicou algumas coisinhas. E, nisso, eu percebi que um dos motivos d'eu gostar tanto dele é o fato de nenhum de nós conseguir segurar muito o que pensa. Incomodou, falou. É bom conhecer pessoas diferentes na vida. Eu adoro, acho saudável não viver numa bolha cercada de iguais. Mas também é bom ter ao seu redor pessoas que pensam parecido. Eu passei meses achando que era uma nerd muito chata que se preocupava com a nota alheia (não é essa a história do meu incômodo, mas deixarei assim). No fim, tive a certeza de que meu professor, que eu admiro tanto, se incomodaria tanto quanto eu. E isso, querendo ou não, é reconfortante.
Também é reconfortante saber que seu professor dança com você até o chão numa boa, mas isso é história pra outro dia. :)
- Professor, eu te acho tão legal, você quer ser meu amigo?
Foi isso, eu pedi meu professor em amizade. E, embora ele tenha me olhado com cara de "que louca", respondeu de maneira super fofa e aceitou meu pedido. Quando os resultados do curso saíram, eu fiquei muito revoltada. Pessoas que ao meu ver não mereciam passar, passaram. Uma mulher que estava no meu grupo e foi extremamente folgada e ligeiramente desonesta passou. Ela abusou de mim e dos meus amigos de grupo. E, digo de novo: nerd é assim mesmo. Eu nem devia ligar, mas ligo. Fiquei com aquilo entalado na garganta. Sei que é caxias demais achar que só quem merece deve passar, o mundo não é assim e coisa e tal. Tive que refletir muito pra aceitar que eu não tenho como mudar a pessoa que não gosta de estudar. E pra concluir que, no final, a prejudicada será sempre ela, que nunca vai conseguir se garantir como profissional.
Ontem eu chamei meu professor (ele não me dá mais aulas mas será sempre meu professor) pra sair comigo e com uma das meninas do curso. Uma menina muito legal, que meio que me pediu em amizade - não do mesmo jeito cara-de-pau que eu pedi o professor, mas no último dia de curso ela falou "eu vou tanto com a sua cara, tenho certeza que vamos nos encontrar muito ainda". E eu achei fofo, porque também vou com a cara dela. Pois bem, ontem marquei de sair com ela e disse que ia chamar o professor - ela também adora ele. Pra nossa surpresa e alegria, ele foi.
E no meio do monte de bobagens que conversamos, no meio de todas as polêmicas faladas, não aguentei e perguntei a ele que merda foi aquela da tal mulher ter passado - estávamos num momento de descontração, achei que a pergunta não ofenderia. Não ofendeu. Ele disse que já sabia que eu estava incomodada com isso. E me explicou algumas coisinhas. E, nisso, eu percebi que um dos motivos d'eu gostar tanto dele é o fato de nenhum de nós conseguir segurar muito o que pensa. Incomodou, falou. É bom conhecer pessoas diferentes na vida. Eu adoro, acho saudável não viver numa bolha cercada de iguais. Mas também é bom ter ao seu redor pessoas que pensam parecido. Eu passei meses achando que era uma nerd muito chata que se preocupava com a nota alheia (não é essa a história do meu incômodo, mas deixarei assim). No fim, tive a certeza de que meu professor, que eu admiro tanto, se incomodaria tanto quanto eu. E isso, querendo ou não, é reconfortante.
Também é reconfortante saber que seu professor dança com você até o chão numa boa, mas isso é história pra outro dia. :)
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Arrumando e organizando e seguindo a canção - parte 2
Bem, eu consegui terminar o mais pesado da organização. Não há mais livros no chão, nem caixas, nem coisas espalhadas. Estou exausta, mas acho que fui tão eficiente que nem vou reclamar do cansaço. Sim, sim, eficiente e nada modesta - mas há coisas que precisamos reconhecer em nós mesmas. :)
Eu ia fazer montagens de "antes e depois", mas vocês têm as fotos no post anterior pra comparação.
Meu dia foi infernal, com montadores o dia todo fazendo barulho, muito muito muito pó, muita bagunça, papelões pela casa toda, caos. Claro que valeu a pena. Mas Margarida e Malaquias ficaram o dia alucinados querendo fazer amizade com os moços que estavam aqui trabalhando. Eles seguiam os rapazes, entravam na caixa de ferramentas, corriam espalhando pó e papelões pelo apartamento. Margarida fugiu pela janela da sala umas três vezes. Quando eu estava começando a organização, balde d'água com Veja no chão, vassoura, rodo, pano de pó, aspirador - Margarida e Malaquias começaram a correr mais ainda. Loucos, alucinados e crianças. Dei broncas, Malaquias ficou bonzinho. Margarida foi e derrubou meu balde no chão, alagando o escritório todo. Não tive dúvidas: coloquei de castigo.
E AI DE QUEM achar que ela é coitadinha, viu. Ela é uma mimada, isso sim.
ps: esqueci de dizer que Margaridinha ficou presa só enquanto eu faxinava. Ela agora está livre correndo de novo.
Eu ia fazer montagens de "antes e depois", mas vocês têm as fotos no post anterior pra comparação.
Meu dia foi infernal, com montadores o dia todo fazendo barulho, muito muito muito pó, muita bagunça, papelões pela casa toda, caos. Claro que valeu a pena. Mas Margarida e Malaquias ficaram o dia alucinados querendo fazer amizade com os moços que estavam aqui trabalhando. Eles seguiam os rapazes, entravam na caixa de ferramentas, corriam espalhando pó e papelões pelo apartamento. Margarida fugiu pela janela da sala umas três vezes. Quando eu estava começando a organização, balde d'água com Veja no chão, vassoura, rodo, pano de pó, aspirador - Margarida e Malaquias começaram a correr mais ainda. Loucos, alucinados e crianças. Dei broncas, Malaquias ficou bonzinho. Margarida foi e derrubou meu balde no chão, alagando o escritório todo. Não tive dúvidas: coloquei de castigo.
E AI DE QUEM achar que ela é coitadinha, viu. Ela é uma mimada, isso sim.
ps: esqueci de dizer que Margaridinha ficou presa só enquanto eu faxinava. Ela agora está livre correndo de novo.
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Arrumando e organizando e seguindo a canção - parte 1
Essas imagens retratam o atual estado de zona do meu escritório:
Pobre é assim: muda de casa e vai arrumando e mobiliando aos poucos (e prometo que, após um título e um início de parágrafo com gerúndio, não vou estar estando mais usando essa maravilha). Quando nos mudamos para cá, o apartamento já tinha alguns armários na cozinha, geladeira, fogão e máquina de lavar. Muita economia inicial. Tivemos que comprar todo o resto e, é claro, o dinheiro não foi suficiente para tudo. E meu escritório acabou ficando pra depois. O problema é que eu trabalho em casa, quando não estou fora dando aulas. Tenho muitos livros, muitos materiais de aula, arquivos de clientes, enfim - muita coisa. Tudo estava acumulado, jogado, largado. E eu detesto, de-tes-to, DE TES TO bagunça. Me dá nos nervos. Cheguei a um ponto de não conseguir trabalhar direito de tanto incômodo que a bagunça me dava.
Fiz um freela de tradução e ganhei um dinheiro extra. Peguei o dinheiro, fui à Leroy Merlin e ao Peg Faça e torrei tudo em coisas para começar a terminar de organizar e decorar meu apartamento. Por sinal, essa coisa de decorar é minha nova obsessão. Estou enlouquecendo meu marido - cada coisa que vejo em blogs ou revistas baratinhas de decoração, eu decido que quero fazer. Está quase tudo esquematizado em minha mente, agora só me falta um segundo freela pra terminar de comprar tudo de vez. Teremos parede cereja, parede com tinta de giz, móbile de cartões postais, parede com stencil e parede inteira coberta por mapas. Vai ficar uma lindeza!
Por enquanto, consegui prateleiras, estante para livros e armarinho para tranqueiras. Os montadores estão aqui nesse exato momento para montar tudo e zonear minha casa. Precisei até cancelar aulas por causa disso, mas estou tão, tão feliz por esse começo de arrumação que, se for preciso, reponho aula num domingo.
Desde a adolescência eu penso em ter a minha casa. Por enquanto ainda busco soluções baratas e estilosas, nada da casa dos meus sonhos. Por enquanto... :)
Conforme eu arrumar tudo, posto fotos aqui.
Pobre é assim: muda de casa e vai arrumando e mobiliando aos poucos (e prometo que, após um título e um início de parágrafo com gerúndio, não vou estar estando mais usando essa maravilha). Quando nos mudamos para cá, o apartamento já tinha alguns armários na cozinha, geladeira, fogão e máquina de lavar. Muita economia inicial. Tivemos que comprar todo o resto e, é claro, o dinheiro não foi suficiente para tudo. E meu escritório acabou ficando pra depois. O problema é que eu trabalho em casa, quando não estou fora dando aulas. Tenho muitos livros, muitos materiais de aula, arquivos de clientes, enfim - muita coisa. Tudo estava acumulado, jogado, largado. E eu detesto, de-tes-to, DE TES TO bagunça. Me dá nos nervos. Cheguei a um ponto de não conseguir trabalhar direito de tanto incômodo que a bagunça me dava.
Fiz um freela de tradução e ganhei um dinheiro extra. Peguei o dinheiro, fui à Leroy Merlin e ao Peg Faça e torrei tudo em coisas para começar a terminar de organizar e decorar meu apartamento. Por sinal, essa coisa de decorar é minha nova obsessão. Estou enlouquecendo meu marido - cada coisa que vejo em blogs ou revistas baratinhas de decoração, eu decido que quero fazer. Está quase tudo esquematizado em minha mente, agora só me falta um segundo freela pra terminar de comprar tudo de vez. Teremos parede cereja, parede com tinta de giz, móbile de cartões postais, parede com stencil e parede inteira coberta por mapas. Vai ficar uma lindeza!
Por enquanto, consegui prateleiras, estante para livros e armarinho para tranqueiras. Os montadores estão aqui nesse exato momento para montar tudo e zonear minha casa. Precisei até cancelar aulas por causa disso, mas estou tão, tão feliz por esse começo de arrumação que, se for preciso, reponho aula num domingo.
Desde a adolescência eu penso em ter a minha casa. Por enquanto ainda busco soluções baratas e estilosas, nada da casa dos meus sonhos. Por enquanto... :)
Conforme eu arrumar tudo, posto fotos aqui.
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segunda-feira, 11 de abril de 2011
Bolo e café - e um fim de tarde delícia
No final da tarde de ontem choveu muito aqui em São Paulo. Eu estava há horas ininterruptas lendo um livro ("Cheio da Charme", da Marian Keyes, caso estejam curiosos. Recomendo a leitura, mas, embora seja do gênero chick lit e coisa e tal, não é um livro leve. Longe disso, aliás) e precisava esticar o corpo e dar uma pausa na leitura. Meu corpo já estava doendo de tanto ficar sentada. Meu marido estava trabalhando na interminável monografia. Decidi, então, bater um bolinho. De banana, pra usar as bananas que eu tinha em casa.
Eu amo bolos simples. Daqueles de comer no lanche da tarde, sabem? Amo. Adoro bolos complicados, não tenho problemas com cupcakes (embora deteste o hype), adoro muitas coisas diferentes culinariamente falando e não tenho preconceitos, também culinariamente falando. A não ser que vocês queiram que eu coma ovo podre ou queijo com larvas. Aí não dá. Mas, no geral, gosto de muita coisa. E acho que, hoje em dia, existe toda uma glamourização de coisas que deviam ser simples. Bolo de vó é e sempre será bolo de vó. Bolo de lanche é e sempre será bolo de lanche. Sem viadagens. Sem milhares de coberturas e recheios. Tem coisa mais gostosa que ir pra cozinha numa tarde chuvosa, bater um bolinho rápido e simples e depois tomar com café? Ok, sim, há coisas melhores. Mas, dentro das possibilidades de um domingo chuvoso, um bolinho simples recém saído do forno, um cafezinho recém passado, são coisas deliciosas da vida.
Minha mãe e minha tia se reuniam pra tomar café, no final da tarde, quando eu era adolescente. Era quase um ritual. Fazia-se bolo ou bolinhos de chuva. Minha mãe ficava horas fritando bolinhos pra todos comerem. Às vezes eu fazia pãezinhos de minuto, daqueles que saem do forno gritando por um pouco de manteiga. Minha mãe e minha tia ficavam conversando. Às vezes havia outras mulheres junto. Eram horas de conversa, várias garrafas de café, eu lá, tentando participar dos assuntos que não me diziam respeito. Café, bolo, bolinhos de chuva ficaram grudados em minha memória como "coisas gostosas pra se fazer com as amigas".
Nunca pensei que esse hábito era coisa de gente mais velha. Dificilmente minhas amigas virão do nada aqui em casa prum café com bolo e horas de prosa. Isso é coisa de interior, né? Mas nossa, eu amo isso. Podem me chamar de velhinha. Não ligo. Mas eu acho que existe tanta coisa boa envolvida num simples bolinho recém assado, uma xícara de café e dois dedos de prosa que não consigo mesmo entender como esse hábito não é mais disseminado aqui nessa cidade. Bolo de vó é sinônimo de casa com amor. Dedos de prosa, com um cafezinho fresco, são sinônimo de cumplicidade. Amizade.
Por isso, eu digo: façam mais bolinhos de vó. Tomem mais café com as amigas. Ou com o marido, esposa, namorado, namorada. Tenham dois dedinhos de prosa sentadas na cozinha mesmo, enquanto o bolo assa. Coisas simples assim deixam o coração tão quentinho e a vida mais gostosa. :)
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segunda-feira, 4 de abril de 2011
1000 fios
Eu achava que essa coisa de lençol com muitos fios fosse frescura. Aí me casei e troquei as lixas de percal da minha cama de solteira por lençóis de algodão de mais de 100 fios. Alguns têm 150, outros 180 - depende do que estava em promoção na Pernambucanas e do que consegui colocar na minha lista de casamento. Um dia eu brinquei com uma amiga dizendo que queria ser fina e dormir apenas em lençóis de 1000 fios. Eu, combalida financeiramente, nem sabia que tal artefato existia.
Pois existe!
Minha amiga foi pros U S and A e mandou, de presente de casamento, um conjunto de lençóis de 1000 fios. Começamos a usá-los no sábado e... Me manda mais lençóis assim, Carol! Vocês não imaginam a dificuldade que é sair da cama e abandonar os 1000 fios. Eles são tão macios. Tão lisinhos. Parecem uma seda, mas não é uma seda, é um algodão mais grosso, gostoso, macio, lisinho. Ops, já usei macio e lisinho. É que os 1000 fios emocionam a ponto de você perder a coesão textual. E os 1000 fios são lindos, gente. Eles sentem saudade. Eles choram quando você sai da cama. Ouço o chorinho de cada um deles quando eu me levanto da cama. É por isso que, nesses dias de tantos fios, eu acabo sempre ficando a mais na cama. Não posso magoar essas crianças que me proporcionam um sono tão maravilhoso. Um sono em que dá vontade de se enrolar no lençol feito milanesa e ficar assim por muito tempo.
São 19:30 e já ouço o chamado dos 1000 fios. Hoje terei que deitar mais cedo. Não aguento ouvir choro de criancinhas carentes.
Pois existe!
Minha amiga foi pros U S and A e mandou, de presente de casamento, um conjunto de lençóis de 1000 fios. Começamos a usá-los no sábado e... Me manda mais lençóis assim, Carol! Vocês não imaginam a dificuldade que é sair da cama e abandonar os 1000 fios. Eles são tão macios. Tão lisinhos. Parecem uma seda, mas não é uma seda, é um algodão mais grosso, gostoso, macio, lisinho. Ops, já usei macio e lisinho. É que os 1000 fios emocionam a ponto de você perder a coesão textual. E os 1000 fios são lindos, gente. Eles sentem saudade. Eles choram quando você sai da cama. Ouço o chorinho de cada um deles quando eu me levanto da cama. É por isso que, nesses dias de tantos fios, eu acabo sempre ficando a mais na cama. Não posso magoar essas crianças que me proporcionam um sono tão maravilhoso. Um sono em que dá vontade de se enrolar no lençol feito milanesa e ficar assim por muito tempo.
São 19:30 e já ouço o chamado dos 1000 fios. Hoje terei que deitar mais cedo. Não aguento ouvir choro de criancinhas carentes.
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quinta-feira, 31 de março de 2011
Como identificar TPM em apenas um passo
Não, não é pela cólica chata que você identifica em um passo. Identificar pela cólica é coisa de amadora. As TPM-pro identificam assim: se você levar um não e começar a sentir vontade de chorar, acredite é TPM. Simples, simples.
Não pude ir à aula de jazz hoje por causa de cólica e da rinite, que nunca mais me abandonou. Não posso tomar anti-alérgico pois farei teste alérgico na semana que vem. Sabendo disso, Dona Rinite veio com tudo. Atacou olhos, garganta, ouvido, nariz. Tá delícia, tá gostoso. Liguei na escola de dança pra avisar sobre minha ausência, pois, até onde eu sabia, avisando sobre a ausência eu posso fazer reposição. E eu quero reposição. Eu amo minhas aulas de jazz. Eu detesto quando tenho que faltar.
Pois bem. Fui informada de que ou eu levo atestado ou eu aviso com umas 6 horas de antecedência. Não tenho atestado. Onde já se viu ir ao hospital por causa de rinite? E não avisei antes porque antes eu não estava mal, oras!
Levei um não. Não posso repor. Enquanto o moço ao telefone tentava justificar seu ato cruel, meus olhos começaram a encher de lágrimas. Desliguei o telefone chorando. Não choraaando buaaaaaaaaaaa socorroooo minha vidaaaa. Não, só chorando mesmo. Porque eu não quero perder a aula.
Estranhei essa minha reação. E, um segundo depois, a explicação: é TPM.
E acho que é má-vontadezinha da escola. Porque olha, se é aula particular, eu entendo. Repor é ter que disponibilizar professor só pra isso. Fossem minhas aulas de jazz particulares, não teria, jamais, pedido pra repor. Mas, nesse caso, o professor está lá, dando aulas todos os dias. Pra ele pouco importa se há 20 ou 21 alunas na sala. Ele até gosta quando tem mais gente. Então é má vontadezinha da escola e ponto final.
Não pude ir à aula de jazz hoje por causa de cólica e da rinite, que nunca mais me abandonou. Não posso tomar anti-alérgico pois farei teste alérgico na semana que vem. Sabendo disso, Dona Rinite veio com tudo. Atacou olhos, garganta, ouvido, nariz. Tá delícia, tá gostoso. Liguei na escola de dança pra avisar sobre minha ausência, pois, até onde eu sabia, avisando sobre a ausência eu posso fazer reposição. E eu quero reposição. Eu amo minhas aulas de jazz. Eu detesto quando tenho que faltar.
Pois bem. Fui informada de que ou eu levo atestado ou eu aviso com umas 6 horas de antecedência. Não tenho atestado. Onde já se viu ir ao hospital por causa de rinite? E não avisei antes porque antes eu não estava mal, oras!
Levei um não. Não posso repor. Enquanto o moço ao telefone tentava justificar seu ato cruel, meus olhos começaram a encher de lágrimas. Desliguei o telefone chorando. Não choraaando buaaaaaaaaaaa socorroooo minha vidaaaa. Não, só chorando mesmo. Porque eu não quero perder a aula.
Estranhei essa minha reação. E, um segundo depois, a explicação: é TPM.
E acho que é má-vontadezinha da escola. Porque olha, se é aula particular, eu entendo. Repor é ter que disponibilizar professor só pra isso. Fossem minhas aulas de jazz particulares, não teria, jamais, pedido pra repor. Mas, nesse caso, o professor está lá, dando aulas todos os dias. Pra ele pouco importa se há 20 ou 21 alunas na sala. Ele até gosta quando tem mais gente. Então é má vontadezinha da escola e ponto final.
quarta-feira, 30 de março de 2011
É grave, Doutor?
- Oi, o que a traz aqui?
- Ai, doutor, estou com um problema sério. E esse problema tem me atrapalhado muito.
- Vamos lá, quais são os sintomas? Está sentindo dores? Onde?
- Doutor, eu nunca consigo começar uma tarefa logo. Eu sempre termino, mas nunca começo com antecedência. Eu enrolo o máximo que eu puder, até o prazo estar quase me sufocando. Aí já viu: noites trabalhando, acúmulo de trabalho, sensação de não estar fazendo nada direito. É grave, Doutor?
- Bem. Ao que me parece, você sofre de Procrastinite Crônica. É um problema bem comum atualmente e se manifesta com mais força na época de monografias, TCCs e entrega de trabalhos de tradução.
- Na mosca, Doutor! Eu decidi vir aqui porque na semana passada me vi procrastinando ao máximo uma versão que tinha que entregar. Tem cura?
- Não. Há maneiras de controlar essa doença. Vou te passar um remédio e você, provavelmente, terá que tomá-lo o resto da vida, que é pra evitar que a Procrastinite volte. O remédio é Nonprocrastinom. Um comprimido, uma vez ao dia. Você já sentirá os efeitos no segundo dia.
- Maravilha! Não sabia que já existia remédio pra isso!
- Ah, depois do Viagra nada mais me surpreende. Você ficaria chocada com os remédios que existem hoje em dia...
- É mesmo? E já tem algum pra ajudar a ter disciplina? Disciplinax, algo assim?
- A Medicina é avançada, minha filha, mas não opera milagres. Pra disciplina eu recomendo vergonha na cara mesmo.
- Hehehe. Obrigada Doutor, até mais.
Sonho com o dia em que o Nonprocrastinom existirá de verdade.
- Ai, doutor, estou com um problema sério. E esse problema tem me atrapalhado muito.
- Vamos lá, quais são os sintomas? Está sentindo dores? Onde?
- Doutor, eu nunca consigo começar uma tarefa logo. Eu sempre termino, mas nunca começo com antecedência. Eu enrolo o máximo que eu puder, até o prazo estar quase me sufocando. Aí já viu: noites trabalhando, acúmulo de trabalho, sensação de não estar fazendo nada direito. É grave, Doutor?
- Bem. Ao que me parece, você sofre de Procrastinite Crônica. É um problema bem comum atualmente e se manifesta com mais força na época de monografias, TCCs e entrega de trabalhos de tradução.
- Na mosca, Doutor! Eu decidi vir aqui porque na semana passada me vi procrastinando ao máximo uma versão que tinha que entregar. Tem cura?
- Não. Há maneiras de controlar essa doença. Vou te passar um remédio e você, provavelmente, terá que tomá-lo o resto da vida, que é pra evitar que a Procrastinite volte. O remédio é Nonprocrastinom. Um comprimido, uma vez ao dia. Você já sentirá os efeitos no segundo dia.
- Maravilha! Não sabia que já existia remédio pra isso!
- Ah, depois do Viagra nada mais me surpreende. Você ficaria chocada com os remédios que existem hoje em dia...
- É mesmo? E já tem algum pra ajudar a ter disciplina? Disciplinax, algo assim?
- A Medicina é avançada, minha filha, mas não opera milagres. Pra disciplina eu recomendo vergonha na cara mesmo.
- Hehehe. Obrigada Doutor, até mais.
Sonho com o dia em que o Nonprocrastinom existirá de verdade.
domingo, 27 de março de 2011
Never let me go
"I come here and imagine that this is the spot where everything I've lost since my childhood is washed out. I tell myself, if that were true, and I waited long enough then a tiny figure would appear on the horizon across the field and gradually get larger until I'd see it was Tommy. He'd wave. And maybe call. I don't know if the fantasy go beyond that, I can't let it. I remind myself I was lucky to have had any time with him at all. What I'm not sure about, is if our lives have been so different from the lives of the people we save. We all complete. Maybe none of us really understand what we've lived through, or feel we've had enough time."
Tenho esse livro desde o ano passado, nunca consegui engrenar na leitura. Nunca entendi o motivo. Hoje entendi: foi obra de meu anjo da guarda, me impedindo de me debulhar em lágrimas e desidratar. Porque se com o filme eu chorei quase de soluçar, com o livro eu nem sei o que aconteceria. Ou melhor, acontecerá. Porque, certamente, eu lerei "Never let me go" assim que acabar "Precisamos falar sobre o Kevin".
Imaginem a dor de amar alguém e saber sem sombra de dúvidas de que esse amor terá que acabar. Será cortado, interrompido. Mas será que amar não é isso mesmo? Não chega uma hora em que, invariavelmente, ele será interrompido?
E Kathy tem razão. O tempo nunca é suficiente.
Assistam.
terça-feira, 22 de março de 2011
Legendaddy
CONTÉM UM SPOILR SOBRE HOW I MET YOUR MOTHER. Se você é fã do programa e não está acompanhando a sexta temporada, continue lendo por sua conta e risco.
Eu amo o seriado "How I Met Your Mother". E, diferentemente de Friends, onde eu passava por fases de ter uma personagem favorita - Chandler, Ross, para ficar com Joey como o meu mais querido de todos - eu não consigo ter um preferido em HIMYM (essa grafia é só para os íntimos). Mas, confesso, que Barney Stinson chega bem perto de ser meu Joey. Amo os bordões dele, o jeito womanizer, o esforço que ele faz para esconder que tem um coração - ainda que ele falhe nesse quesito. O Barney passa muitas temporadas tentando descobrir quem é o pai dele. Obviamente ele cria muitas histórias sem pé nem cabeça e muitas expectativas também. Barney começa a ter pistas sobre seu pai muito tarde, com quase 30 anos. Acho que já ficou claro porque Barney tem um lugar um pouquinho maior no meu coração.
Quando ele finalmente conhece o pai, a decepção. Ele não era nada daquilo que ele esperava, é claro. E o confrontou. E quis saber por que ele não quis ser pai dele, sendo que, agora, o pai dele é um pai de família. Se o cara queria só ser pai de família, por que não quis ser pai da família do Barney?
E eu chorei vendo isso, obviamente. Acho que o que mais me incomoda, ainda, é não ter tido a chance de nenhum confronto. Tantos anos, tantas dúvidas, tanto rancor - e a mim não foi dada a chance nem de confrontar, de perguntar, de xingar. Eu guardo raivas desnecessárias dessa história toda e acho que, parte delas, é porque eu não pude perguntar nada diretamente a ele. Ele havia morrido. E aí, por mais maluco que isso seja, às vezes eu me pego pensando no que eu diria. Na conversa que eu teria. Nos palavrões que eu proferiria. Pra mim, só teria sentido falar tudo isso pra ele. Mesmo que ele, aquele pudim de cachaça insuportável, não conseguisse ligar um neurônio a outro pra entender o que eu dissesse. Eu não quero ter raiva da ex-esposa. Nem guardar rancor dos meus irmãos. A única coisa que eu queria, de verdade, era o confronto.
Mas isso fica só pros meus momentos de loucura mesmo.
Eu amo o seriado "How I Met Your Mother". E, diferentemente de Friends, onde eu passava por fases de ter uma personagem favorita - Chandler, Ross, para ficar com Joey como o meu mais querido de todos - eu não consigo ter um preferido em HIMYM (essa grafia é só para os íntimos). Mas, confesso, que Barney Stinson chega bem perto de ser meu Joey. Amo os bordões dele, o jeito womanizer, o esforço que ele faz para esconder que tem um coração - ainda que ele falhe nesse quesito. O Barney passa muitas temporadas tentando descobrir quem é o pai dele. Obviamente ele cria muitas histórias sem pé nem cabeça e muitas expectativas também. Barney começa a ter pistas sobre seu pai muito tarde, com quase 30 anos. Acho que já ficou claro porque Barney tem um lugar um pouquinho maior no meu coração.
Quando ele finalmente conhece o pai, a decepção. Ele não era nada daquilo que ele esperava, é claro. E o confrontou. E quis saber por que ele não quis ser pai dele, sendo que, agora, o pai dele é um pai de família. Se o cara queria só ser pai de família, por que não quis ser pai da família do Barney?
E eu chorei vendo isso, obviamente. Acho que o que mais me incomoda, ainda, é não ter tido a chance de nenhum confronto. Tantos anos, tantas dúvidas, tanto rancor - e a mim não foi dada a chance nem de confrontar, de perguntar, de xingar. Eu guardo raivas desnecessárias dessa história toda e acho que, parte delas, é porque eu não pude perguntar nada diretamente a ele. Ele havia morrido. E aí, por mais maluco que isso seja, às vezes eu me pego pensando no que eu diria. Na conversa que eu teria. Nos palavrões que eu proferiria. Pra mim, só teria sentido falar tudo isso pra ele. Mesmo que ele, aquele pudim de cachaça insuportável, não conseguisse ligar um neurônio a outro pra entender o que eu dissesse. Eu não quero ter raiva da ex-esposa. Nem guardar rancor dos meus irmãos. A única coisa que eu queria, de verdade, era o confronto.
Mas isso fica só pros meus momentos de loucura mesmo.
domingo, 20 de março de 2011
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